28.2.05

Obscenidades

Obsceno não é o seio nú ou a palavra crua. Obsceno é deixar o terreno aberto para que a ‘vigilância’ do cidadão continue, de forma indolente, a ser substituída pela vigilância do censor. Obsceno é, a pretexto de falsos pudores, manter a auto-censura e a censura nos media, assim mantendo a América e os americanos numa estratégia de tensão e medo. Obsceno é, através de estratégias belicistas, políticas e de marketing (como há cem anos), confundir liberdade com indústria e educação com consumo. Obscena é esta América. (A propósito da peça: Congresso americano agrava sanções contra "indecência" na rádio e televisão).

Da Caverna de Platão à Caverna da Televisão (moral da história)

Era claro que para Platão o tempo – no seu tempo - não tinha trazido o melhor dos mundos. As sombras subterrâneas conduziam à luz, mas olhando para ela corria-se o risco de cegar e, portanto, de querer voltar, tomando essas cópias imperfeitas, essas sombras, por realidade.

Se Platão nos visitasse e passasse uns tempos por cá, era seguramente daqueles que não tinha televisão em casa.

A televisão dá-nos também uma reprodução inverosímil do próprio real. Os seus relatos do mundo e dos acontecimentos devolvem ao nosso imaginário uma imagem hiperreal do mundo e das coisas, constituindo-se nessa medida em imagem da própria sociedade.

A sua narrativa e o seu tempo sequencial, a sua efabulação, as suas histórias, convergem como modalidades específicas de produção de telerealidade. O real aparece através dos seus simulacros obscenos e sensacionais, e a verdade, de uma forma geral, é a verdade do dispositivo televisivo - enfatizar, enfatizar sempre, superar a máquina retransmissora do real, transformá-la em máquina produtora de real e do espectáculo.

Sintoma, cujo princípio de realidade se manifesta sem se autodesignar, isto é, trabalha num registo de ilusão naturalista e de criação de efeitos de legitimação tendo por horizonte de conhecimento o seu contrato de visibilidade e de credibilidade com o telespectador, um horizonte de acontecimento, em suma.


Pode por isso dizer-se que a televisão generalista clássica perdeu o sentido da história, isto é, o seu dispositivo evolui de tal forma ao ritmo do "quotidiano", como espelho de uma realidade prosaica, vulgar, que, com alguma perversidade, o registo telereal se faz a uma velocidade directamente proporcional à fugacidade da ordem natural das coisas, do tempo, e do mundo.

É de facto esta conotação espectacular do acontecimento irrelevante que o coloca como o actual "maravilhoso" das sociedades democráticas: ele substitui-se à vertigem do real e é nesse hiato que irrompe a lei do espectáculo, que é, no dizer de Pierre Nora, «a mais totalitária das leis do mundo livre».

27.2.05


Livro Recomendado, com reprodução do «Agradecimento» (e a terminar, uma dúvida inquietante):
«Este livro não poderia ter sido feito sem o empenhamento e dedicação do primeiro-ministro demissionário, Pedro Santana Lopes. Onde alguns poderão ver uma crítica à sua actuação política, esta colectânea de desenhos constitui, antes de mais, uma homenagem ao político que, no curtíssimo espaço de quatro meses, conseguiu produzir mais «episódios» do que qualquer outro primeiro-ministro ao longo de uma legislatura completa de quatro anos.
«Os «episódios» sucederam-se a um ritmo tal que nos foi difícil acompanhar a sua produção, que atingiu mesmo contornos de uma concorrência desleal e que, a terminar a 20 de Fevereiro, irá deixar um vazio difícil de preencher e inconsoláveis todos os humoristas deste País.» Assinam: António e Cid.
Ainda a propósito do 'fenómeno' PSL. Diz o
DN que, no discurso de ontem, no Conselho Nacional do PSD, «Santana Lopes pediu ao Conselho de Jurisdição Nacional do partido para avaliar e "clarificar a doutrina" sobre o "comportamento ético" de militantes do partido durante a campanha eleitoral. » (...) «Face à agitação que estas palavras causaram (possíveis sanções), Santana veio depois explicar-se. Confirmou ter feito essa sugestão para "clarificar doutrina" sobre "comportamentos de militantes que atacaram o partido na campanha eleitoral"».
Parece que o Conselho de Jurisdição Nacional não deverá tomar qualquer iniciativa sobre a sugestão de Santana.

O que é pena.
Ou não será que onde mais faltou comportamento ético, doutrina social-democrata, e de onde mais ataques vieram ao PSD foi do próprio PSL?
Como diria o outro, tem pai que é cego... (mas quando é que o homem nos deixa em paz?)
(Ex) citação
[Santana Lopes] É uma mistura de Zandinga com Gabriel Alves».
Durão Barroso, XXIII Congresso do PSD, Viseu, Fevereiro de 2000.

Contra o baixo nível na TV

Do Brasil vem algum do telelixo, mas vêm também grandes notícias. Como a que o Público traz hoje: «Anunciantes aderem à campanha contra o baixo nível na TV». Com o subtítulo «Brasil tenta elevar o nível da televisão», diz a notícia que deputados brasileiros do Comité de Ética na TV da Comissão de Direitos Humanos e Minorias conseguiram convencer grandes empresas a evitar anunciar junto a programas considerados degradantes. A campanha tem nome: «Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania». E o líder do 'ranking da baixaria' brasileiro é a novela Senhora do Destino (em 54 reclamações - 20% do total - os telespectadores brasileiros acham que a novela força no "apelo sexual" e na "incitação à violência" em horário impróprio), novela que passa actualmente na SIC, em horário nobre.
Um director da cervejeira Kaiser diz mesmo na peça de Paulo de Vasconcellos que «O mercado de cervejas não é sustentável se as empresas não adoptarem políticas de responsabilidade social».
Fica então a pergunta: será que a TV é sustentável se os operadores de televisão passarem ao lado da responsabilidade social e da certificação da qualidade?

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Da Caverna de Platão à Caverna da Televisão (III)
(...) Agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais.
- Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?

- Muito mais - afirmou.
- Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?
- Seria assim - disse ele.
- E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?
- Não poderia, de facto, pelo menos de repente.

- Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais fàcilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.

26.2.05


Da Caverna de Platão à Caverna da Televisão (II)
(…)
- E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?
- Por Zeus, que sim!
- De qualquer modo - afirmei - pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.
- É absolutamente forçoso - disse ele.
- Considera pois - continuei - o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que
passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?
(continua)

Inovação

Depois do Comité de Sábios ter estado nove meses a trabalhar no ‘informe’ sobre a TVE, o Conselho de Ministros espanhol nomeou um grupo de trabalho para estudar o relatório dos sábios...

