31.12.05

Como a LUSA vê os Media em 2006... ou para que serve a LUSA?

A Agência LUSA é uma sociedade anónima com 9 accionistas e maioria de capitais públicos. Segundo esta agência, em 2006 o "Ano será marcado pela guerra de audiências entre SIC e TVI": "Lisboa, 31 Dez (Lusa) - Os analistas de mercado contactados pela agência Lusa consideram que a guerra das audiências entre a TVI e a SIC vai marcar o sector dos media em Portugal no próximo ano, mas pensam ser prematuro apontar vencedores."

É este tipo de 'informação' que Portugal e os portugueses querem da LUSA? Certamente que não.

O distraído Soares e o macaco

Soares, no DN, sobre... Garcia Pereira: "Há um candidato que nunca foi à televisão, que não participou em nenhum debate. Então, isso não é chocante?"

Desculpem a ignorância do macaco: 'Mas, afinal de contas, quando os debates televisivos foram fechados a 5, assinados por baixo por Soares e pelos outros 4 (e pelas TV's), o candidato não sabia que o prazo para a apresentação de candidaturas ainda não tinha fechado? Andará assim tão distraído?'... Andarão assim tantos tão distraídos? (incluída a Comissão Nacional de Eleições, a Alta Autoridade para a Comunicação Social, o actual PR...???)

Greve na RTP

'European TV advert review attacked'

Brasil: histórias secretas da TV Digital

A história secreta da televisão digital no Brasil (1), por Marcelo Alencar, Professor titular da UFCG e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Telecomunicações (SBrT). E mais: CPqD já tem o esqueleto da plataforma brasileira de TV Digital.

'US group protests inaction on TV decency violations'

'Russians riveted by TV mini-series'

CBC: "During the Christmas holidays, more than half the population of Russia has been transfixed by a television mini-series that depicts Satan committing murder in Moscow. The Master and Margarita is an adaptation of a Mikhail Bulgakov novel written in the 1930s. The book weaves together three plot lines: the devil and his entourage wreaking chaos in 1930s Moscow, the crucifixion of Jesus Christ and the struggle of two lovers trying to reunite. It's a thinly-disguised satire of Josef Stalin's brutal dictatorship."

Debater a 'educomunicação'

Wagner Bezerra em entrevista ao site do FNDC: "Uma proposta para debater a relação entre mídia e educação".

'German watchdog says Springer risks TV-bid failure'

30.12.05

Tempo total nas TV's: Soares muito destacado

Ao longo dos últimos 4 meses, desde final de Agosto até 25 de Dezembro, quantitativamente falando, Soares é o candidato com maior número de notícias nas TV's e mais tempo de emissão: 448 notícias, correspondentes a 19h16m58s (25% do tempo dedicado aos 5 candidatos). Alegre é quem tem menos tempo dedicado: 11h44m39s (cerca de 15% do tempo total) para 295 notícias e Cavaco quem tem menos notícias (282, para 12h39m05s de tempo dedicado). Dados: Marktest.

Sexo, Natal e SIC...

Via blogue Jornalismo e Comunicação: Sexo explícito na Consoada da SIC...

Snu, por Cândida Pinto

Talvez o melhor trabalho do ano da televisão portuguesa, acabadinho de ver na SIC Notícias. É sem dúvida um documento de referência na história da televisão portuguesa.

European Interactive TV Conference

O melhor do ano para os internautas brasileiros

Series de ficción y construcción nacional. La producción propia de Televisió de Catalunya (1994-2003)

Uma tese de doutramento sobre as novelas catalãs, refere o La Vanguardia: «Poble Nou, Nissaga de poder, Plats bruts o El cor de la ciutat tienen una lectura más allá de infidelidades, romances, asesinatos, insólitas casualidades o violadores domésticos. Enric Castelló, profesor de Comunicación de la Universitat Rovira i Virgli (URV), ha analizado en su tesis doctoral la vertiente ideológica y cultural de los seriales producidos por Televisió de Catalunya (TVC) a lo largo de toda una década. Y después de someter a juicio alrededor de 3.000 capítulos, veintiséis seriales de distintos géneros (telenovelas, comedias o series dramáticas), entrevistar en profundidad a una veintena de guionistas, realizadores o incluso directivos de TVC, este profesor ha concluido que los populares seriales actúan en la práctica como "una herramienta de primer orden para la construcción nacional de Catalunya". En definitiva, se trata de una manera eficaz de promocionar "la lengua y el territorio como elementos referenciales de identidad", así como de pregonar determinadas pautas de comportamiento.

