3.7.05

O 'tele-arrastão'

É uma das peças mais relevantes do Público de hoje, mas não teve sequer direito a edição online. Com a devida vénia a Adelino Gomes, seu autor, e ao jornal, aqui fica este exemplo, que retrata a face verdadeira dos media que temos e um pouco do 'mundo-cão' que vão criando:

O arrastão que não houve

«Diana Andringa apresentou, quar­ta-feira, na Videoteca de Lisboa, "uma pequena investigação" sobre o "arrastão" de Carcavelos, em 10 de Junho passado. O vídeo desmontou a ligeireza com que os canais generalistas - e os jornais, no seu rasto - construíram um acontecimento que esteve muito longe de assumir a dimensão que os media lhe imprimiram.

«Os comentários de José Rebelo e Rui Pena Pires (lSCTE) Miguel Gas­par (crítico de televisão no Diário de Notícias) e Nuno Guedes (uma excepção no tratamento do assun­to, em A Capital), mostraram que, ao renunciarem à análise crítica das fontes, os media contribuíram para a credibilização da ideia de que o crime está ligada à cor da pele. Assim favorecendo tomadas de posição políticas securitárias.

«Três circunstâncias tornaram esta iniciativa significativa: Diana Andringa - antiga presidente do Sindicato dos Jornalistas - não exerce actualmente a profissão; nenhuma televisão fez este trabalho ou algo semelhante; três semanas depois, e apesar dos desmentidos policiais da primeira versão, os media continuam sem pedir des­culpa do erro.

«A autora assumiu o carácter "militante" do seu trabalho. Mas o que ressalta nele - como em outros surgidos fora do campo do jornalismo tradicional, seja em blogues, seja no âmbito do "jornalismo cívico", em que este documentário se poderá inserir - é o questiona­mento que faz a práticas do jorna­lismo profissional, hoje.

«O Clube de Jornalistas vai organizar um debate. É possível que nenhum canal se disponha a passar o traba­lho na íntegra?».
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