11.4.09

" (...) entre os jornalistas só há gente séria e sem interesses de qualquer espécie (...)"

Fernanda Câncio, A infalibilidade jornalística (DN, 10/4): « E, por acreditar no poder e na nobreza do jornalismo, acredito na necessidade da sua regulação. Não me parece desejável que ninguém guarde estes guardas - em que me incluo. Não me parece saudável que se assuma que ninguém pode criticar os jornalistas e o jornalismo sem ser acusado de tentativa de censura, silenciamento ou perseguição. Não me parece - não é decerto - saudável o corporativismo virulento que acolhe certas críticas públicas de jornalistas ao jornalismo, um corporativismo que reproduz os corporativismos que os jornalistas passam a vida a criticar nas outras profissões e que, como todos os corporativismos, protege e consagra a mediocridade e a falta de rigor, execrando como traidores os que o repudiam.

«O corporativismo que reclama a auto-regulação para nada regular, o corporativismo que clamou contra os novos poderes fiscalizadores da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (constituída por uma assembleia de jornalistas eleitos por jornalistas e presidida por um juiz) para nunca mais se lembrar da sua existência - talvez porque a Comissão nada fez até agora que se pareça com uma actividade fiscalizadora efectiva. Decerto porque não há casos de óbvia violação dos deveres de jornalistas a ocorrer à vista de toda a gente - decerto porque, ao contrário do resto da sociedade onde não cessam de encontrar motivos de escândalo e suspeitas de malfeitorias, entre os jornalistas só há gente séria e sem interesses de qualquer espécie. É isso,os jornalistas são, e todos, infalíveis. E aquilo que publicam, tudo, é só verdade. Tal qual.»

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