25.2.05


Telos, Cuaderno Central (TDT) Oct.-Dec. 2003


Da Caverna de Platão à Caverna da Televisão (I)
O diálogo entre Sócrates e Glauco (Platão, República, Livro VII), na alegoria da caverna, retrata o pensamento de Platão quando pretendia dizer que era do interior de nós e não das ‘mediatizações’ que se alcançavam os ‘verdadeiros objectos’.
Tal como se retira do Fedro: confiando na escrita é do exterior de si e não de si próprios que os homens se recordarão das coisas. O código de escrita seria para Platão, efectivamente, um simulacro do real, uma 'arte da ilusão'. Platão via assim o acto de delegação do saber na escrita como uma perda, dado os caracteres obrigarem a uma mnemotécnica, a um 'conhecimento técnico’ que desabituava do 'esforço interior' e que, portanto, engendrava a ilusão de um saber não crítico e facilmente adquirido para ser solidamente fundado.
Vejamos o princípio da alegoria da caverna, do Livro VII, do República, onde Platão abre esse diálogo. Diz Sócrates:
- (…) Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos «robertos» colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles.
(…)
- Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
- Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas - observou ele.
- Semelhantes a nós - continuei. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?

(...)
(continua)

O fim de um pesadelo

A ler, a reler, a recomendar: Miguel Sousa Tavares, no Público de hoje. Se não se perceber, guardar para ler mais tarde.

24.2.05

RTP1 quer reforçar a ‘ideia de serviço público’

Nuno Santos, director de programas da RTP1 diz ao Público que a grelha para o mês de Março faz parte de um projecto a desenvolver nos próximos meses e que visa, essencialmente, "reforçar a ideia de serviço público de forma criativa, com conteúdos de excelência".
Mudar, começa de facto pela consciência de que é necessária a mudança. E, nesse campo, a RTP1 é um belo alfobre de necessidades de mudança, sobretudo para cumprir o Contrato de Concessão.


Entretanto, sabe-se que a RTP vai colocar em horário nobre um programa sobre saúde pública. A RTP1 estreia no dia 8 de Março, em horário nobre, Centro de Saúde, que marca o regresso da jornalista Cláudia Borges à televisão. A ser assim, a RTP1 está a encontrar o bom caminho. Mas tem muito que trilhar...

BN francesa coloca Arquivo de Imprensa online

Jean-Noël Jeanneney, historiador dos media e actual presidente da Biblioteca Nacional de França anunciou ir colocar na Internet os arquivos da imprensa francesa desde o século XIX até 1944. Os primeiros jornais a disponibilizar são o Figaro, fundado em 1826, o L’Humanité, de 1904 e o Le Temps, de 1861. Esta é uma primeira resposta francófona aos objectivos do Google e do Yahoo de monopolizarem os arquivos na Net em língua inglesa. (ver Público). Ver ainda o post Google e Yahoo à conquista do Arquivo Global.

Citações
Ao «(nível do ritual da comunicação das notícias) constrói-se um nevoeiro que nos envolve e não nos deixa distinguir com clareza o real do 'irreal' (chamemos assim, provisoriamente, ao que nos fica do estatuto de realidade das imagens do telejornal).» (...)

«A função dos média consiste em abrir o espaço da 'comunicação social' (que difere do 'espaço público'); ora, nem mesmo a este nível se edificou um sistema que desse voz a 'sujeitos colectivos de enunciação', sempre enquadrados em programas, fórmulas expressivas de representação, tempos de antena e limitações jornalísticas que pevertem radicalmente o que deveria ser um plano de comunicação, um fórum em que os cidadãos pudessem discutir problemas, levantar questões, pensar e agir sobre a sua sociedade.»

«A televisão portuguesa é como toda a gente sabe (e com raríssimas excepções, que toda a gente também conhece) uma pura miséria, uma máquina de fabricação e sedimentação da iliteracia.»

«O espaço público deveria ser aberto, mas fechando-se, limitando-se, permite que o telespectador, o ouvinte e o leitor sejam imediatamennte absorvidos pela sombra branca ou dupla realidade com que se deparam».
José Gil, Portugal, Hoje: O Medo de Existir

23.2.05

Crise na Pay TV

A Sogecable, do Grupo Prisa e da Telefónica, entre outros, acaba de solicitar autorização ao governo espanhol para o Canal+ (que está no mercado da Pay TV espanhola desde 1990) passar a emitir 24 horas em aberto - actualmente emite apenas 6 horas em aberto.

A Sogecable refere que passar o Canal+ a canal aberto se explica também por um excesso de saturação publicitária e porque as redes generalistas privadas estão com lucros de 80%. A acontecer, «supondrá un beneficio inequívoco para el interés general, para todos los ciudadanos y para la industria de la comunicación y el entretenimiento en España, favoreciendo el pluralismo informativo, la producción audiovisual, el sector de la publicidad y a todos los demás agentes que participan en esta industria.»

Nos últimos anos o Canal+ foi canibalizado pela plataforma por satélite Digital+. No final de 2004, a Digital+ tinha 1,6 milhões de assinantes e o Canal+ analógico tinha 440 mil, o que significava uma perda de 50% dos seu clientes devido à migração para a plataforma por satélite digital.
Citações
«Os mass media transformam em actos aquilo que poderia ser apenas palavra no ar, dão ao discurso, à declaração, à conferência de imprensa, a solene eficácia do gesto irreversível.» (...) «Ora, globalmente considerado, o sistema informativo dos media fabrica o ininteligível» (...). «Todas as sociedades procuram assim perpetuar-se através de um sistema de novidades que têm por fim último negar o acontecimento, porque o acontecimento é precisamente a ruptura que poria em causa o equilíbrio sobre o qual se fundamentavam».
Pierre Nora, «O regresso de acontecimento», Fazer História I.

«Hoje em dia, todo acontecimento é, de certa forma, um fait-divers».
Pierre Nora, «O acontecimento e o historiador do presente», A Nova História

22.2.05


Gila, Hermano Lobo, 3/1/1976

Por una auténtica misión de servicio público para España

Foi finalmente apresentado o «documento dos sábios» sobre o futuro da TVE - INFORME PARA LA REFORMA DE LOS MEDIOS DE COMUNICACIÓN DE TITULARIDAD DEL ESTADO. Aqui ficam algumas das conclusões finais deste importante documento:

· La existencia, organización y financiación del servicio público integral
en la comunicación y la información, con atención a sus principios de
proporcionalidad y transparencia financieras respecto a las misiones
encomendadas, está avalada de manera amplia y suficiente por la
doctrina legal y la jurisprudencia europeas. Ni los cambios tecnológicos
ni la internacionalización mediática debilitan la necesidad de unos
medios gestionados públicamente.

· La misión de servicio público debe enmarcarse en el artículo 20 de la
Constitución, que establece el derecho a la libertad de expresión y los
límites del mismo. Debe también vincularse a la defensa y el fomento
de otros valores y principios constitucionales: la igualdad de los
ciudadanos, el pluralismo y la participación democráticas, la cohesión y
articulación del Estado español, y el derecho a la educación y la cultura,
mediante las Instituciones e instrumentos que promuevan estos ideales.

· La definición clara de unos objetivos de servicio público, acorde con
las directrices de la Unión Europea, y que distinga los medios públicos
de los privados, justifica plenamente la tutela del Estado sobre aquéllos.
Esto implica perseguir prioritariamente una rentabilidad social, sin
abandonar los criterios de sostenibilidad económica.

Por unos contenidos de calidad para todos los ciudadanos.

