11.4.09

" (...) entre os jornalistas só há gente séria e sem interesses de qualquer espécie (...)"

Fernanda Câncio, A infalibilidade jornalística (DN, 10/4): « E, por acreditar no poder e na nobreza do jornalismo, acredito na necessidade da sua regulação. Não me parece desejável que ninguém guarde estes guardas - em que me incluo. Não me parece saudável que se assuma que ninguém pode criticar os jornalistas e o jornalismo sem ser acusado de tentativa de censura, silenciamento ou perseguição. Não me parece - não é decerto - saudável o corporativismo virulento que acolhe certas críticas públicas de jornalistas ao jornalismo, um corporativismo que reproduz os corporativismos que os jornalistas passam a vida a criticar nas outras profissões e que, como todos os corporativismos, protege e consagra a mediocridade e a falta de rigor, execrando como traidores os que o repudiam.

«O corporativismo que reclama a auto-regulação para nada regular, o corporativismo que clamou contra os novos poderes fiscalizadores da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (constituída por uma assembleia de jornalistas eleitos por jornalistas e presidida por um juiz) para nunca mais se lembrar da sua existência - talvez porque a Comissão nada fez até agora que se pareça com uma actividade fiscalizadora efectiva. Decerto porque não há casos de óbvia violação dos deveres de jornalistas a ocorrer à vista de toda a gente - decerto porque, ao contrário do resto da sociedade onde não cessam de encontrar motivos de escândalo e suspeitas de malfeitorias, entre os jornalistas só há gente séria e sem interesses de qualquer espécie. É isso,os jornalistas são, e todos, infalíveis. E aquilo que publicam, tudo, é só verdade. Tal qual.»

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28.3.09

O novo "Index"

Jornalismo, Que Liberdade ? (os indexes) (Escrita em dia, 10/3): «A dependência económica dos jornalistas não se resume, apenas, a uma normal relação de trabalho com a empresa onde exercem a profissão. Hoje, os jornalistas confrontam-se cada vez mais com situações de grande precariedade que são quase impossíveis de ultrapassar e que constrangem em absoluto a sua liberdade de expressão.»

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7.11.08

O perfil dos jornalistas e a claustrofobia reinante

Como por diversas vezes aqui temos referido, o problema mais grave do jornalismo em Portugal é a promiscuidade entre as assessorias de comunicação, o jornalismo e as redacções, num país em que a política se está a tornar cada vez mais "comunicação" e infotainment e algumas redacções as retaguardas de ex-assessores e outros "public relations" de gabinetes governamentais.

Hoje, em Portugal, as estratégias de comunicação institucional e governamental funcionam no quadro do sistema de media como uma espécie de "lobbying" local, com toda a sua "artilharia" apontada ao suposto ingénuo cidadão, sobretudo através da comunicação social mais submissa, a começar pela do próprio Estado. Esta questão é hoje um dos mais graves problemas da democracia portuguesa e está na origem das suas múltiplas claustrofobias.

Recentemente, nos EUA, Barack Obama identificou claramente alguns dos maiores problemas da corrupção da administração Bush: a acção perversa do lobbying; a falta de transparência nas acções do governo face ao escrutínio público; o abuso de poder em contratualizações sem concurso (ver Ethics, change.gov).

Obama
prepara agora políticas de comunicação que vão exigir uma maior responsabilidade dos media face às comunidades locais onde actuam e face aos cidadãos. Mais, Obama quer mesmo mais: "We must use all available technologies and methods to open up the federal government, creating a new level of transparency to change the way business is conducted in Washington and giving Americans the chance to participate in government deliberations and decision-making in ways that were not possible only a few years ago.

Na Europa, é o Conselho da Europa que de certa forma assume esses valores enunciados agora também por Barack Obama. Os seus “Indicadores para os média numa democracia” (2008), que pretendem aferir o grau de liberdade dos média, alertam sobretudo para a necessária independência dos jornalistas e a independência editorial dos média face aos seus proprietários e ao poder político e económico. Segundo esta instituição:

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“Os radiodifusores de serviço público devem ser protegidos de ingerências políticas na sua administração e trabalho quotidiano. Os postos de direcção deveriam ser recusados a pessoas com uma filiação política clara”.

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“Os radiodifusores de serviço público deveriam elaborar códigos internos de conduta dos jornalistas e de independência editorial face às influências políticas”.

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“Os jornalistas deveriam (…) declarar aos seus telespectadores ou leitores os seus interesses políticos ou financeiros bem como toda e qualquer colaboração com órgãos do Estado”.

O enviesamento cultural e cívico da pequena política do tempo não pode de facto perdurar, sob pena de estarmos a pactuar com a condução de um projecto democrático para um modelo de capitalismo de Estado subordinado à lógica da eficácia, auto-comemorativo, auto-ensandecido, crente numa auto-legitimação fundada em estratégias de comunicação e de persuasão, construídas sobre o secretismo, negando a partilha da convicção e da veridicção com a esfera da cidadania, auto-excluindo-se assim, não só de uma parte cada vez mais significativa da sua própria base de apoio, mas sobretudo dos novos campos deliberativos, da opinião pública crítica, das comunidades virtuais jovens e das redes sociais.

A solução para o declínio da experiência democrática está bem identificada e resume-se em duas ou três palavras: relançar a Escola e reorientar os Media no sentido de uma inalienável responsabilidade social e também no sentido do respeito absoluto pelo princípio da Cidadania e da dignidade do humano, tal como, aliás, George Steiner (A Ideia de Europa, 2005) defendeu: “Se os jovens ingleses escolhem classificar David Beckham acima de Shakespeare e Darwin na lista de tesouros nacionais, se as instituições culturais, as livrarias e as salas de concertos e teatro lutam pela sobrevivência numa Europa que é fundamentalmente próspera e onde a riqueza nunca falou tão alto, a culpa é muito simplesmente nossa. Assim como o poderia ser a reorientação do ensino secundário e dos meios de comunicação social, por forma a corrigir esse erro."