«(...) La Catalunya que se construye en los seriales del canal autonómico catalán identifica al "otro nacional", sea éste castellanohablante, un inmigrante marroquí o de la Europa del Este, para reafirmar así la identidad catalana. "El otro aparece como normal y se acaba integrando a la sociedad catalana, los seriales tienen también una labor de normalización", sostiene el profesor. Y es que en las telenovelas se establecen "pautas de comportamiento", se indica cómo actuar lingüísticamente por ejemplo ante una persona que habla en castellano, defendiendo siempre una "actitud de resistencia de los catalanohablantes". Porque al entender de Enric Castelló, "Poble Nou o Nissaga de poder no solamente nos han hecho reír o llorar, sino que han reforzado una visión de la nación catalana".»

CAC inconstitucional?

El Mundo: O presidente da FAPE (Federación de Asociaciones de la Prensa de España), Fernando González Urbaneja, acusa o Consejo Audiovisual de Cataluña de estar regulado por legislação inconstitucional.

29.12.05

Soares: 'vítima' ou 'eleito' dos media?

Segundo o DN, Mário Soares «questionou se a existência de grandes grupos de comunicação social 'será pluralismo ou unanimismo disfarçado'» e segundo o Portugal Diário confessou-se vítima da comunicação social: «Não que a comunicação social goste de mim (...). Se estivessem aqui três cadeiras vazias, eram precisamente essas que focavam», acrescentou, sugerindo aos estudantes de comunicação social que realizem um estudo sobre a forma como está a ser feita a cobertura da pré-campanha para as eleições de 22 de Janeiro. Um estudo que, segundo Mário Soares, deverá abranger as reportagens televisivas que foram feitas e o que os jornais publicaram. «Vejam como era a isenção», desafiou o candidato apoiado pelo PS, considerando que o que «vai ficar desta campanha» é «uma reflexão sobre a comunicação social». Facto é que em termos de tempo e de número de notícias, Soares tem sido o candidato mais favorecido pelas televisões...

'In television: The biggest stories of 2005'

E Alegre se fez triste...

... como se chovesse de repente em pleno Agosto... Diário Digital/Lusa: "Alegre acusa televisões de discriminarem a sua candidatura: 'Nas três televisões somos os que menos tempo de antena e menos notícias temos' ".

Manuel Alegre não se pode esquecer que foi parte activa, tal como os outros candidatos, na discriminação que as televisões fizeram ao avançar com debates antes de serem formalizadas e validadas todas as candidaturas pelo Tribunal Constitucional, não tendo sido assim tratados de modo igual todos os candidatos à Presidência da República.

Estranha-se que a Comissão Nacional de Eleições e a AACS ainda não se tenham pronunciado sobre a matéria, depois das queixas apresentadas pelos directamente lesados.

TV avança pela Net

Segundo a Reuters, a Softbank e a Yahoo Japan, formaram uma empresa para difusão de TV via Net: "The two companies (...) would operate a new streaming video service called "Yahoo!Doga", which aims to be a portal site for about 100,000 different programmes including movies, sports and music shows as well as drama series from Japan, Taiwan and South Korea. Doga means 'moving image' in Japanese."

Conselho da UE adopta 'reality TV'...

(Neste caso a 'reality TV' vem por bem, pela transparência política, aliás, com este precedente a TV 'instala' o conceito...). Bruxelas abre Conselho de Ministros às televisões (DE/ Financial Times): "O Conselho de Ministros, principal órgão legislativo da União Europeia (UE), decidiu que debater e aprovar legislação será, doravante, um processo mais transparente e próximo do público, no intuito de melhorar a imagem da UE enquanto instituição democrática. O acordo alcançado na semana passada permitirá que as câmaras de televisão passem a captar o vasto leque de actividades desenvolvidas no sigiloso Conselho de Ministros europeu. Os defensores desta abertura alegam que o processo de tomada de decisão da UE só tem a ganhar com uma maior transparência e que pode, inclusive, ajudar a contornar o eurocepticismo latente em muitos cidadãos europeus, amplamente manifesto pelos eleitores franceses e holandeses ao rejeitarem o tratado constitucional europeu."

'Obras audiovisuais' na TV francesa

"Dans la liste ci-dessus ne figurent que les nouvelles émissions mises à l'antenne reconnues en oeuvres par le Conseil et relevant d'autres genres que ceux qui le sont systématiquement tels que la fiction, l'animation, le documentaire, les vidéomusiques et les courts métrages": Les programmes reconnus en oeuvre audiovisuelle entre janvier et septembre 2005.

Kerry Packer: 'A dominant television player'

28.12.05

Projecto do CAC remetido ao Congresso

El Gobierno pone de garante de la ley al Consejo Audiovisual, que el PP tilda de medio para censurar: "La vicepresidenta primera del Gobierno, María Teresa Fernández de la Vega, ha asegurado que el principal objetivo del Consejo Audiovisual, cuya ley para su creación estatal está pendiente de remisión al Parlamento, es 'garantizar que se cumpla la ley'. Pero para la oposición, es una manera de recuperar la censura. 'Sobre todo - remarcó- lo que el Consejo va a tener es capacidad para salvaguardar los derechos de los ciudadanos, no capacidad para sancionar; ahora, si se ejerce un derecho de una manera determinada, si se otorga una licencia con arreglo a unas condiciones, que luego no se producen, hay unas normas que hay que cumplir, y lo que hacemos no es socavar la libertad de expresión, sino establecer mecanismos para garantizarla; hablo en términos generales'.