· Ofrecer unos contenidos de servicio público que abarquen la
información, la cultura, la educación y el entretenimiento, respetando el
pluralismo y la atención expresa a los sectores sociales que más lo
necesitan, todo ello con una especial exigencia de calidad, así como de
respeto a la dignidad de las personas y a la protección de la infancia.

· Impulsar especialmente la producción propia de programas de
televisión. Al mismo tiempo, la radiotelevisión pública ha de ser uno de
los motores de la industria audiovisual española y deberá promover la
coproducción independiente, europea e iberoamericana.

· Regular el derecho constitucional de acceso de los grupos sociales y
políticos significativos a los medios públicos, como elemento
fundamental de la participación ciudadana.

· Reducir gradualmente el tiempo dedicado a emisiones publicitarias,
hasta niveles claramente inferiores a los establecidos para las
televisiones comerciales, y con determinación de límites estrictos a sus
modalidades y formas de inserción.

· Crear, lo antes posible, un Consejo Audiovisual plenamente autónomo,
con capacidad de regulación y sanción, que establezca el seguimiento y
el control de la misión de servicio público, a través de indicadores
cuantitativos y cualitativos que sirvan para medir permanentemente su
rentabilidad social y no la meramente económica. El establecimiento de
este Consejo parece imprescindible para asegurar un sistema
audiovisual armónico.


Síntese da declaração de voto do vogal Fernando González Urbaneja, presidente de la Asociación de la Prensa de Madrid : «Un proyecto que no respeta al contribuyente y consagra un sistema desleal». Também o representante do Ministério da Economia, Miguel Ángel Arnedo, discordou do texto final.

Media degenerativos

Onde se pode encontrar alguma aproximação entre a crítica formulada pelo Papa e a crítica sociológica e laica: «Os meios de massas podem e devem promover a justiça e a solidariedade segundo uma visão correcta e orgânica do desenvolvimento humano» (...) e devem salvaguardar «a centralidade e dignidade da pessoa» (ver Público).
A Carta (III)
Daniel Sampaio, em resposta à famigerada carta (ver A Capital de 20 de Fev.):
«Caro Dr. Santana Lopes: (...) vou ter saudades suas. Como Professor de Psiquiatria, a sua personalidade fascina-me. Como cronista, onde irei buscar uma tão produtiva fonte de inspiração? (...) Sou médico e sei o que custam as derrotas. Ajude-me, no entanto, a fazer frente a uma coisa que não compreendo: por que razão bate a sua culpa no peito dos outros?»

21.2.05


«Foi como se fosse um novo 25 de Abril»
Anónimo, na noite eleitoral de ontem.

20.2.05

Guia para a noite eleitoral

Veja-se o texto do Diário Digital: Televisões mobilizadas na noite do regresso de Marcelo. E preparem-se para logo porque se Marcelo Rebelo de Sousa quer testar a independência da RTP, não está certamente sózinho. Aliás, o melhor é ele começar justamente por não ter dúvidas sobre esse tema...

Cultura ou mediocridade geral?

É a pertinente pergunta de João Lopes no DN: «Uma das imagens mais impressionantes das rotinas semanais das televisões está no concurso Um contra Todos (RTP1)». (…) «Ter Um contra Todos às 21.25 traduz um gosto de feliz generalização da mediocridade.»

TVI, ano 12

O DN traz um pequeno dossier sobre o 12º aniversário da TVI, com entrevista a Paes do Amaral e análises de João Lopes, Rogério Santos e de mim próprio. Estes textos não estão para já na edição online do DN, pelo que vos deixo só o texto que assinei:

A TVI está com 12 anos de história e está a cerca de 2 anos da renovação da sua licença por parte do Estado, o que deverá suceder até 22 de Janeiro de 2007.

De 1993 para cá, muito água, com maior ou menor ‘inspiração cristã’, correu sob as pontes, mas é claro que a sociedade civil portuguesa, relativamente ao que seria desejável, pouco ganhou com este histórico recente da televisão privada generalista em Portugal.

De facto, o que ganharam os portugueses, que amadurecimento e crescimento se deu neste país, com base na qualidade da TV privada? O que é que devemos agradecer à TV privada nesta dúzia de anos? Os reality-shows? O pontapé do Marco e o murro do Frota? O horário nobre telenoveleiro? A actualidade trágica, o fait-divers e a pequena política na informação? O ‘analgésico’ pós-laboral em que se transformou a ‘caixa’?

Em todo o caso, há que reconhecer um sucesso, esse sim, exclusivo da TVI: a criação de uma pequena indústria nacional de produção de ficção televisiva, com melhores resultados que a produção da própria Rede Globo. Podemos discordar dos conteúdos, mas este suporte a uma indústria emergente é fundamental para desenvolver outras áreas não-comerciais, como, por exemplo, o documentário. Mas aí, já a TVI falha de novo.

Donde, o próximo governo deverá estudar formas de introduzir na renovação das licenças às TV’s privadas, condições complementares que exijam uma inequívoca ‘certificação da qualidade’ de conteúdos dos operadores privados e a responsabilidade social e de cidadania destas empresas, através de cadernos de encargos específicos.

19.2.05

O algodão não engana

Com uma queixa na AACS (já com relator) antes ainda de ter começado, arranca amanhã a novela Risco Supremo - O Teste da Barata, no Telejornal da RTP1. O Prof. Marcelo deu-lhe o nome (ver DN). Na ocasião, o pivot da TVI José Carlos Castro referiu: «"é cada vez mais difícil ser-se independente" e muitas vezes aquilo que é pedido ao jornalista "já vem filtrado". No entanto, "tudo depende de quem manda na empresa" e por vezes as pressões políticas ou económicas têm menos expressão num grande grupo de comunicação social do que no órgão de comunicação isolado». IRREAL TV sugere em vez de «teste da barata», a máxima «o algodão não engana».
Reveja-se o post:
A informação televisiva, a opinião e o pluralismo – o caso MRS
Este ainda: Qualidade, indepedência e rigor da informação da RTP
Já gora mais este: Telejornal-salsicha-de-serviço-público

Vasco Pulido Valente, crítico de TV

«(...) A clareza e coerência dos tempos de antena "convenciam" muito mais do que as declarações descosidas dos chefes que hoje, em pura perda, enchem os noticiários.» (...) «Sócrates terá a maioria, a até absoluta, mas não tem "presença" (a qualidade que faz que entre cinco pessoas se olhe para uma).» (A ler)

Holanda multa TV's

Diz o DN: «Por terem ultrapassado os limites legais dos 12 minutos de publicidade por hora, vários canais de televisão públicos e privados holandeses vão pagar, no seu conjunto, uma multa de 243 mil Euros, por decisão do Comissariado Mediático daquele país». Aplicada em Portugal, esta medida faria rica qualquer Autoridade de Regulação...