Pelo lado da interpretação do sistema de media, em Portugal, dois dos principais intelectuais do pensamento português contemporâneo estão perfeitamente em sintonia com este grau de exigência, concordando tratar-se de uma questão decisiva para a defesa do regime democrático. Refiro-me a José Pacheco Pereira e a Manuel Maria Carrilho.

Pacheco Pereira é muito claro: "(...) Muitas redacções estão mergulhadas até ao pescoço em relações próximas com os gabinetes ministeriais, onde muitos dos seus ex-colegas trabalham e de onde muitos deles também regressaram vindos de assessorias de imprensa de volta às redacções.

"Ajudava muito à clarificação da vida política portuguesa que se conhecessem estas transumâncias passadas e actuais, porque elas reflectem reais conflitos de interesse numa parte sensível da nossa democracia, a formação da opinião pública. Ou seja, é importante sabermos quem, na redacção do jornal ou do canal televisivo X ou Y, foi assessor de Marques Mendes, Mário Lino, Sócrates, Santos Silva, Pedro Silva Pereira, Barroso ou Lopes. E, igualmente importante, saber quem exerceu este mesmo tipo de funções nas empresas públicas, ou em qualquer outro cargo cuja nomeação implique confiança política. Convém não esquecer que a função de assessor na área da comunicação social é das mais sensíveis que existe hoje e de inteira confiança política"

Manuel Maria Carrilho não é menos claro, concordando em: "(...) obrigar os jornalistas e comentadores remunerados a fazer um registo público de interesses, declarando os rendimentos e património; criar mecanismos sancionatórios efectivos das más práticas jornalísticas; estabelecer um código de conduta que regulamente a actividade das agências de Comunicação e sancione a sua transgressão".

Em função dos argumentos aduzidos, parece-nos assim uma evidência que a relegitimação do projecto democrático e da experiência democrática, neste início do Século XXI, exige uma reorientação da actual tendência submissa do sistema de media e dos seus actores vitais - os jornalistas.

O recente Retrato sociológico dos jornalistas portugueses (SJ, 6/11/08) dá um importante contributo para a caracterização da profissão. Importa agora continuar essa pesquisa e aprofundar as práticas da profissão no plano justamente que põe em perigo a própria ordem democrática - o plano das promiscuidades entre as estratégias de comunicação corporativa e institucional, as assessorias de comunicação e o jornalismo.

De forma a que haja total transparência para a cidadania sobre esta matéria, importa, de facto, que haja uma base de dados actualizada disponível na página da Internet do regulador - da ERC -, sobre as idas e vindas de jornalistas das redacções para os gabinetes ministeriais, e destes (e assessorias afins) para as redacções. É um pequeno mas importante passo para um princípio de transparência do sistema de media e para um cabal conhecimento dos obscuros vasos comunicantes entre o sistema político e de governo e as práticas jornalísticas em Portugal. Sendo certo, enfim, que esse sistema não funciona de modo igual em todos os meios de comunicação social em Portugal. Há exemplos no grupo Renascença e no Público, por exemplo, de recusa do funcionamento desse vai-e-vem altamente negativo, quer para a transparência e credibilidade do sistema de media, quer para a democracia portuguesa.

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4.11.08

Do "jornalismo-spin", ou uns degraus abaixo do "jornalismo-sargeta"

José Pacheco Pereira, A gloriosa máquina de propaganda do governo, Sábado, 30.10.08: "Nestes dias, a gloriosa máquina de propaganda governamental está de vento em popa, alimentada por múltiplos personagens, ministros e assessores, gabinetes de comunicação, empresas de comunicação e relações públicas, jornalistas “amigos” e comunicação social do estado, blogues escritos e alimentados por assessores do governo, tudo isto oleado por muito medo de fazer ondas, não vá haver retaliações.

"Os empresários que operam na área da comunicação social, esses então estão na linha da frente de uma “mão invisível” que eles conhecem bem demais e que lhes diz com clareza o que podem ou não podem fazer com os seus jornais e televisões, os “agrados” e “desagrados” do senhor Primeiro-ministro e dos seus pares. A campanha contra o Público é um exemplo típico, a acentuada governamentalização de outros jornais, idem aspas. Acresce que muitas redacções estão mergulhadas até ao pescoço em relações próximas com os gabinetes ministeriais, onde muitos dos seus ex-colegas trabalham e de onde muitos deles também regressaram vindos de assessorias de imprensa de volta às redacções.

"Ajudava muito à clarificação da vida política portuguesa que se conhecessem estas transumâncias passadas e actuais, porque elas reflectem reais conflitos de interesse numa parte sensível da nossa democracia, a formação da opinião pública. Ou seja, é importante sabermos quem, na redacção do jornal ou do canal televisivo X ou Y, foi assessor de Marques Mendes, Mário Lino, Sócrates, Santos Silva, Pedro Silva Pereira, Barroso ou Lopes. E, igualmente importante, saber quem exerceu este mesmo tipo de funções nas empresas públicas, ou em qualquer outro cargo cuja nomeação implique confiança política. Convém não esquecer que a função de assessor na área da comunicação social é das mais sensíveis que existe hoje e de inteira confiança política. E como já vi jornalistas saírem da cobertura de uma campanha eleitoral directamente para os gabinetes daqueles que escrutinavam uma semana antes, valia a pena, nesta era de “transparência”, ir mais longe no registo de interesses. Não são só os ex-ministros que vão dirigir empresas em áreas em que antes governavam, são também os jornalistas que vêem do spin governamental, da colocação de notícias favoráveis e do controlo dos danos, para “informar” nas redacções.