Do Luxo e do Lixo das nossas TV's, em 2005

O Irreal TV vai tentar lembrar-se de algumas das grandezas e misérias das nossas queridas (pouco) generalistas TV's neste ano da graça de 2005, que agora finda (temos Livro de Reclamações, isto é, podem mandar sugestões, para o bem e para o mal, pelo e-mail frcadima@sapo.pt)

Irreal TV no DN

Muitos novos visitantes estão a chegar hoje ao Irreal TV graças ao João Lopes, que escreve nas páginas de Media do DN sobre este blogue - TV na Net como lá chegar? Obrigado ao João e ao DN e bem-vindos os novos visitantes.

27.12.05

Informação SIC: 'evolução na continuidade'

Titula o CM: Informação mais moderna ("o visual da Informação da SIC e da SIC Notícias está a sofrer transformações profundas, com o objectivo de modernizar a forma como a mensagem chega ao telespectador"): "De acordo com Alcides Vieira, director de Informação da SIC, apesar de serem “as mudanças mais profundas dos últimos 13 anos”, não existirá uma ruptura radical, tratando-se de uma grande “evolução na continuidade”."

Recorde-se a célebre 'instrução' de Alcides Vieira que numa reunião de redacção da SIC, filmada por Mariana Otero no seu documentário 'SIC - Cette Télévision C’est la Vôtre' (Arte, 1997), afirmava que «O Jornal da Noite faz parte de uma estratégia de programação da SIC – e se a estratégia de programação da SIC disser que o jornal tem de ter uma hora, nós temos que arranjar maneira de fazer o jornal com uma hora, nem que se perca qualidade. Porque a estratégia é o mais importante»… uma estratégia que afinal respondia aos objectivos da direcção de Emídio Rangel, que obrigava a gestão de antena, no duelo com a RTP1, a manter o Jornal da Noite contra o Telejornal e a novela da SIC contra a novela da RTP, «dure o tempo que durar», conforme afirmava também no documentário de Otero. Alcides Vieira falava então da redução da qualidade do Jornal da Noite, sendo interpelado pelo pivot da estação, José Alberto Carvalho, que defendia tese contrária: «Acho que não iremos a lado nenhum e digo-o convictamente – posso explicá-lo por A mais B –, enquanto não tivermos uma estratégia definida para o jornal – em termos de tempo exclusivamente (…) Enquanto a nossa única estratégia for cobrir o que faz o Telejornal acho muito difícil que possamos estimular o trabalho das pessoas. Nunca se sabe se são precisos 40 minutos ou se é preciso uma hora. (…) Aconteceu uma coisa calamitosa que foi meter seis ‘fait-divers’ seguidos ‘pescados’ de emergência, com os mesmos pivots que tinham entrado de manhã... Não dá para ver…».

Oito anos depois, a 'grande' evolução é na 'continuidade': a estratégia manda e a informação obedece. E o País assiste...

26.12.05

ADSL vs TDT

Figaro: "France Télécom a les moyens de concurrencer la télévision numérique terrestre. L'opérateur se prépare, en effet, à lancer sur les réseaux ADSL une offre de chaînes gratuites. La date de lancement de cette nouvelle plateforme pourrait coïncider avec le démarrage des Jeux olympiques d'hiver de Turin, en février prochain." Ler ainda: Les opérateurs télécoms à l'assaut du petit écran.

Audiovisual catalão: dura lex, sed lex

El Mundo: "El Parlamento de Cataluña ha aprobado la nueva Ley del Audiovisual de Catalunya (...) que amplía las funciones de control y regulación del Consejo Audiovisual de Cataluña (...) establece como infracciones muy graves el incumplimiento de los "principios básicos de regulación de contenidos".

Congress Sets 2009 Deadline for Digital TV

TV's levam Soares ao colo

Na semana de 12 a 18 de Dezembro (dados Marktest), Mário Soares não só protagoniza mais notícias na TV (55 peças, ex aequo com Francisco Louça; Cavaco Silva com 38 peças), como foi o candidato com mais tempo de informação regular, com duas horas e 18 minutos. Cavaco Silva foi o menos noticiado, com uma hora e 28 minutos. Soares liderou quer em número, quer em duração das notícias - 25.9% das notícias protagonizadas e 28.4% da sua duração.