18.2.05

À espera do Prof. Marcelo

17.2.05

A Carta (II)

Mesmo não me sendo destinada, resolvi abrir.
Surpresa!... Afinal não era uma oração a S. Judas Tadeu...
Era assinada: Pedro Santana Lopes.
Brincadeira!
Naturalmente alguém que se quer fazer passar pelo Presidente do PSD e pelo Primeiro-ministro...
Diz que «não se dá bem com este sistema». (Mas qual será o sistema com que se dará bem?)
E depois diz que me tratam mal a mim...???
Essa não percebo.
«Ajude-me a fazer-lhes frente», diz mais à frente. (Bora lá!, tou nessa aí. Quanto são, quantos são??)
E depois pede para lhe fazermos um favor e ir votar. Ora essa!
Mas depois de uma carta destas será que quer mesmo que votem nele?
A Carta (I)

Recebi hoje esta carta. Por engano, certamente. Queria devolver ao remetente, mas não sei como. Pelo aspecto parece uma daquelas preces a S. Judas Tadeu, para reenviar a 100 conhecidos..., sob pena de todos os males do Mundo nos caírem em cima. Será?

'Product placement' na ficção televisiva

Veja-se um dossier do CSA sobre o tema.
Citação
«Se a comunicação política adquire uma importância crescente, é porque a política não impõe mais nenhum princípio de integração, de unificação, ao conjunto das experiências sociais».
Alain Touraine, «Communication politique et crise de représentativité», Hermès, nº 4, 1989.

La TNT, ça va marcher ?

«Le jeudi 31 mars, après des années d'avanies, la télévision numérique terrestre débarquera sur les petits écrans de plusieurs grandes villes françaises, dont Paris (1), avant de toucher 80 à 85 % de la population en 2007. Une question, juste comme ça en passant: les chaînes sont-elles prêtes? Deuxième question, oh, trois fois rien : la TNT, ça va marcher ?» - pergunta o Libé. Veja-se ainda a decisão do CSA sobre o alargamento dos prazos de entrega de candidaturas.

16.2.05


Constança e a inconstância
Perguntava Constança Cunha e Sá a Santana Lopes, no Jornal Nacional da TVI (transcrição livre): «dado que Miguel Cadilhe já tinha dito que, a ir para o governo, o senhor tinha que rasgar o acordo com o PP, o que pensa fazer: ter Cadilhe no governo ou rasgar o acordo com o PP?»

Blogs destronam Media

A Delloite analisa o sector de media e prevê que em 2005 os downloads legais de música, as parcerias entre diferentes áreas de negócio, os blogs e a televisão digital terrestre serão os temas do ano. E acrescenta: «Apesar dos blogs não encarnarem uma ameaça directa às receitas obtidas pelos media tradicionais, deverão conseguir destronar os meios tradicionais à medida que cada vez mais pessoas expressam a sua opinião na Internet através dos blogs.»

Um «súbito sopro religioso»

Miguel Gaspar no DN, a propósito das telecerimónias em torno da morte da Irmã Lúcia: «O súbito sopro religioso que se viu nas televisões parou à hora da telenovela.»
Citação
«Pourvu que je ne parle dans mes écrits ni de l'autorité, ni du culte, ni de la politique, ni des gens en place, ni des corps en crédit, ni de l'Opéra, ni des autres spectacles, ni de personne qui tienne à quelque chose, je puis tout imprimer librement sans l'inspection de deux ou trois censeurs. Pour profiter de cette douce liberté, j'annonce un écrit périodique et croyant n'aller sur les brisées de personne, je l'appelle le journal inutile
Beaumarchais, Bodas de Fígaro


Nós, os 'cidadãos-repórteres'
Um dos temas fortes de «Nós, os Media», de Dan Gillmor, é precisamente o enfoque no facto dos media em geral começarem «a ver os seus poderes ameaçados devido às consequências da crescente facilidade com que se acede à Internet e às ferramentas que ela disponibiliza a custos reduzidos. Invertendo os papéis, esta nova revolução tecnológica, permite que os utilizadores passem a ser eles próprios produtores de notícias e outros conteúdos, dando origem a uma espécie de jornalismo cívico.»
Gillmor refere a panóplia de canais, desde os chats, os fóruns, listas de emails, messengers e weblogues, como integrando essa autonomização do cidadão anónimo, esbatendo-se assim «antigas fronteiras, para se caminhar num sentido em que a reportagem ou a produção de outros conteúdos será dialogante, sem regras impostas e se parecerá com uma imensa sala de conversa.»
Gillmor alerta em «Nós, os Media» para potencialidades e perigos do novo paradigma, reconhecendo, em recente entrevista ao Público (Mil Folhas, 5 de Fevereiro), que este livro resultou em boa parte do facto de ele próprio ter aprendido que os seus leitores sabem mais do que ele... «e que era possível conversar com eles em vez de lhes dar lições.» À pergunta «como é que vê os media dentro de dez anos?», Gillmor responde: «Acho que vamos ver muito mais "media" criados por pessoas que antigamente eram apenas audiências. Não-profissionais vão-se juntar com profissionais e transformar-se em repórteres-cidadãos.»

TEK 5

A TEK fez 5 anos no passado 11 de Fevereiro. Está com mais de 81 mil assinantes na sua newsletter e para comemorar a data editou um dossier sobre as mutações nas tecnologias nos últimos cinco anos: o documento, em PDF, está acessível online. Um pequeno extracto desse dossier:

Poder aos bloggers
Se considerarmos que em cada internauta pode haver pelo menos um blogger em potencial será fácil deduzir que o sucesso deste fenómeno, que começou a florescer no início da década, está para durar. Claro que o mais difícil será arranjar tempo para seleccionar e visitar aqueles que nos parecem mais interessantes, dos já muitos milhões existentes ...
Um relatório divulgado em meados do ano passado pela Technorati, empresa que monitoriza e oferece serviços de pesquisa a um universo de três milhões de weblogs, revelava que o número de páginas deste tipo existente na Internet se multiplica a um ritmo de diário que varia entre os oito e os 17 mil. Nas contas da empresa, isto significa que a cada 5,8 segundos é criado um novo blog.
No universo Internet português os blogs foram e continuam a ser um fenómeno de sucesso. A prová-lo estão dados do Netpanel da Marktest que indicam que durante o ano passado, este tipo de sites atraiu às suas páginas 36,9 por cento da comunidade internauta que na região de Portugal Continental acede à Web a partir de casa, num total de 602 mil utilizadores.
Incontornável é o facto de que estas páginas Web pessoais onde cada um pode deixar comentários sobre o quotidiano ou mostrar as suas opiniões ao mundo vieram transformar a publicação de conteúdos na Internet e hoje podemos encontrar blogs de jornalistas, técnicos e mesmo políticos que servem de fontes de informação alternativa, mesmo aos tradicionais meios de comunicação.

15.2.05

Citação
Tácito, Anais: «(...) mas é da dignidade do povo não entrarem na sua história senão os feitos ilustres, bastando aos insignificantes os diários da cidade.»

Media: o que está verdadeiramente em causa

Deixa-se aqui um «memo» como proposta de debate na Net, na blogosfera e nos media (naqueles em que esse debate seja possível, que nem em todos o será certamente) sobre algumas das grandes questões em jogo:

1- Dada a decisiva importância da Televisão para a Cidadania e o Desenvolvimento, releva-se a necessidade de uma Autoridade ou de um Conselho Superior estritamente para o Audiovisual.