"Talvez assim se perceba alguma coisa da enorme eficácia da gloriosa máquina de propaganda do governo, em que este governo socialista mete num bolso todas as pobres tentativas de “centrais de comunicação”. E uma das razões da eficácia é exactamente cobrir os traços, apagar as pegadas e indignar-se muito quando a “independência” dos orgãos de comunicação social face ao governo é escrutinada."

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16.10.08

Ou há moralidade... ou não há jornalismo

O Conselho da Europa deveria ser mais escutado em matéria de pluralismo. Os seus “Indicadores para os média numa democracia” , que pretendem aferir o grau de liberdade dos média, alertam claramente para a necessidade de salvaguardar princípios básicos para não ser comprometida a imparcialidade e a independência dos jornalistas e a independência editorial dos média face aos seus proprietários e ao poder político e económico.

O documento é particularmente acutilante face ao audiovisual público, mantendo que “os radiodifusores de serviço público devem ser protegidos de ingerências políticas na sua administração e trabalho quotidiano. Os postos de direcção deveriam ser recusados a pessoas com uma filiação política clara”.

E ainda que “os radiodifusores de serviço público deveriam elaborar códigos internos de conduta dos jornalistas e de independência editorial face às influências políticas”.

E face aos jornalistas, esta resolução para os media numa democracia não é menos exigente: “Os jornalistas deveriam (…) declarar aos seus telespectadores ou leitores os seus interesses políticos ou financeiros bem como toda e qualquer colaboração com órgãos do Estado”.

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19.5.08

Jornalistas ou "pés de microfone"?

Estatuto profissional do jornalista e liberdade de informação (H. Serra Pereira, do Gabinete Jurídico do Sindicato dos Jornalistas): «(…) os jornalistas estão mais pobres em todas as dimensões: têm menos salário, têm menos direitos, têm menos segurança no emprego; são menos livres enquanto criadores intelectuais.

«Ou seja estão desarmados para poderem assumir, individual ou colectivamente, a responsabilidade social e os valores éticos da sua profissão e a autonomia do seu trabalho. Em muitos casos transformados de mediadores responsáveis entre o acontecimento e o público em meros pés de microfone anunciadores acríticos do acontecimento ou produtores de conteúdos para serem usados à medida dos valores editoriais de quem representa na redacção o poder económico da empresa.

«Concomitantemente, os cidadãos também ficaram mais pobres: com a “domesticação” dos jornalistas e o novo paradigma da informação perderam, de facto, uma informação de qualidade, instrumento indispensável à concretização de um Estado de Direito.

«Nesta perspectiva, gostaria, com referi inicialmente, de deixar à consideração dos ilustres intervenientes neste encontro as seguintes questão: o quadro sumariamente traçado não põe em causa os direitos fundamentais da liberdade de imprensa e do direito à informação? Os órgãos de informação não são hoje totalmente dependentes do poder económico, contrariando o normativo constitucional? O Estado, ao permitir o actual quadro de organização e funcionamento dos media, não comete uma inconstitucionalidade por acção e por omissão.»

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3.5.08

Ameaças à liberdade de imprensa em Portugal

SJ organiza encontro para debater precariedade: O Sindicato dos Jornalistas assinala sábado o Dia da Liberdade de Imprensa com um encontro nacional de jornalistas freelance e precários, disse à agência Lusa o presidente do SJ, Alfredo Maia (Sol online, 2/5). Liberdade de imprensa em Portugal suscita alguns reparos (JN, 3/5)

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1.5.08

Liberdade de expressão cai em Portugal

Liberdade de expressão cai em Portugal (DN, 1/5): «Em 2007, o ambiente para os jornalistas agravou-se no mundo inteiro, revela relatório da organização norte-americana Freedom House, segundo o qual a melhor situação é a da Europa Ocidental, apesar do declínio em Portugal, Malta e Turquia.

«Portugal aparece criticado por causa do novo Estatuto do Jornalista, que dá aos empregadores o direito de reutilização de um trabalho nos 30 dias seguintes à publicação inicial, sem proceder a pagamentos extras.

«O presidente do Sindicato dos Jornalistas considerou "claramente insuficiente" a análise do relatório. Segundo a Lusa, Alfredo Maia diz que "seria importante que relatórios como este mencionassem mais as condições de produção dos media, porque são elas que determinam o grau de liberdade de imprensa, não apenas no que diz respeito aos jornalistas, mas também às notícias que são publicadas".» Press Freedom in 2007: A Year of Global Decline - Overview Essay


Estatuto, ética e deontologia:

Inconstitucionalidades no Estatuto do Jornalista

FEJ contra Estatuto do Jornalista

Estatuto recauchutado

Estatuto viola Constituição

Jornalistas contra o Estatuto

AR aprova Estatuto do Jornalista

Estatuto do jornalista, fontes & etc

Ameaças à liberdade editorial (act.)

"Jornalismo" e promiscuidades

As três propostas de revisão do Estatuto do Jornalista seguem para a Comissão (SJ online)

Proposta do PS altera a quebra do sigilo (DN, 28.2.07)

SJ critica posição do PS na revisão do Estatuto do Jornalista (28.2.07)

Projectos de alteração ao Estatuto do Jornalista aprovados no Parlamento (Público online, 1.2.07)

Parlamento vota Estatuto do Jornalista a 1 de Fevereiro (SJ)

SJ reforça apelo ao consenso devido a projecto do Bloco de Esquerda

SJ apela ao consenso na revisão do Estatuto do Jornalista

Discussão da proposta de lei do Estatuto do Jornalista: Direitos de autor e sigilo profissional dominaram debate (JN, 27.1.07). Intervenção do Ministro dos Assuntos Parlamentares no debate da Proposta de Lei que Altera o Estatuto do Jornalista, na Assembleia da República.

