19.12.04

alô AACS – ainda está aí alguém?...

Passou um mês desde que o primeiro-ministro explicitou mais declaradamente a sua cruzada contra aquilo que ele considera ser a ‘infiel’ comunicação social.

Reporto-me, nomeadamente, ao período pós-congresso do PSD de Barcelos.

Não me refiro a «casos» anteriores, como o de Marcelo Rebelo de Sousa (abordado neste blogue), que já teve o seu percurso na AACS - Alta Autoridade para a Comunicação Social (nomeadamente através da DELIBERAÇÃO SOBRE O PROCESSO REFERENTE ÀS RELAÇÕES
ENTRE OS PODERES POLÍTICO E ECONÓMICO E OS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
).

Ainda em Barcelos, no Congresso do PSD, em Novembro passado, o primeiro-ministro esgrimiu, com gravidade, contra ‘centrais de informação’ que controlam os ‘fóruns’ da comunicação social (TSF e SIC Notícias em causa, nomeadamente).

Depois, num jantar-comício na Póvoa do Varzim, acusa a agência Lusa de «se recusar a fazer uma notícia com declarações a defender o primeiro-ministro», dizendo: «"Nós temos os nomes das pessoas, sabemos quem foram"… O Conselho de Redacção da Lusa considerou «inadmissível» a frase proferida, referindo que «indicia uma ameaça e uma atitude persecutória que o Conselho não só rejeita como repudia».

Na Assembleia da República, no dia da votação do Orçamento de Estado, Santana Lopes referiu-se várias vezes, muito criticamente, às «centrais de intoxicação» em que se teriam tornado os media portugueses.

Na entrevista a Judite de Sousa, na RTP1, o primeiro ministro encarnou a vítima de todas as perseguições mediáticas, não deixando de invectivar a RTP por acolher nos telejornais um director de jornal que se havia oposto à nomeação do seu governo por parte do PR.

Perante este conjunto de suspeitas e de gravíssimas acusações do primeiro-ministro à comunicação social portuguesa, a AACS mantém o seu silêncio.

E de duas uma:

ou o primeiro-ministro tem razão e as denúncias e/ou suspeitas por si levantadas conduzirão à conclusão de que existe uma grave situação de pluralismo nos media portugueses, que exige a intervenção da AACS, desde logo no processo de averiguações.

ou o primeiro-ministro não tem razão e as denúncias e/ou suspeitas por si levantadas levarão eventualmente a pensar que ele já não fará eventualmente questão de intervir no sentido de dar aos portugueses e às portuguesas uma comunicação social eventualmente... verdadeiramente livre e pluralista...


E todos dormiremos mais felizes. Eventualmente...

Alô AACS – está aí alguém?...

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