2- Em consequência, um enquadramento sério e exigente da renovação das licenças à SIC e à TVI, que deve ser feito até 22 de Janeiro de 2007. O próximo governo deverá estudar sobretudo formas de introduzir nas novas licenças condições complementares que exijam alguma ‘certificação da qualidade’ dos conteúdos dos operadores privados e a responsabilidade social e de cidadania destas empresas, através de um caderno de encargos específico.

3- Defesa intransigente da diversidade dos conteúdos do audiovisual, sobretudo no operador público. Pôr um fim definitivo à estratégia de fidelização vertical e horizontal da RTP1 no horário nobre.

4- Impor estudos qualitativos sobre o desempenho dos conteúdos do operador público, face ao que está exigido no Contrato de Concessão da RTP.

5- Defesa intransigente do pluralismo e da liberdade editorial nos media em geral.

6- Defesa intransigente dos públicos mais sensíveis, monitorização de conteúdos com particular focagem na incitação ao ódio e à violência com especial atenção no ‘day time’.

7- Monitorização rigorosa de estratégias corporativas impudentes, de orientação de conteúdos e de controlo da liberdade editorial dos profissionais de comunicação social, com efeitos censórios e auto-censórios.

8- Uma lei anti-trust para os Media e New Media.

9- Um projecto de TDT que não venha a ser mais um «elefante branco» para as contas públicas e para o ‘público’. Reconsideração do lugar da TV Cabo face a esse projecto e face, portanto, ao lugar que o cabo ocupa no quadro da PT.

10- Uma modificação à Lei da Televisão que permita o aparecimento de TV’s locais, prevendo a sua migração futura para a TDT, terminando assim com este 'defice democrático' da legislação audiovisual portuguesa.

Criado o Forum Português TVAD

Foi criado o Fórum Português TVAD (Televisão de Alta Definição), membro do European HDTV Forum , cuja missão será de fomentar a divulgação deste novo formato. O Fórum prepara um Portal Web com 5 vertentes :
- Consumidor - A secção mais extensa do site fornecerá esclarecimentos e aconselhamento técnico ao consumidor para dar a conhecer o que é a TVAD, as várias opções presentes e futuras de visionar em AD, proporcionar demonstrações para quem deseja 'ver para acreditar' que estamos perante uma Qualidade Superior de Imagem TV.
- Produtores Video AD - Divulgando e apoiando mais produções nacionais em AD, oferecendo um interface com os fabricantes de equipamento de Produção AD.
- Broadcast AD - Promover e apoiar a produção de conteúdos TV nacionais em AD pelos operadores para futura utilização e realização de emissões experimentais.
- Cinema Digital 2k/4k - Promover informação e demonstrações junto do consumidor para lhe dar a conhecer esta nova Imagem em Alta Definição no Cinema e nessa base promover a criação de novas salas de Cinema Digitais em Portugal com o apoio dos fabricantes de equipamento D-Cinema e do ICAM.
- Notícias - Esta secção manterá actualizações permanentes sobre o programa Europeu de TVAD a ser preparado na Comissão Europeia, da situação em Portugal relativa à TVAD e TDT e de novidades a nível tecnológico seja de Equipamento seja de Programas.

Em finais de Outubro haverá uma 1º Conferencia Internacional com a participação de Entidades Reguladoras Europeias (EBU-DIF-EICTA ), dos Forums HDTV Europeus, da componente Indústria (Fabricantes, Brodcasters, Operadores Satélite ) e da componente Institucional Portuguesa para fazer o ponto de situação sobre o desenvolvimento da TVAD na Europa e seus reflexos em Portugal. (Contacto: Eng. Pedro Belo - Forum Português TVAD - pbelo@mail.telepac.pt)

Propostas dos partidos para o sector dos media em debate

Em vésperas de eleições, o Clube de Jornalistas pediu aos cinco maiores partidos que identificassem os principais problemas do sector dos media, em Portugal, e expusessem as soluções que propõem para os resolver.
As respostas surgem nas vozes de Luís Campos Ferreira, do PSD, Augusto Santos Silva, do PS, António Filipe do PCP, Pedro Mota Soares, do CDS e Daniel Oliveira do BE.

Em estúdio, os jornalistas Adelino Gomes e António Perez Metelo (e este blogueiro que vos serve), analisam essas propostas, num debate moderado por Estrela Serrano. Mais Informações no site do Clube de Jornalistas.
Transmissão na próxima quarta-feira, dia 16, na Dois, à meia-noite.

14.2.05



Transformações do audiovisual
O Caderno Central do último número da revista TELOS aborda a temática das novas práticas e mutações do audiovisual no dossier «Transformaciones del audiovisual - Nuevas miradas». Trata-se de um muito interessante dossier, de que reproduzimos aqui o essencial da síntese de apresentação.

O audiovisual é hoje um importante espaço de reflexão das mutações da comunicação moderna. Converteu-se, claramente, num «laboratório de experimentação e de mudança da comunicação e cultura contemporâneas, onde se transformam aceleradamente não só a produção e a distribuição de mensagens como também as relações comunicativas e os usos dos receptores.»

Em consequência da multiplicidade da oferta e da fragmentação do modelo tradicional, os conteúdos da “neo-televisão” têm também a sua evolução, e desta forma provocam também uma mudança no “contrato” com o público. Nesta perspectiva, o audiovisual está no cerne da emergência de novas linguagens, de novos modos de distribuição e convergência com os novos media e da complexidade do multimédia interactivo.

Gérard Imbert, no artigo «Nuevas formas televisivas. El transformismo televisivo o la crisis de lo real (de lo informe a lo deforme)» centra a sua análise da “tele-realidade” em múltiplos formatos, o que, segundo o investigador, conforma cada vez mais a televisão como um «descomunal instrumento de fabricación de la realidad».

Jesús Alcalde e Javier Reyes, em «De la forma audiovisual a la fórmula multimedia. La plurinformación televisiva» fazem uma reflexão sobre a fragmentação da oferta e da procura a que correspone «una pantalla fragmentaria, con múltiples fuentes de información icónicas y sonoras, dos lenguajes a su vez mutuamente emancipados en combinaciones múltiples.»

Nereida López Vidales titula o seu texto «Los medios audiovisuales en el tercer milenio. Atrapados en la tela de araña» e estuda a convergência do audiovisual com a Internet, especialmente na irrupção da Web TV «en la búsqueda de una televisión interactiva que está cambiando los contenidos y los modos de consumo.»

Finalmente, Claudia Rausell Köster, em «Nuevos relatos audiovisuales. Hacia una definición del relato audiovisual interactivo» aborda o tema da difícil construção da narrativa audiovisual interactiva que se expande dos meios audiovisuais à Internet.

13.2.05

O santanismo existe e dá na televisão

O filósofo José Gil, autor do recente livro Portugal Hoje – o Medo de Existir, ao Diário de Notícias: "Os portugueses têm uma imagem da governação algo conservadora, no sentido da seriedade e da competência. E aí, o que se tolera num político não se desculpa a um governante". E António Costa Pinto: (PSL) estabelece uma "ligação mediática que o leva a desprezar todas as outras dimensões e a confiar na sua imagem como capaz de resolver todos os problemas".
Se quando a boca diz sim, os olhos dizem talvez...