O Globo elege o melhor da TV brasileira

25.12.05

Natal de 52

A 25 de dezembro de 1952 eram iniciadas as transmissões regulares de televisão na Alemanha Ocidental. "(...) de uma ou outra forma - a ARD - serviu de testemunha da história do país, documentando, por exemplo, desde a construção do Muro de Berlim, em 1961, até sua queda, em 1989(...)".

23.12.05

Irão até onde?

'Eu não sou uma baby-sitter electrónica', deveria dizer ela

22.12.05

'Há tanto lixo na televisão...'

"Há tanto lixo na televisão que, com toda a imodéstia, acho que este é um programa que faz sentido. Faz sentido elogiarmos e homenagearmos as pessoas que normalmente têm acção e não têm cara. É bom termos um programa destes no ar, sem o grande investimento, sem grandes luzes nem grandes brilhos." Catarina Furtado ao DN, sobre o programa que vai fazer na RTP1 - Príncipes do Nada.

TVI 'matou' o debate - ou Cebrián entrou, mas ainda nada mudou

A TVI promete e faz. O que faz pena. Durante o intervalo do debate Soares x Cavaco na RTP1 o Jornal Nacional da TVI praticava o mais puro infotainment ao fazer a auto-promoção do final da telenovela Ninguém Como Tu e do fim do prolongadíssimo e esticadíssimo suspense sobre "quem matou o António"... Receava-se o pior, que o episódio final entrasse ainda durante o debate, mas as críticas ao 'mistério' do responsável pela programação sobre o alinhamento do prime time da TVI terão evitado uma tal enormidade. Mas ficou a intenção. E o arrastar do final da novela até ao dia do debate. O grupo Prisa que se cuide. No final, e para todos os efeitos, o certo é que a 'TVI matou o debate'.

21.12.05

Soares contra ‘ele’ (próprio)

Eu, tu, ele, nós, vós, eles… Quando num debate televisivo entre dois candidatos um deles trata o outro por ‘ele’, fica muito para além de qualquer relação de subordinação aceitável no processo de comunicação entre enunciador e destinatário. E fica aquém do que é razoável no plano ético. Excede a regra da delicadeza. Uma tal lamentável estratégia só pode ser entendida por um quase desesperado ‘tour de force’ para levar Cavaco à irritação e eventualmente a cometer enormes ‘gaffes’ ou mesmo um acto irreflectido. Uma estratégia que claramente se voltou contra o próprio Soares, por muito que custe a todos os que acham que ele é a grande figura do Portugal do pós-25 de Abril. Soares deveria ter sido poupado a esta estratégia ('Este não é o Soares que eu conheço e estimo', dizia Maria João Avillez na SIC Notícias).

Valha que muitos mais telespectadores do que se pensaria (esta uma grande questão sobre o debate) estavam a ver outros programas! O share do debate foi de 34,6% (14,6% de audiência média, ou seja, 1,381 milhões de telespectadores, em média), mas sensivelmente no mesmo ‘slot’, o Jornal Nacional da TVI teve 31,1% e o Jornal da Noite da SIC teve 25,4%, para além dos 40,6% da novela Dei-te Quase Tudo, que arrancou às 21h19, com o debate a decorrer. Para se ter uma ideia de como vai a ‘cidadania’ política dos telespectadores, anote-se que o último episódio da novela Ninguém Como Tu obtinha na mesma noite 25,9% de audiência média e 67,2% de share! (2,450 milhões de telespectadores!). Refira-se que de todos os 10, o debate entre Cavaco e Soares foi o 4º mais visto pelos telespectadores, o que não deixa de colocar novas interrogações...

Não me venham agora dizer que a Televisão não precisa de ser fortemente regulada (pela - e para a - Política; pelo - e para o - Conhecimento; pela - e para a - Cidadania).

20.12.05

O grupo Prisa e a 'ética' de antena da TVI

Debate Soares x Cavaco na RTP1 tira a máscara às estratégias de contraprogramação das privadas, sobretudo da TVI. CM, hoje: "A SIC tem preparada uma entrevista exclusiva ao músico brasileiro Roberto Carlos – incluída no ‘Jornal da Noite’ –, enquanto a Quatro exibirá o final de ‘Ninguém como Tu’, ‘Dei-te Quase Tudo’ e ‘1.ª Companhia’, sem, contudo, revelar qual a ordem de emissão. Só hoje, de resto, saberão, diz o gabinete de Imprensa da TVI. Este jogo de programação não é assumido pelas estações privadas. Enquanto a TVI defende não estar a fazer contra-programação, precisamente por não estar definido o horário de transmissão do último episódio de ‘Ninguém como Tu’, a SIC refugia-se no “não comenta”. (...) O facto de a TVI ter agendado também para hoje a revelação do assassino de ‘António’ (Nuno Homem de Sá) é “de profundo mau gosto”, considera o crítico Fernando Sobral. Para o especialista João Gobern, “do ponto de vista ético e numa altura em que os debates foram repartidos pelos três canais, parece-me falta de gosto e de decência estar a fazer-se contra-programação." Ver ainda: TVI guarda último episódio de novela num cofre-forte.

