20.2.05

TVI, ano 12

O DN traz um pequeno dossier sobre o 12º aniversário da TVI, com entrevista a Paes do Amaral e análises de João Lopes, Rogério Santos e de mim próprio. Estes textos não estão para já na edição online do DN, pelo que vos deixo só o texto que assinei:

A TVI está com 12 anos de história e está a cerca de 2 anos da renovação da sua licença por parte do Estado, o que deverá suceder até 22 de Janeiro de 2007.

De 1993 para cá, muito água, com maior ou menor ‘inspiração cristã’, correu sob as pontes, mas é claro que a sociedade civil portuguesa, relativamente ao que seria desejável, pouco ganhou com este histórico recente da televisão privada generalista em Portugal.

De facto, o que ganharam os portugueses, que amadurecimento e crescimento se deu neste país, com base na qualidade da TV privada? O que é que devemos agradecer à TV privada nesta dúzia de anos? Os reality-shows? O pontapé do Marco e o murro do Frota? O horário nobre telenoveleiro? A actualidade trágica, o fait-divers e a pequena política na informação? O ‘analgésico’ pós-laboral em que se transformou a ‘caixa’?

Em todo o caso, há que reconhecer um sucesso, esse sim, exclusivo da TVI: a criação de uma pequena indústria nacional de produção de ficção televisiva, com melhores resultados que a produção da própria Rede Globo. Podemos discordar dos conteúdos, mas este suporte a uma indústria emergente é fundamental para desenvolver outras áreas não-comerciais, como, por exemplo, o documentário. Mas aí, já a TVI falha de novo.

Donde, o próximo governo deverá estudar formas de introduzir na renovação das licenças às TV’s privadas, condições complementares que exijam uma inequívoca ‘certificação da qualidade’ de conteúdos dos operadores privados e a responsabilidade social e de cidadania destas empresas, através de cadernos de encargos específicos.
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