... o que dirão os olhos quando a boca diz este "Não admito..." ? Nada de bom, certamente.
«Que democracia é esta?»– perguntava, com o ar irascível da foto, o presidente do PSD. O Público de hoje (13 de Fev.) adiantava, entretanto, que depois daquela (mais uma) triste performance, Santana Lopes «
recuou no ataque à Comunicação Social». A verdade é que não têm conta as referências exaltadas e mesmo coléricas do líder do PSD em relação aos media, o que nunca abonou, em nada, a seu favor. Em acréscimo, comporta um efeito boomerang, para além de instalar na opinião pública o medo das lideranças prepotentes e tirânicas. Perante este quadro, de nada valem comentários do insuspeito Abrupto que, por uma vez, lhe são favoráveis nesta matéria. Pacheco Pereira, no seu texto «Isto não é jornalismo sério -2» vem em defesa de Santana Lopes, considerando que «o Expresso está em campanha, na campanha, mentindo como os jornalistas acusam os políticos de fazer.»
Sobre o tema, veja-se ainda o post
alô AACS – ainda está aí alguém?...


Abstinência televisiva
Patrick Volson, filmou para o ARTE, vinte anos depois de uma experiência em Créteil, as reacções de 11 famílias de Cachan (Val-de-Marne) ao longo de um mês sem TV – sem dezenas de canais de TV, ao contrário de há 20 anos atrás.
De 8 de Janeiro a 6 de Fevereiro, as novas cobaias desta experiência anti-febre do zap e anti-dependência do tubo meteram mãos à obra…
Como preencher o vazio deixado pelo pequeno écran e por este regresso forçado à era da Rádio?
Ganharam as bibliotecas, os gatos, as conversas e regressou uma ideia, talvez com menos convicção : meter a TV no seu devido lugar.
(Ver reportagem no Le Monde).

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RTP recupera Arquivo

«Arquivo Audiovisual Recuperado a Pensar no Futuro» texto de Ana Serafim, no Público: «(...)a RTP iniciou, em Janeiro de 2004, um processo de conservação física e de digitalização de documentos audiovisuais, num investimento que ronda os 13 milhões de euros. Os conteúdos em vídeo estão a ser copiados para formatos digitais pela RTP. Os registados em filme foram entregues à Tóbis Portuguesa, contratada para transcrever cerca de 15 mil horas de imagens e sons.»

Um tema de enorme relevância, prioritário não só em termos de Serviço Público, mas que deveria ser tratado de igual forma por parte dos operadores privados e Cabo - SIC, TVI, TV Cabo, sobretudo no que se refere a conteúdos nacionais.

Matéria, aliás, que deve ser considerada pelo regulador quando proximamente forem revistas as concessões da SIC e da TVI.


Ver ainda: As Imagens que fazem tropeçar a História também são Arquivo

12.2.05

Peak Time


Access Prime Time

11.2.05

O pluralismo na televisão do Estado

Manuel Pinto chamou a atenção no blog Jornalismo e Comunicação para o texto de Mário Bettencourt Resendes no DN de hoje, intitulado O pluralismo na televisão do Estado e ainda para a entrevista de Luís Marinho ao JN de ontem. Para Resendes, «O futuro próximo da RTP vai ser uma das primeiras provas de fogo do Governo que sair das eleições legislativas de 20 de Fevereiro.»

Para Luís Marinho, o objectivo (em matéria de pluralismo) «mede-se em função de uma avaliação global do espaço informativo e não com uma espécie de paranóia do contraditório que transforma a prática do jornalismo numa mera soma algébrica de intervenções dissociadas de critérios de qualidade.»

Tudo certo. Mas quem é que já mediu alguma vez, através de uma análise de conteúdo, se há pluralismo na RTP? Há algum estudo feito ao longo de 47 anos de RTP?

A propósito da notícia de hoje de O Independente sob o título «Cofina e Media Capital em desvantagem»

(Reprodução de e-mail enviado à Autoridade da Concorrência, à Alta Autoridade para a Comunicação Social, ao Independente e à Lusa):

Eu, Francisco Rui Cádima, prestei algumas declarações por telefone a Sónia Peres Pinto, de O Independente, tendo-lhe dito, nomeadamente, que iria fazer um parecer para a Alta Autoridade para a Comunicação Social no âmbito da venda da Lusomundo pela PT e que por isso não queria avançar informações específicas sobre o tema em apreço. Esse parecer não está feito, não está sequer iniciado (e neste momento não passa de uma proposta, com um custo).

Com muito espanto, leio na edição de hoje de O Independente, 11 de Fevereiro, que eu próprio liderava um trabalho para a Autoridade da Concorrência do qual se poderia retirar que o grupo SGC era o «mais bem posicionado» na corrida à Lusomundo Media.

Alguém disse que a comunicação tem razões que a informação desconhece... e é bem certo.

Com os melhores cumprimentos,
FRC

Mudar a TV que temos

O lado negro da televisão emerge, entre outras coisas, com o ‘real’ que o dispositivo televisivo cria como máquina, com a espectacularização do real, com a negação do acesso e dos particularismos, da diversidade, com a aculturação por «empréstimo», o abuso da violência explícita e implícita, e, através de um processo cuja complexidade analítica é evidente, pelo desafio dos fundamentos, pela desautorização dos princípios, dos valores, e mesmo da tradição, dando, por defeito, notoriedade e sobretudo uma falsa legitimidade ao negativo, ao monstruoso, quer se trate de um indivíduo, de um jogo de interesses, ou simplesmente de um fait-divers. É essa televisão que é urgente mudar.

Talvez por isso, são personalidades que sempre conferiram à TV uma importância «civilizacional», que em determinado momento deixam escapar como que uma angústia, uma dúvida, sobre eventuais efeitos perversos da ‘caixa’. Arthur Clarke, o «criador» da Mundovisão, chegou a dizer que «a televisão era pior que a bomba»... O próprio McLuhan, para quem era evidente que a TV completaria a «retribalização» do homem moderno, propunha pequenas curas de televisão, convidando os mais adictos à abstinência. Houve inclusive o caso do chanceler alemão Helmut Schmidt, que chegou a propor a suspensão das emissões de televisão um dia por semana. Idênticas reflexões teriam, afinal de contas, conduzido alguns países, como a Islândia e a Hungria, no princípio da década de 80, a terem o seu dia de descanso semanal da televisão. Longe estavam as opiniões radicais de Jerry Mender, que perguntava se não se podia «exterminá-la»....Os críticos mais virulentos, caso de Neil Postman, chegavam mesmo a afirmar que a televisão concorria para a destruição da «condição humana». E é conhecida também a opinião de um antigo director do Times, Gerald Long, que esgrimia sobre o pobre tubo catódico, considerando-o «portador de todos os males presentes e futuros da nossa sociedade» - e à televisão chamava-lhe uma «chaga da sociedade».

Passou-se entretanto mais de uma década sobre esta onda de pequenas e grandes fobias televisivas. Mas continua a poder citar-se vários catastrofistas do «elestrodoméstico». De Giovanni Sartori a Bernard Pivot, de Chomsky a Mattelart, passando por Ignacio Ramonet e Pierre Bourdieu. De facto, só como uma espécie de ‘salteadores da caixa perdida’, ou assumindo o lado de zappeur obsessivo, poderemos vislumbrar uma Televisão à altura do Homem. Talvez McLuhan tenha razão: à falta de melhor, pode ser que pequenas curas (diárias) de Televisão sirvam para exorcizar essa omnipresente ‘chaga’...