Se o grupo Prisa veio para Portugal para manter esta 'ética' de antena na TVI, passará rapidamente de grupo credível a 'persona non grata'...

AdC estuda concorrência nos media

O desejo de Ivana Bentes

"Em 2006, espero que a televisão não eleja nem derrube nenhum candidato a presidente", diz Ivana Bentes (Profª da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro): "Em 2006, espero que a televisão não faça campanha eleitoral nos seus programas de entretenimento, nos "talk shows", nos telejornais e que não eleja nem derrube nenhum candidato a presidente da República. É pedir demais?"

E ainda: "(…) Dependendo do que for decidido agora, no início de 2006 será possível aumentar e disponibilizar novos canais (multicanais) para novos atores, movimentos sociais, ONGs, favelas, para o cinema brasileiro, para os coletivos de arte, as universidades etc. ou manter as emissoras de TV sob o controle dos mesmos, de uma minoria.

"(…) Que os criadores da TV descubram (…) uma nova iconografia para expressar o Brasil que não seja só o nacional-popular, o nacionalismo engessado, o neopopulismo, mas as novas imagens e forças, transnacionais, que nos habitam e que a TV ainda não conseguiu mapear.

"Que as imagens das favelas nos telejornais não sirvam apenas para produzir o medo, o preconceito, os discursos de repressão e o estado de exceção, imagens e reportagens que legitimam o assassinato diário de favelados pela polícia e que produzem um novo conservadorismo que pede a remoção das favelas e a expulsão dos pobres de nosso campo visual."

Brasil: aprovada compra da DirecTV pela Sky

A 'revolta' do transístor contra o tubo catódico

19.12.05

RTP reincide na violação do pluralismo

18.12.05

'Manif' em defesa da TVE

El Mundo: Manifestação em Madrid em defesa de uma TVE "moderna, fuerte y con una producción propia y plural". "(...) Los trabajadores de RTVE han colgado de Internet una página web (http://defensa-rtv.publica.tv/firmar/addentry.php) para recibir apoyos a sus demandas, centradas en hacer una radiotelevisión pública "fuerte, independiente, de calidad y tecnológicamente solvente", con un modelo de gestión eficiente, y capaz de participar activamente en el desarrollo de la radio y la televisión digital.".

Canal vermelho

Fusão entre Canal+ e TPS

Vivendi Universal, TF1 et M6 entérinent le mariage de Canal+ avec TPS: "Les groupes de télévision à péage Canal+ et TPS ont dévoilé les modalités de leur fusion, qui se traduira par la prise de contrôle de TPS par Vivendi Universal, maison mère du Groupe Canal+."

17.12.05

TV francesa deve corrigir a representação das diferentes comunidades

16.12.05

A Microsoft, a Associated Press e a 'Mundovisão' da era da Net

Soares lidera em tempo televisivo

Segundo a Marktest - Presidenciáveis protagonizam mais notícias na TVI mas RTP1 dá-lhes mais tempo -, na semana que decorreu entre 5 e 11 de Dezembro de 2005, a TVI foi o canal onde os candidatos às presidenciais protagonizaram mais notícias, mas foi a RTP1 que emitiu mais tempo de informação protagonizada por eles. No total, foram 176 as notícias dos serviços regulares de informação da RTP1, 2:, SIC e TVI com uma duração total de 6 horas e 40 minutos.

«Tal como nas últimas semanas, Mário Soares protagonizou o maior número de notícias, com 44 matérias. Manuel Alegre, com 25 peças, foi o que menos notícias protagonizou nos noticiários destes canais. Mário Soares protagonizou também notícias de maior duração, com um total superior a 1 hora e 43 minutos. Manuel Alegre, pelo contrário, foi protagonista de notícias de menor duração total, um pouco menos que 57 minutos.Quanto à duração média das notícias, foi Jerónimo de Sousa que protagonizou matérias de duração média mais longa, de 2 minutos e 22 segundos, ao contrário de Francisco Louçã, com 2 minuto e 2 segundos.

No período de 10 de Outubro a 11 de Dezembro, «Mário Soares lidera quer em número, quer em duração das notícias, responsável por 26.7% das notícias protagonizadas por estes candidatos e 28.0% da sua duração. Jerónimo de Sousa é agora o segundo protagonista em número de notícias (19.0% do total), mas é Cavaco Silva que ocupa essa posição quanto à duração das notícias (21.9% da duração total).»

