"Informação impávida e serena"
«Não é todos os dias que um programa de televisão faz 50 anos. A curiosidade de, há 50 anos, o ‘Telejornal’ da RTP se manter inamovível como um espaço central na nossa televisão (mesmo depois da chegada dos canais privados) mostra porque razão é o mais antigo programa da televisão nacional. A informação nocturna, da hora de jantar, é uma regra sem excepções.
«Quando as audiências flexibilizaram os horários de todos os programas, a informação nocturna (aqui, nos EUA, na Grã-Bretanha ou na Índia) manteve-se impávida e serena. A informação continua a ser fonte de boas audiências e por isso não se coloca a questão de a afastar dessa hora. Depois, em termos sociais, é talvez o programa que une a família à volta da televisão, mesmo se os mais jovens vão sendo cada vez menos atraídos por esse momento especial. Não é que, ao longo destes 50 anos, quem vê o ‘Telejornal’ saiba o que se passa no mundo.
«O ‘Telejornal’ sempre foi a voz do regime: nunca ali passou uma reportagem que coloque em causa o regime político em que se insere e, quando há ‘escândalos’, os alinhamentos seguem o que diziam os jornais de manhã, acrescentando apenas actualidade quase inócua. Quem quer saber o que se passa no mundo também raramente encontra no ‘Telejornal’ alguma informação relevante, para além de terramotos, acidentes ou alguma crise política ou militar. Talvez por isso o ‘Telejornal’ consiga agradar à maioria da população, que ali encontra o essencial do que julga passar-se em Portugal e no mundo. No fundo o ‘Telejornal’ nunca mudou: mudaram os apresentadores, mas a essência manteve-se. É um repositório de actualidades.
«Mesmo quando as estações privadas chegaram (nomeadamente a informação da SIC, ainda hoje muito mais dinâmica do que a da RTP) o ‘Telejornal’ manteve-se como uma estátua. Sinal disso é que, nos últimos anos, mesmo os jornalistas que são nomeados directores de Informação, nunca deixam de o apresentar (coisa espantosa e raras vezes discutida). Como se o ‘Telejornal’ seja a sua marca de credibilidade. No fundo é o ‘Telejornal’ que lhes dá poder e não o inverso.»
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