A 'central invisível', segundo o Público

FIJ e FEJ criticam alterações ao Estatuto do Jornalista em Portugal

Declinação (grátis) de conteúdos (a pagamento e com pub)

Jornalismo e jornalistas em Portugal: que direitos, que independência, que credibilidade?

O Jornalismo em Portugal face aos futuros Estatuto e Lei da Concentração: que independência, que autonomia, que direitos?

Sindicato considera proposta "um retrocesso grave" (JN, 21.9.06)

Arons de Carvalho ataca Sindicato (CM, 21.9.06)

Sindicato: novo Estatuto dos Jornalistas é uma ameaça à liberdade e à diversidade informativa.

Novo estatuto dos jornalistas divide partidos da oposição mas nenhum apoia

Parlamento inicia hoje audições sobre Estatuto do Jornalista

Estatuto do Jornalista: petição contra alterações já tem mais de 1500 assinaturas

O Estatuto, o jornalista e a caricatura dele

Vai assessor, vem jornalista

Assessores de comunicação vs. Jornalistas

Se eles já o fazem nos media, por que não fazê-lo antes nos corredores do poder?

..."Mas esta absoluta promiscuidade chegou a receber o apoio da classe"...

Ainda as incompatibilidades do jornalismo

Mistérios à volta do novo Estatuto dos Jornalistas

Aprovado novo Estatuto dos Jornalistas

Jornalistas vs. propagandistas: período de nojo ou cortar o mal ...

Como retratar no Estatuto dos Jornalistas a incompatibilidade ...

Estatuto dos Jornalistas: a cláusula da vergonha

Promiscuidade, até quando?

'SJ lança repto a Carrilho em defesa do jornalismo responsável'

«Carrilho pôs em causa 'dignidade dos jornalistas'»

A "peste branca" da TV portuguesa terá tratamento adequado da ERC?

À pergunta de ontem, nem meia resposta...

Só uma pergunta para logo à noite (Prós e Contras)

Jornalismo “tablóide” e/ou sensacionalista nas Televisões

Se os jornalistas esquecerem o monstro das audiências...

Jornalistas portugueses com más experiências no pós-25 de Abril

Direitos de autor dos jornalistas pouco protegidos

Jornalistas e Código Penal, ainda o dissenso

Os jornalistas eo 'crime' da descoberta da verdade

Sobre o novo critério editorial vigente: 'isto vende ou isto não ...

Emídio Rangel eo jornalismo sujo Patrões, "capatazes" e jornalistas

'Fretismo' ou a doença infantil do jornalismo

A 'frase' de EPC

O desassombro de Mestrinho, ou o ‘delito de opinião’ na TVI

Quem "domestica" quem?

O que restará ainda de jornalismo no jornalismo?

O caso Rui Dias José (RDP)

'Macho-media' e Cidadania

"Onde estavam eles quando suspenderam os 'Afectos' de João Carreira Bom...

Ainda o 'infotainment'

O Acordo discriminador (para memória futura)

Telejornal -‘112’

Jorge Sampaio, crítico dos media

O que escreveria Roland Barthes, hoje, nas novas barricadas de Paris?

Espiral de silêncios

Jornalismo (e autarquias) do Fim do Mundo

A 'agenda' de Fátima F.

O fogo é a linguagem

Entrevista a Barata-Feyo: "Jornalismo: da moda ao negócio"

Schmock, ou o triunfo do jornalismo

O 'tele-arrastão'

As pechas do jornalismo


-- Um caso recente - a Lusa

Lusa governamentalizada à força (Eduardo Cintra Torres, Público, 19 de Abril de 2008)

Dossiê Lusa — A história (quase) toda
(via Clube de Jornalistas): «A Lusa é uma agência paga pelo Estado, o que significa que a sua gestão deve ser clara em todos os aspectos – do pessoal ao financeiro – e a informação que fornece deve ser plural e isenta. O conflito entre o Conselho de Redacção e a direcção de Informação é tudo menos claro, como se conclui da leitura dos documentos que agora publicamos. A única pergunta possível é: de que é que a ERC está à espera?»

-- Outro caso recente - a RDP

Relatório do Provedor da RDP relativo a 2007, «em defesa do serviço público de rádio, que neste momento não está a ser cumprido. Serve interesses do Estado e de empresas», segundo o próprio. Ver também Provedor da RDP defende que a rádio pública se tornou no "parente pobre" da RTP (Público online, 30/4)

-- Ainda outro caso recente - o Pluralismo na RTP:

Violação do dever de pluralismo da RTP (2002-2008)

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24.3.08

Reportagens televisivas com Sócrates, Menezes e Salazar (act.)

Constança Cunha e Sá escreve no Público (20/3) sobre as duas reportagens de Raquel Alexandra, da SIC, com o primeiro-ministro e com o líder da oposição - Tempos de antena: "O jornalismo português está assim: solene e engravatado, rendeu-se à propaganda do Governo, às vantagens do poder e às necessidades da actual maioria."