Net TV a alternativa à TV Local

Dos Açores vem a TV Net. Acrescenta o DN: «Esta semana, arrancaram também as emissões experimentais do Famalicao.tv (www.famalicao.tv). O responsável deste canal de televisão para a Internet, Paulo Couto, diz que "as reacções estão a ser muito positivas". "Ainda não temos uma semana e já somos considerados como um novo meio de comunicação social importante para Famalicão». Dada a proibição em Portugal relativamente à TV Local hertziana, a Web TV será certamente uma alternativa à medida da realidade nacional.

15.12.05

Quando será que a PT lança o 'triple play' em Portugal?

Lisboa, 15 Dez (Lusa) - «PT e SGC estabelecem parceria internacional para triple play. A Portugal Telecom (PT) e a SGC, empresa de João Pereira Coutinho, anunciaram hoje que celebraram um acordo para analisar e desenvolver oportunidades de negócio internacionais para as soluções integradas de televisão, Internet e telefone fixo»... Fantástico! Mas afinal quando será que a PT lança o 'triple play' em Portugal? Quando será que a 'golden share' do Estado obrigará a PT a ter um preço único - justo - para os clientes que têm consumo conjunto de TV Cabo, Net e Telefone fixo?

Entretanto um estudo internacional considera que a Golden share da PT é um retrocesso na liberalização da concorrência, prejudicando os consumidores: "O proteccionismo aos operadores incumbentes afasta o investimento no sector das telecomunicações e conduz a desempenhos económicos medíocres, com prejuízo para os consumidores", revela o estudo da European Competitive Telecommunications (ECTA), divulgado pela O estudo, realizado em 16 países europeus, mostra que o nível de investimento no sector «sofreu» nos países em que a regulação não avançou, mantendo-se a protecção dos operadores históricos «dominantes», revela o estudo. A investigação conclui, igualmente, que os mercados que se abriram à concorrência mereceram mais investimento e oferecem melhores condições aos consumidores, como o é exemplo o Reino Unido. O proteccionismo do Estado Português, seja através de golden share, ou de uma participação reforçada no capital do operador incumbente, representa um «retrocesso no processo de abertura à concorrência, desprezando o facto de essa protecção ser feita à custa da indústria, das empresas em geral e dos consumidores».

'Acorrentados - A Fábula da TV', de Wagner Bezerra, editado no Brasil

Do Press Release: "Doxa, Eikones, Episteme e Eidos. Estes são os personagens criados por Wagner Bezerra para retratar, neste novo livro, uma interessantíssima aventura para o público infanto-juvenil. Adaptando o pensamento do filósofo Platão, o autor cria uma fábula que mostra o quanto crianças, adolescentes e adultos podem, sem perceber, estar vivendo acorrentados à programação da TV. Em muitos casos, a principal fonte de educação, informação e entretenimento.

"Argumentando que "Televisão é 100% educação" e expondo resultados de pesquisas e estudos concretos, como a pesquisa divulgada recentemente pelo IBOPE/Mídia que aponta as crianças brasileiras como campeãs mundiais em consumo de programas de TV – 3,5 horas diárias – Wagner afirma que, se os pais e demais educadores selecionarem criticamente os programas que assistem, seus filhos também serão capazes de fazê-lo. Se os pais promoverem debates em família sobre os conteúdos dos programas televisivos com seus filhos, emitindo opiniões, a influência da mídia na formação da criança será minimizada. O problema portanto, deixa de ser exclusivamente dos veículos e passa à esfera da família e da escola, ou seja, aqueles que deveriam ser os principais educadores.

"O autor defende que a proposta contida no livro deve funcionar como mais um mecanismo de educomunicação, ou seja, de educação para os meios de comunicação. Uma espécie de fio condutor do debate sobre a relação entre mídia e educação, tanto para crianças e jovens, quanto para pais e professores. Ainda, que é preciso, cada vez mais, educar crianças e jovens para lidar criticamente com os meios de comunicação, permitindo que eles tenham condições de escolher o que assistir, rompendo com a passividade diante do meio, para enfrentar, criticamente, as overdoses de sexo e violência oferecidas diariamente pela TV. Por isto, com o livro em mãos, Wagner Bezerra busca patrocínio para a realização desta missão junto às escolas da rede pública e privada, da educação infantil ao ensino médio, pois, segundo ele, é neste nicho que se poderá trabalhar, de uma só vez, com as crianças e adolescentes e com pais e educadores."

Editora Letra Legal (www.letralegal.com.br), ISBN 85-98424-20-X, 52 páginas, R$ 20,00

Sobre o Autor: Wagner Bezerra (wagner.bezerra@infolink.com.br) é redator e diretor de criação publicitária, diretor e roteirista de programas educativos para TV e especialista em políticas públicas pela Escola de Políticas Públicas e Governo da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autor de livros e artigos sobre educomunicação e sobre o papel da mídia na educação de crianças e adolescentes, dentre os quais Manual do Telespectador Insatisfeito, Editora Summus, 1999.