10.2.05


Desenho de Forges

A Televisão e a responsabilidade na Educação

Foi apresentada ontem em Espanha a Declaração de Madrid, subscrita por associações de pais, de telespectadores e numerosas instituições entre as quais o Observatorio Europeo de la Televisión Infantil e a Unicef.

No documento faz-se um apelo veemente para um claro e inequívoco respeito dos conteúdos televisivos pelos públicos mais sensíveis, pelas crianças. E, no plano social, procura defender-se o conceito de educação para os media através de um plano de educação global em comunicação e também para as tecnologias digitais.

E defende-se, nomeadamente:

1. O cumprimento da legislação nacional e internacional presente na Directiva Televisão sem Fronteiras, não só por parte do Estado como também por parte das TV's privadas.

2. A criação de um Conselho do Audiovisual estatal, independente e plural, encarregado de supervisionar o cumprimento da legislação com capacidade sancionadora. Um Conselho que potencie a auto-regulação, defenda a liberdade de expressão, proteja a infância e recolha as solicitações da cidadania.


Hermano Lobo, nº 116, 27 de julho de 1974

9.2.05

Comunicação ao País




Terça-feira de Carnaval. O primeiro-ministro não faz campanha eleitoral, mas decide fazer uma Comunicação ao País em directo do Palácio de São Bento. Passeia com os filhos pelos jardins. Pára junto à piscina que Cavaco Silva construiu. Fala da ida ao aeródromo de Monte Real (a 100 km de Lisboa) num Falcon da Força Aérea e responde às críticas do líder da oposição. A SIC Notícias ficou tão confusa que, um dia depois, ainda legendava em rodapé: PSL - 'Presidente do PSD'.

8.2.05


Ramón, Hermano Lobo, 22/11/1975

Media Capital reincide

Depois de no final do ano passado termos assistido a um (outro) qui pro quo governamental sobre a questão da Televisão Digital Terrestre, entre o ministro da Presidência, Morais Sarmento e o Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, Jorge Borrego, defendendo o primeiro, com alguma justeza e sabedoria, a atenção e a ponderação, e o segundo a acção, eis que novas vêm a terreiro sobre a TDT, pela parte do grupo Media Capital, ex-parceiro do projecto ONI Plataformas, empresa participada pela ONI (65%) e pela Media Capital (35%), derrotada no primeiro concurso, que por sua vez terminou com a cassação da licença da PTDP…

Um histórico perturbador, que, no entanto, faz regressar a matéria. E uma vez mais pela mão da Media Capital, que veio agora pedir autorização à Anacom para testar uma nova tecnologia no âmbito da Televisão Digital Terrestre (TDT). Diz-se nos jornais que a intenção da Media Capital é estar preparada para o novo concurso, que deverá acontecer em 2006, «caso o novo Governo assim o pretenda»…

Espera-se que quem o vier a pretender saiba justificar, com clareza, e os estudos necessários, a legitimidade, a pertinência e a existência de condições inequívocas para que a plataforma digital terrestre possa avançar neste pequeno mercado (onde já existe a plataforma da TV Cabo) e se o vai fazer de forma complementar ou concorrencial face a essa mesma plataforma. E será que alguém acredita que Portugal pode ter mesmo duas plataformas de TV Digital com oferta semelhante?


Chumy Chumez, Hermano Lobo, 13/12/1975

7.2.05

TDT em França a 31 de Março

As emissões gratuitas de Televisão Digital Terrestre iniciam-se em França, segundo o CSA e de acordo com os diferentes operadores, no próximo dia 31 de Março.

Em consulta:
la carte des sites d'émission de la TNT
la liste des chaînes diffusées
l'appel aux candidatures lancé le 14 décembre 2004 par le CSA pour six chaînes nationales
le dossier complet sur la télévision numérique terrestre

Sócrates vence nos ‘people-meters’

O DN faz uma ponderação quantitativa entre os candidatos a primeiro ministro, com base na audimetria das entrevistas a Judite de Sousa na RTP1: «A Grande Entrevista a José Sócrates foi a mais vista da série de conversas que Judite de Sousa conduziu ao longo da semana na RTP1 com os cinco principais líderes partidários. Cerca de um milhão e cem mil portugueses acompanharam a entrevista - mais 200 mil do que os que escutaram as propostas de Santana Lopes.De acordo com os dados da Marktest, a Grande Entrevista de Sócrates, na terça-feira, chegou aos 12,3% de audiência média. Mais de dois pontos abaixo nesta contabilidade ficou Santana Lopes, presidente do PSD. Esteve na RTP na sexta-feira e cativou 10,2% de telespectadores.»
Figures du Public

Réseaux nº 126, Ed.Hermes Science/Lavoisier
Paris, Novembre de 2004

Com coordenação de duas investigadoras francesas, Dominique Mehl e Dominique Pasquier, do CEMS - Centre d’Étude des Mouvements Sociaux, do CNRS, acaba de sair o último número da revista Réseaux, dedicado ao tema dos públicos dos media de massa… «(…) sondeurs, sociologues, ethnologues, anthropologues, politistes rivalisent d’inventivité pour le décrire, l’autopsier, évaluer son activité et ses engagements, soupeser son poids dans la communication audiovisuelle, esquisser son role dans l’espace public».

Procurando actualizar todo um conjunto de reflexões desenvolvidas, designadamente em França e no Reino Unido, sobre esta temática, este dossier é importante precisamente pelo reforço que faz da complexidade do tema, recusando todos os simplismos e a dualidade da velha lógica que opõe o telespectador 'activo' ao ‘passivo’.

Desde logo, uma certeza, aliás como há muito dizia sabiamente Michel Souchon: não há apenas o ‘público’, mas públicos; não há uma figura, mas figuras do público.
Face à crença na chamada ‘audiência’ enquanto entidade também ela como massa, emerge o conceito de diversidade de públicos, de pluralidades compósitas, de culturas complexas e também «cívicas», como referem nesta revista Sonia Livingstone, da London School of Economics and Political Sciences e também a própria Dominique Mehl: «(…) de ce monde protestataire emerge très nettement la figure du spectateur civique, vigilant dans l´espace public, mais aussi emporté par les passions interethniques et déchiré par les fractures des sociétés contemporaines».

5.2.05

Programa do CDS esquece sector dos Media

Ninguém terá certamente dúvidas de que o sector dos Media é estratégico, de prioridade máxima para o desenvolvimento. Apesar da instrumentalização a que está regularmente sujeito, basta estudar um pouco de história dos media para perceber a sua importância para a afirmação da cidadania, da opinião pública e do conhecimento –e, portanto, do desenvolvimento das sociedades.
Não se percebe portanto porque é que o CDS decidiu esquecer, no seu Programa de Governo, este sector fundamental. Tendo sido o Presidente do CDS, Paulo Portas, antigo jornalista, todas as ilações… e mais uma, poderão, naturalmente, ser retiradas desta (não) decisão.