Constança reconhece ainda nas reportagens, ditas "encenações", "falta de autenticidade" a Sócrates e "programada espontaneidade" a Menezes, o que parece de facto a observação mais pertinente, vistas as duas comparativamente. No final, a primeira grande imagem que passa é que Sócrates está tenso e pouco à vontade, face ao tu-cá-tu-lá de Menezes e família. E aqui, claramente, Menezes ganha a Sócrates. Essa é a primeira conclusão destes dois trabalhos que são de facto excelente material para um estudo de caso, dado que os papéis se inverteram: Sócrates é habitualmente mais fluente e descontraído do que Meneses na entrevista informal em directo. Material de estudo que eu diria mais sobre a política do que sobre o jornalismo, já que ali não houve propriamente jornalismo. Dá a ideia que Raquel Alexandra se deixa conduzir (ou que lhe foi pedido para se deixar conduzir, numa lógica de "jornalismo" light), o que não deixa de permitir que possamos ver melhor se o condutor sabe guiar...

Com outra perspectiva, Fernando Sobral escreve no Negócios online (20.3) sobre A política da encenação: «A política portuguesa gostaria de ser como a Ópera de Pequim, mas é feita com actores secundários e de série B. As recentes reportagens da SIC sobre o que “não conhecemos” de José Sócrates e de Luís Filipe Menezes foi elucidativa sobre o que podemos esperar dos líderes do “bloco central”. O que mostrou o menos não se diferencia do que mostrou o mais. Ambos fazem parte da célebre “sociedade do espectáculo” que Guy Debord tão bem definiu de uma forma que se poderia aplicar ao que vimos: “de modo que ninguém pode dizer que não é enganado ou manipulado, mas é só em raros instantes que o próprio manipulador pode saber se foi vencedor”. Na SIC houve, aparentemente, um vencedor: quem manipulou o que mostrou (Sócrates); e um perdedor: quem foi manipulado pelo que revelou (Menezes). No meio ficou o vazio de ideias. O que deveria ser fundamental num político. E depois queixem-se, como os actores da nova vida de celebridades, que estão a entrar a sua vida privada??

Já Vasco Pulido Valente havia zurzido no assunto, também no Público (16/3) no texto A SIC não se modera: «A SIC resolveu fazer dois tempos de antena: um sobre Sócrates, claro, e o segundo, como contra-peso, sobre Menezes. No fundo, resolveu fazer um tempo de antena sobre Sócrates, de que se tornou, como o Expresso, muito devota, e provavelmente achou que meia hora de Menezes não prejudicava e até podia ajudar o culto do herói. O contraste, de facto, não podia ser maior. A parte de Sócrates parece planeada ao milímetro (e por quem? Pela SIC ou pelo gabinete do primeiro-ministro?) para responder às necessidades políticas do momento e ir preparando 2009. A parte de Menezes parece um filme de amador, que, fora a insistência na oposição interna do PSD, saiu como saiu e se mostrou na SIC como quem mostra em casa umas férias de família na Madeira ou nas Caraíbas.

Ainda VPV: «Sócrates, como o verdadeiro poder, e numa evocação velada de Salazar e de Cunhal, aparece sempre sozinho. Da casa não se vê senão o átrio, não se vêem os filhos, não se vêem os pais, não se vêem amigos, não se vê a namorada (se, por acaso, tem uma). Tirando a gente que o serve (a secretária, um assessor, um motorista), a personagem de Sócrates é, na sua "simplicidade" e na sua "grandeza", a única personagem em cena. E essa personagem não perde tempo em abrir ao povo um coração terno e propagandístico: a decisão que mais lhe custou na vida foi faltar à promessa de não aumentar impostos; a manifestação dos professores também lhe custou muito; mas não vai ceder, nem adiar; cometeu um erro na aplicação da política de saúde, de resto essencialmente certa; está a trabalhar num enorme projecto, o "projecto da Galp". Posto isto, Sócrates fala ao telefone com Zapatero (intimidade com os grandes), confessa a sua generosidade e determinação, admite acessos de melancolia e disserta sobre o equilíbrio entre a acção e a contemplação. No fim, acaba por reconhecer que é "muito humano". Quem não gostará de um chefe tão bom e tão profundo, tão responsável e tão grave?»

Vale a pena relembrar uma outra reportagem com outro primeiro-ministro, no tempo da outra senhora, sobre Salazar, que passou na RTP há 50 anos atrás:

«Veja-se, deste ponto de vista, esse breve documentário - Em casa de Salazar - no dia do seu aniversário (transmitido pela RTP dias depois da cerimónia do SNI, a 4/5/1958). Trata-se de um trabalho que, no seu tom beatífico, dir-se-ia, acaba por tanto mais negar a figura de Salazar quanto maior é o enlevo que dela faz. Sem ouvir uma única palavra ao ditador, diz dele afinal o fundamental: "(...) Este homem que pouco se vê, que raras vezes fala (apenas e exclusivamente as necessárias), permanece - ele e o mundo onde se move - como um mistério aliciante que empolga, comove e excita a imaginação daqueles que lhe querem com admiração, com apreço incontido, com veneração quase (...)." As imagens mostram-nos então aspectos do interior da sua casa - “o mundo reservado de Salazar” - os corredores, a mesa de trabalho, os jornais, um exemplar da Constituição, um calendário e um relógio (28/4/58, 15:27h), fotografias, flores, a famosa manta com que tapava as pernas, uma criada que entretanto passa - e só no final aparecerá “o homem que raras vezes fala” (em off): «(...) Eis Salazar na sua sala de trabalho, no dia do seu aniversário, recebendo os cumprimentos e felicitações de uma visita (...)". E, de facto, não só talvez para não comprometer o autor deste documento - autêntica “natureza morta” televisiva -, verdadeiramente naïf, Salazar nada disse.» (in Salazar, Caetano e a Televisão Portuguesa, F. Rui Cádima, Presença, Lisboa, 1996).