Etiquetas:

'Serviço de reclamações'

Ora aí está. Alguém que nos ouça, que ouça as reclamações por um serviço público acima de qualquer supeita, e em conformidade com o Contrato de Concessão da RTP. É apenas um princípio, quase no fim dos primeiros 50 anos de RTP! A ler no DN: Serviço de reclamações; Provedores para rádio e TV são escolhidos pela RTP.

Novelas sucumbem frente a Soares x Alegre

Manuela Moura Guedes 'fora de campo'

CM: Moura Guedes deixa de ser pivot do Jornal da TVI. "(...) Na redacção (...) fala-se, por outro lado, na possibilidade de, a curto prazo, a jornalista deixar a TVI, o mesmo podendo vir a suceder com José Eduardo Moniz". Virá a caminho uma programação de qualidade, em consonância com o prestígio internacional do grupo Prisa? A ver vamos.

14.12.05

Directiva do Audiovisual europeu (revista) já online

Jorge Sampaio, crítico dos media

O DN destaca uma passagem sobre a Comunicação Social, do novo livro do PR: «Jorge Sampaio criticou com dureza o comportamento de alguns órgãos de informação. "Por defeito meu, seguramente, pois prezo a sobriedade e o rigor, continuo a achar incompreensível que muitos problemas e temas dos quais depende o nosso futuro, mas que não são susceptíveis de sensacionalismo fácil, só tenham lugar na informação televisiva depois de esgotados todos os casos de violência e brutalidade, todos os protestos e manifestações do dia", observou o PR num "sermão sobre a política", feito a 27 de Março de 2001, no Palácio Fronteira. Na abertura do ano judicial de 2003, chamou "circo dos tempos novos" às manchetes de jornais e televisões consagradas às desgraças em geral e aos crimes em particular. "Repugnante" - foi o modo como classificou esta forma de jornalismo. "É bom que pare; ou que, persistindo, seja continuadamente reprovada pelos que, na comunidade, têm voz mais forte, mais respeitada e mais aceite". Polémica foi a sua sugestão de que o segredo de justiça deva vincular os jornalistas.»

Apontamentos sobre o debate televisivo Jerónimo x Cavaco

O que mais se estranha nestes debates – e no de Jerónimo x Cavaco também -, é a má reciclagem de desempenho televisivo de Cavaco Silva. Neste último debate, alguns progressos se realizaram pelo candidato favorito, mas a imagem da Pietà sem menino nos braços reaparece sempre, sobretudo quando aguarda o contra-ataque, ou quando colocado sobre tensão/insinuação, ou mesmo quando pretende ‘mimar’ a sinceridade e representar a convicção.

As mãos de Cavaco quase lhe tapam o rosto. No seu caso, os olhos dizem sim, mas as mãos dizem talvez… Aparece como o catedrático que ainda recorre às cábulas, tendo ao lado o operário cuja maior ferramenta é tratar as cábulas como um catedrático.

Cavaco mantém-se tenso, até quando está na razão. Qualquer olhar mal reciclado custa-lhe milhares de votos e deixam-no na linha de água da 2ª volta. Para Cavaco, neste debate (como nos outros, afinal), o ideal teria sido trocar o corpo pelo de Jerónimo e pedir-lhe ainda as mãos emprestadas, mantendo a matéria cinzenta. Teríamos então um Cavaco novo, um Cavaco solto, crente em si próprio. Nesta medida, nestes debates, a excelência da prestação e da performance podem fundar a legitimidade. A televisão está aí para dar uma mão. Alguém que a agarre… [publicado no DN de hoje]

Cada vez mais perto: o PC/TV

Público: Mais um passo na fusão do computador e da televisão ("Com saída marcada para 2006, computadores equipados com Viiv estão projectados para controlar toda a experiência de entretenimento doméstico. Transformam a televisão num ecrã de computador com a capacidade para realizar qualquer tarefa de um computador").

www.famalicao.tv

13.12.05

‘Product placement’ contra ‘Content placement’

A Comissão Europeia em vez de se preocupar com o ‘content placement’ preocupa-se mais com o ‘product placement’. Nada que seja novo. Ainda há dias um quadro da UE, Hans Brunmayer, director–geral para a Comunicação da UE, dizia que 'los Estados miembros de la UE actúan, generalmente, de modo cobarde a la hora de comunicar lo que se hace desde Europa’ - não querendo ver o que está à vista, ou seja, que a ‘Ideia de Europa’ ainda não é, infelizmente, matéria de agendamento mediático, como o futebol ou a catástrofe. Aí vem então mais uma revisão da Directiva do Audiovisual europeu. Mais uma para esquecer: Directiva da UE facilita ‘product placement’.

O 'esticador' de novelas...