O homem e a TV

Onde os episódios são adaptados a formatos de 60 segundos…

Da TEK: «A exibição de filmes em telemóveis está a exigir aos realizadores novos formatos que se adaptem ao escasso ecrã dos equipamentos e com uma duração compatível com o pouco tempo de atenção que os utilizadores podem dar à emissão. O serviço MobiTV é um bom exemplo dos modelos pelos quais pode passar o futuro nesta área.
«Usando o slogan “televisão em directo em qualquer lado, a qualquer momento”, a MobiTV já funciona há mais de um ano e o serviço foi adoptado pela maior operadora móvel norte americana, a Cingular Wireless. A exibição de canais de TV nos telemóveis 3G faz também parte do serviço da portuguesa TMN, cujos clientes podem ver alguns canais de televisão em directo e programas em diferido
«Mas outras operadoras estão a seguir os passos do Mobi TV e ainda na semana passada a Verizon apresentou o seu Cell TV, onde os episódios são adaptados a formatos de 60 segundos, tempo necessário para pouco mais do que perceber uma cena…»

3.2.05



Apesar de tudo, foi salvaguardada minimamente a dignidade da política e o grande receio dos portugueses está superado. E se não foi um debate com muita trapalhada, provavelmente muito se fica a dever ao próprio modelo instituído. Que serviu claramente a Sócrates mas também ajudou Santana a não se despistar...

Santana fechou melhor que Sócrates, olhando sempre de frente os telespectadores. E terminar bem num debate com muitos equilíbrios foi-lhe muito favorável, dadas as baixas expectativas existentes.

José Sócrates finaliza o debate sem olhar a câmara uma só vez, o que foi um grande erro do ponto de vista da afirmação da convicção, com efeitos negativos nos eleitores, que não se sentiram olhados de frente.

Sócrates vs. Santana: o único impacto assegurado é o mediático


Segundo o Diário Económico de hoje, o único frente-a-frente entre os candidatos a primeiro-ministro, José Sócrates e Santana Lopes (logo à noite na SIC e na 2:) é importante, mas não decisivo: «O debate de hoje não será decisivo na influência dos eleitores, mas poderá ajudar alguns eleitores a decidirem-se, consideram os especialistas.»
Carla Castro recolheu diversos depoimentos, entre os quais alguns do próprio escrevinhador:
«O maior risco é que a conversa resulte na discussão de assuntos lateriais da pré-campanha, deixando o essencial das propostas por esclarecer.
«“O impacto mediático está assegurado. O político não. É necessário que os jornalistas consigam que os candidatos em vez de se dispersarem, discutam as suas divergências programáticas”, defende José Bragança de Miranda, professor na Universidade Nova de Lisboa.
«“Para ganhar eleições não é fundamental, mas o número dos que poderão mudar de opinião é sempre muito maior que o que é conseguido em qualquer outra iniciativa política, embora signifique pouco em termos de percentagem”, defende o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres.“Os candidatos têm que tentar ganhar eleitores, mas também manter os que já conquistaram. Daí que é de esperar que os discursos de aproximem, muito ao centro, para abrangerem mais público”, defende Rui Cádima, também professor Universidade Nova.
«Considerado melhor orador que José Sócrates, Santana Lopes nem por isso se perfila como o vencedor. Os seus dotes oratórios “também são o seu calcanhar-de-aquiles, porque ele escorrega no púlpito”, argumenta Rui Cádima.
«Segundo este professor da Nova, o seu bom desempenho nos congressos do PSD não se está a traduzir na pré-campanha. “As suas qualidades e competências falham quando tenta convencer os eleitores”, sublinha. Daí que Rui Cádima considere que o actual primeiro-ministro pode até vir a ser o mais prejudicado e adianta que se fosse seu conselheiro o aconselharia a “reflectir bem sobre o que vai dizer”. Uma coisa que Sócrates faz bem demais e chega a perceber-se que “estudou a cartilha e é tudo demasiado ensaiado”.»

TVE «pré-fabricada»

Em Espanha, o Comité de Sábios para a reforma da TVE, está, segundo o ABC, de candeias às avessas com o governo de Zapatero: « El plan del Comité de Sabios está congelado y ya han saltado las primeras alarmas en Moncloa: si prospera la recomendación del Gobierno, el dictamen definitivo incluirá votos particulares de aquellos expertos que no harán suyo un plan «prefabricado» que se ha vendido a la opinión pública como un proyecto común, profesional e independiente.», é pelo menos o que diz a notícia de hoje «El Gobierno presiona al Comité de Sabios para que se ajuste a un modelo de TVE diseñado por Moncloa».

2.2.05

Outdoor

Quando a semiótica é 'kamikaze', o marketing político não será suicidário?
[veja-se ainda como no 4R (blog, entre outros, de David Justino) se leu este cartaz]
[vajam-se ainda alguns cartazes óbvios (depois de tudo o que se tem visto), mas só aqui 'colados': jumento.blogdrive.com]

Apenas balbuciaram que...

Miguel Gaspar no DN de hoje: «Não me lembro da última vez que alguém foi a uma entrevista televisiva só para dizer que não aceitava a conversa e sair do estúdio a seguir. Aconteceu ontem, ao meio-dia e qualquer coisa (a melhor hora do dia para falar de política) na RTP-N. Manuel Monteiro era o convidado atacou os responsáveis da RTP por discriminarem o seu partido e levantou-se. Perplexos, os entrevistadores apenas balbuciaram que (...)».
Um caso a (não) seguir, sobretudo pelo que poderá (não) acontecer na SIC Notícias, onde Manuel Monteiro é comentador (não-comentador?).
(ver também o texto do Nacional)

Arqueologias

Uma profecia de Andrew Lippman (um dos homens fortes do Media Lab do MIT), feita em meados dos anos 90, dava como destino final à ‘caixa’, cinco anos depois, no ano 2000, um simples vaso para flores…Datada de há dez anos atrás, e divulgada através do documentário The End of Television - O Fim da Televisão, com realização de Jean Ménard (produção da Canadian Broadcasting Corporation, 1995, emitido na altura pela RTP2) esta profecia continuará a aguardar a sua vez, demonstrando novas e insuspeitadas virtualidades da 'caixa'. Qual vaso, qual quê... ELA ESTÁ AÍ...

1.2.05

Google e Yahoo à conquista do Arquivo Global

Vista pelo lado do Google, a questão coloca-se ‘simplesmente’ assim: «A nossa missão é organizar a informação mundial, e isso inclui os milhares de programas que as nossas televisões emitem diariamente. O Google Video permite procurar um arquivo cada vez maior de conteúdos televisivos – tudo desde o desporto até aos documentários de dinossauros e às notícias».
«Isto não está a acontecer» - poder-se-á, legitimamente, pensar. Mas não. Está mesmo a acontecer e em duplicado. Também o Yahoo está na corrida e já tem imagens de programas da própria RTP, com links para o arquivo do site do Padre Júlio Grangeia (
www.padrejulio.net)!
Que mais nos irá acontecer…, agora que o arquivo global está a caminho? É, claramente, um momento muito singular para a História da Televisão.

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