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10.3.08

Para quando comentadores independentes nas áreas da Educação, Sociedade, Justiça, Economia, Fiscalidade, etc., etc., nos telejornais da RTP1?

O Jornal da Tarde de hoje foi mais um bom exemplo das habituais misérias jornalísticas do serviço público. Abertura com 12 minutos da telenovela “Camacho deixa Benfica”, com direito a “comentador RTP” encartado no plateau. Olhando para o alinhamento, claramente menos importante que isso para o serviço público, a vida nas escolas num contexto de crise: 4 minutos, a partir do minuto 24, sem direito a comentador encartado, que aliás, a RTP não tem para a área da Educação.

Como também não tem comentadores independentes para qualquer outra área da informação televisiva, a não ser para o futebol, onde aliás tem mais do que um… Esta questão da inexistência de comentadores independentes no Serviço Público de Televisão para as áreas da Educação, Sociedade, Cultura, Economia, Fiscalidade, etc., etc., sendo algo absolutamente inaceitável numa estação paga por todos os portugueses, demonstra bem a subserviência institucional e política deste modelo de televisão.

A partir do minuto 46 volta Camacho e o Benfica, mais o futebolês do costume. Ao que se segue, ao minuto 51 (!), a notícia de uma campeã do Mundo, Naide Gomes, assim (mal)tratada pelo alinhamento do Jornal da Tarde. Não vale a pena ser campeão do mundo em Portugal...

Não sendo propriamente uma espécie do tão falado “jornalismo de sarjeta” – da famigerada “gutter press”, no original – não deixa de ser qualquer coisa situado um pouco a montante, talvez mais do género “jornalismo de valeta”…

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4.3.08

"Será isto jornalismo?", pergunta - e bem - o subdirector do El Pais

Angel Luis de la Calle, Subdirector do ‘El País’, escreve na última edição do Expresso (1.3.08), de que é correspondente em Madrid, uma peça muito significativa, intitulada “Será isto jornalismo?” (destaques nossos):

«As relações entre jornalistas e políticos foram quase sempre conturbadas. Talvez seja a proximidade entre os respectivos objectivos, os cidadãos, o que marca um relacionamento que umas vezes se transforma em cumplicidade e outras em hostilidade aberta. Para um político, um jornalista é útil na medida em que transmitir com fidelidade as mensagens que quiser comunicar à comunidade; para quem informa, o político é uma fonte, nem sempre fiável, para o seu trabalho de comunicar a realidade. Os seus interesses colidem com frequência quando o político pretende administrar a forma como os jornalistas realizam o seu trabalho informativo.

«Nos últimos tempos, essas colisões estão a acontecer com relativa frequência em Espanha. Repetidamente, vemos personalidades públicas apresentarem-se aos jornalistas lendo declarações escritas sem admitir perguntas posteriores, conferências de imprensa que não o são, entrevistas solicitadas que se saldam por respostas também escritas, sem a frescura que proporciona o diálogo aberto. Os repórteres que cobrem estas apresentações transformam-se em simples moços de recados, transmitindo uma mensagem interessada em que a sua intervenção crítica se reduza a zero. E isso está a afectar seriamente a essência do jornalismo na sua mais pura acepção.

Na campanha eleitoral que está a acontecer em Espanha para as eleições gerais de 9 de Março, verificam-se exemplos muito vivos desta perigosa atitude. Tudo está medido pelos partidos, que se transformam numa espécie de «Big Brother» do controlo informativo. Por exemplo, não são as televisões que produzem as retransmissões dos comícios dos candidatos; são os partidos que escolhem e fornecem as intervenções principais dos seus líderes, à hora de abertura dos telejornais. Os mesmos oradores são avisados, através de uma luz vermelha, que estão a entrar em directo nesses noticiários, para que pronunciem a sua frase mais acutilante, a sua proposta mais ousada, a sua tirada mais espectacular. São os partidos que fazem de jornalistas, ao seleccionarem de maneira interessada a mensagem que querem fazer chegar ao público.

No último frente-a-frente televisivo entre José Luis Rodríguez Zapatero e Mariano Rajoy, aspirantes ao governo de Espanha depois das eleições do próximo dia 9, tudo estava absolutamente medido e combinado. Desde os temas a debater até aos tempos destinados a cada um. Desde o tipo de luz, a cor da mesa, a disposição das cadeiras até à cor das gravatas e a temperatura do estúdio. Desde a hora de chegada de cada um dos contendores até à ordem de saída, depois de finalizado o debate. Tudo, incluindo a ausência de jornalistas, testemunhos incómodos. Será isto jornalismo?

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10.2.08

Concentração e crise da ordem democrática

A questão da concentração das empresas de comunicação é uma questão central para o campo dos média. Há que reconhecer, à partida, que a elevada complexidade do tema não se coaduna, nem tão pouco se pode circunscrever e resolver num quadro legal constituído por matéria de concorrência genérica, complementada por duas ou três cláusulas aplicadas à especificidade sectorial.

Convenhamos que a ficar por aí, um mundo de problematizações fica por pensar e decidir, o que significa que a regulação ficaria ao livre-arbítrio da indústria, mais à mercê dos mercados do que do legislador sectorial e, portanto, mais distante do cidadão ou mesmo do consumidor. Não é esse, seguramente, o melhor quadro para sopesar e avaliar a concentração de empresas e grupos de comunicação social.

A premência de um quadro forte e estruturado, que, no âmbito do sector de media, permita a consolidação empresarial e operações de concentração de forma a que, ao contrário de reduzir, antes ampliem a diversidade de opiniões e a liberdade de expressão e editorial, é cada vez mais instante. Isto devido não só ao contexto da migração para o digital, mas também às novas exigências, no novo quadro das comunicações em rede, do desempenho da Cidadania, quer por parte de jornalistas, editores, produtores, etc., como por parte dos receptores, que querem ver salvaguardada, em primeira instância, a transparência e o desassombro da comunicação social e, consequentemente, o pluralismo e a liberdade de expressão.

Se é um facto que, teoricamente, alguma concentração dos média é necessária, por forma a que empresas e grupos criem mecanismos de consolidação industrial, tecnológica e de inovação, a verdade é que, na prática, alguns sinais de alerta têm sido dados pelo velho sistema industrial dos média, demonstrando que mesmo em situações de pré-consolidação, com fracos índices de concentração, algumas empresas e grupos se têm vindo a colocar em posições críticas face à liberdade editorial e à autonomia redactorial, evidenciando-se assim que a independência dos média e o pluralismo necessitam de tanto maior monitorização, quanto maior for o índice de concentração.

Tal facto, anula, só por si, qualquer veleidade do legislador em condescender face à tendência, fabricada pelos próprios média, para maior concentração sectorial e intersectorial sem garantias de reforço da liberdade editorial, da independência e do pluralismo, face aos próprios grupos editoriais, grupos económicos, grupos de interesses, sistema político-partidário, jurídico-administrativo, estratégias corporativas, tráfico de influências, etc.

De facto, só alguns conteúdos (só ‘algum’ real, só alguns acontecimentos) é que, por vezes, parecem interessantes para os negócios. Desses, estão os média cheios. Uma análise regular das categorias de conteúdo que abundam nos média, rapidamente concluiria pela existência de um sistema muito fechado e restrito de tópicos e pelo mimetismo, circularidade e redundância da selecção editorial e das agendas dos média.

Este modelo mediático inscreve-se claramente numa lógica que contém perigos para a ordem democrática. Não sendo muitas das vezes evidentes, estes perigos traduzem-se em bloqueios ao pluralismo e à liberdade de expressão e editorial e, portanto, em opacidades do discurso dos media, o mesmo é dizer, em zonas de sombra das práticas e da ordem democrática.

Donde, ou o campo dos média dá sinais claros de erradicar o ‘sistema’ submetido à ‘notícia-mercadoria’, aos porta vozes oficiais, aos gabinetes institucionais e corporativos e aos mimetismos de agenda e de agência, dando sinais de desassombramento e de liberdade, de pesquisa e de investigação pela cidadania, ou, no actual estado regulatório, a tendência para a concentração pode torna-se num ‘sistema-negócio’ ainda mais evidente do que já é, tímida e veladamente.

Assim, a responsabilidade social dos média é metamorfoseada em instrumento da baixa-política e do sound-byte, em écrã das catástrofes, curiosidades e monstruosidades do mundo e outros fait-divers, onde a notícia se faz para ‘vender’. Não esqueçamos que a história dos média tem sido, sobretudo na era pós-industrial, a história de um fluxo unívoco de comunicação e de dominação político-comunicacional.

Para se ter uma pequena ideia do que isto significa, veja-se, por exemplo, a história de um jornal que todos consideramos no dia-a-dia uma ‘referência’ – o caso do Diário de Notícias – que, ao longo do Século XX, ao longo de cem anos de história, foi, sucessivamente, pela monarquia reaccionária, foi republicano e republicano radical, depois virou para a ditadura militar, foi pelo Estado Novo, foi salazarista, colonialista, caetanista, para logo a seguir defender os cravos de Abril, passando depois a comunista, seguindo pela antítese, à época, socialista, para se disponibilizar depois, em regra, às políticas editoriais mais convenientes ao poder político reinante. Que ‘referência’ podemos nós retirar desta história editorial do Diário de Notícias ao longo de cem anos de história?

A concentração dos média, é, portanto, um tema de grande importância que urge debater em Portugal por forma a que, num contexto regulatório que se desejaria inequivocamente independente do sistema político-partidário e dos regulados, se evolua para uma regulação sectorial que saiba e queira ler a contaminação do campo dos média pelas novas censuras, pela promiscuidade entre jornalismo e assessorias e pela crise mais geral da actual ordem democrática.

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8.2.08

Marina, vida fria

Vai jornalista do serviço público - vem assessora do governo - vai assessora do ICEP - vem coordenadora de Economia - vai coordenadora de assessoria da RTP... Vem... Serviço Público, no seu melhor (assim anda o "jornalismo" em Portugal)...

Marina Ramos, editora de Economia da RTP, ex-apresentadora e coordenadora do programa de economia da 2 "Contas em Dias" será a responsável pelo Gabinete de Comunicação e Marketing da RTP. Assessora de Pina Moura no Governo de Guterres, trabalhou com o presidente da RTP, Guilherme Costa no ICEP...

Ler, a propósito deste vai-e-vem, António Barreto (A arte de mentir): «Têm várias designações. Assessores. Conselheiros. Encarregados de relações com a imprensa. Agentes de comunicação. Ou, depois do choque tecnológico, press officers e media consultants. Sem falar nos conselheiros de imagem. Povoam os gabinetes dos ministros, dos secretários de Estado, dos directores-gerais, dos presidentes e dos gestores. Vivem agarrados aos telemóveis, aos BlackBerries, aos Palms e aos computadores. Falam todos os dias com os administradores, directores e jornalistas das televisões, das rádios e dos jornais. Dão, escolhem, programam e escondem notícias. Mostram aos políticos e aos gestores o que é do interesse deles. Planificam a informação. Calculam os efeitos e contam as referências feitas na imprensa. Tratam da imagem, compram camisas para os seus mestres, estudam-lhes as gravatas, preparam momentos espontâneos, formulam desabafos, encenam incidentes e organizam acasos. Revelam a intimidade que se pode ou deve revelar (...)"

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18.10.07

Do lado que engana menos

«(...) Ex-pivô da estação de Carnaxide reconheceu algum desencantamento e criticou a forma como entretenimento e informação se misturam no jornalismo televisivo.» Mistura mais do que explosiva, para pensar seriamente. Desencantado com o infotainment, Paulo Camacho preferiu a assessoria corporate, que já não engana tanto... PT Multimédia : Novo director de comunicação -Não tinha nada que me estimulasse (CM, 18.10)

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Inconstitucionalidades no Estatuto do Jornalista

Jorge Miranda diz que novo Estatuto do Jornalista é inconstitucional (Público online 17.10)

Jorge Miranda confirma inconstitucionalidades no Estatuto do Jornalista (SJ, 2007/OUT/17) :
«O Sindicato dos Jornalistas (SJ) voltou a pedir ao Presidente da República que não promulgue o novo Estatuto do Jornalista e que promova a apreciação preventiva da constitucionalidade de várias normas. A nova exposição é acompanhada de um parecer do constitucionalista Jorge Miranda, que apoia as teses do SJ sobre a violação de direitos e garantias fundamentais contidas no novo diploma. (...) Além de defender que o novo diploma confere insuficiente protecção ao sigilo profissional, o SJ critica especialmente as disposições sobre o direito de autor do jornalista que atentam contra garantias constitucionais, uma vez que: a) abrem caminho a mecanismos de censura nas redacções; b) afectam a liberdade de criação e de expressão dos jornalistas c) ameaçam o direito de paternidade sobre obras protegidas; d) violam o direito dos jornalistas à protecção da integridade e da autenticidade das suas criações; e) negam aos jornalistas o direito de decidirem sobre o destino das suas obras; f) desprezam o princípio da liberdade contratual entre as partes; g) introduzem uma aberrante e profunda alteração de circunstâncias nos vínculos contratuais já existentes; h) criam condições objectivas para a redução do pluralismo informativo.

Apelo pela liberdade dos jornalistas continua em subscrição

Exposição ao Presidente da República

Parecer do Prof. Jorge Miranda

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15.10.07

Notícias sem pessoas, sem alma...

A ler, absolutamente, o texto de Baptista Bastos: "Notícias sem pessoas lá dentro" (Jornal de Negócios, 28/9)

E um outro: A imprensa sem alma (Jornal de Negócios, 30/6/06), onde se lê:
«(...)E perguntei: «E você?» Logo ela: «Estarei no ‘Diário de Notícias’ até arranjar uma assessoria» (...)
«(...) Harrison Salisbury, que foi um dos maiores jornalistas ocidentais e uma assinatura de prestígio no «The New York Times», respondeu, certo dia, a um moço que lhe perguntara como poderia ser jornalista. «Percorra a Bronx, vá ao Harlem, caminhe por Queens. Assista a alguns julgamentos. Observe os hospitais públicos. Analise o comportamento social dos sindicatos. Fale com os polícias das esquadras dos bairros. Mas, sobretudo, goste de pessoas». Frases como estas deviam figurar em todas as Redacções. Aqui se contém a essência primeira do jornalismo. E é uma lição de tudo. (...)»

Ainda de BB:

Tuta-e-meia sobre jornalismo (17/2/06)

A Imprensa como metáfora (12.11.04)

Infortúnios do jornalismo - Esquecer é pior do que ignorar (22.10.04)

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26.9.07

FEJ contra Estatuto do Jornalista

DN, 26/9, Federação europeia ataca aprovação do Estatuto : «A Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) acusou ontem os deputados portugueses de terem manifestado "falta de consideração" pelo veto presidencial ao Estatuto dos Jornalistas (EJ) e insurgiu-se contra a aprovação no diploma na Assembleia da República, a 20 de Setembro último.» Segundo a peça, a FEJ considera nomeadamente, que o EJ "retira aos jornalistas o seu direito a protegerem fontes confidenciais e a serem recompensados de forma justa pela utilização dos seus trabalhos", "obriga os jornalistas a revelarem o nome de uma fonte em tribunal", que "os juízes vão poder continuar a recrutar jornalistas para fazer trabalho que caberia à polícia" e que os "direitos essenciais dos jornalistas" saem "enfraquecidos" com o diploma.

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20.9.07

Estatuto recauchutado

18.9.07

O verdadeiro artista: jornalista da BBC, chefe da Central do governo, assessor 'estatal' dos McCann...

(CNN - Londres, 18.9.07): «The new spokesman for Kate and Gerry McCann has insisted that the parents of missing Madeleine are ‘innocent victims of a heinous crime.’ (…) Former BBC reporter Clarence Mitchell has given up his job with the British government to take up the role after Justine McGuinness -- the McCanns' spokesperson for the past three months -- stood down last weekend.

Mitchell told reporters on Tuesday: ‘I am extremely grateful to Kate and Gerry for asking me to return to become their official spokesman.

‘To speak on their behalf, therefore, I have resigned from my role as director of the Central Office of Information's media monitoring unit within the Cabinet Office in Whitehall.

(…) ‘Therefore, I wish to stress that from now on I am in no way speaking on behalf of the British government.’ (…) Mitchell said he spent nearly a month with the McCanns in Portugal while representing the Foreign and Commonwealth Office between May and June.» (…)

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16.7.07

Sabe sempre bem ler que um Director da RTP...

Ainda que eu ache que o que o novo Estatuto alberga de pior é a promiscuidade entre o jornalismo e as assessorias políticas, sabe sempre bem ler "Director da RTP contra lei do Governo" (DN, 16.7.07).

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