Se 'Esticar as novelas é tipicamente português' espera-se que a TVI de Juan-Luis Cebrián traga honra ao convento e substitua o 'esticador de novelas' por um espanhol, ou por um português 'não-esticador'... Se não, temos Cebrián também transformado em 'esticador de novela', o que, convenhamos, não lhe fica nada bem.

12.12.05

Uma Década de Televisão em Portugal (1993-2003)

Uma Década de Televisão em Portugal (1993-2003). Estudo dos programas de informação semanal dos canais generalistas, tese de doutoramento de Felisbela Lopes, foi hoje aprovada por unanimidade na Universidade do Minho. Este excelente trabalho vem reforçar o acervo de investigações académicas sobre a TV em Portugal, contribuindo de forma notória para uma melhor percepção do muito que há a fazer em matéria de melhoria da qualidade da programação e da informação. O declíneo e quase ausência dos programas de informação não-diária, designadamente nos canais privados, nestes últimos anos, é um dos temas aprofundados neste trabalho, que merece uma reflexão e, mais do que isso, uma preocupação. Recorde-se a propósito um outro post sobre o tema: Espiral de silêncios. Parabéns à nova Doutora.

Provedores mais próximo

11.12.05

Dia Internacional da Criança na TV

Kleber fora da Rede TV

10.12.05

O défice de distribuição de TV em Angola

'Chat-vídeo'

Renovação de licenças de TV e monitorização da 'ética de antena'

Estão a passar os primeiros 15 anos de televisão privada em Portugal e vamos a caminho de outro tanto. Um tempo que decorreu sem qualquer monitorização adequada, sem atribuição de cadernos de encargos ou qualquer convenção específica, e agora sem, sequer, a renovação das licenças por parte do regulador... Licenças que em breve deverão ser devolvidas por um Tribunal Administrativo e Fiscal! Um caso de bradar aos céus, uma vergonha nacional. Um fim triste para a AACS - epitáfio escolhido, afinal, pelo próprio regulador.

Importará instituir no futuro imediato, com o novo regulador, uma aplicação da Lei e regulamentações específicas no âmbito da monitorização da actividade televisiva em Portugal. O exemplo do caso francês e a actividade do seu regulador - o CSA - ajudará a perceber melhor o que está em causa. Veja-se então um pouco do que se poderá fazer por cá, à imagem do caso francês, em defesa da 'ética televisiva', pública e privada:

Comece-se por se ver quais as obrigações a que a rede privada TF1 está sujeita perante o Estado francês e veja-se de seguida um conjunto de prácticas específicas no âmbito em presença:

CONVENTION ENTRE LE CONSEIL SUPÉRIEUR DE L'AUDIOVISUEL, AGISSANT AU NOM DE L'ÉTAT, D'UNE PART, ET LA SOCIÉTÉ TÉLÉVISION FRANCAISE 1 (TF1)

Como o CSA monitoriza a TV francesa

Balanço do regulador sobre a TV privada francesa

Os políticos na TV francesa

Le contrôle des programmes : une mission essentielle du CSA

Chaînes hertziennes nationales : une observation systématique

Pluralisme de l'information

La protection des mineurs

Les quotas d'œuvres audiovisuelles et cinématographiques à la télévision

Chaînes du câble et du satellite et chaînes locales : une observation par sondage

Publicité, parrainage et téléachat


Siga-se agora a 'novela' portuguesa em torno da renovação das licenças da SIC e da TVI em 2005:

SIC e TVI: do deferimento tácito à abertura de concurso

Renovação das licenças: corre já uma 2ª vaga de atrasos...

TVI considera a sua licença 'automaticamente renovada' por prescrição de prazos

SIC exige licença de TV em tribunal

'Por um debate da televisão de qualidade no espaço público'

O '11 de Novembro' da AACS (ou o Expresso manda e a gente obedece)

Entidade Reguladora para a Comunicação Social no DR

Cadernos de encargos da SIC e da TVI: em 2021 lá chegaremos...

'Por um debate da televisão no espaço público'

'Licenças de TV no Natal'

Rangel sobre a renovação das licenças

A benção da AACS à 'laicização' da TVI

O PSD, o PS, a SIC e a TVI

Renovações SIC/TVI: stress em duplicado

AACS, 4 - ERG, 3

A 'absurda situação' na AACS

Onde foi a AACS buscar 'Novembro'?

AACS: o melhor é entrar em gestão corrente...

Licenças de TV: história (muito) mal contada

Licenças de TV: 'coragem política', pede JLR

Uma das páginas mais negras do pós-25 de Abril nos media

Licenças de TV: parar para pensar

'A renovação das licenças deveria servir para repensar a televisão'

O novo Regulador, ou o salvar da face do Estado

Renovação das licenças de TV: 'repor as coisas no seu devido lugar'

A TVI, o grupo Prisa e a Identidade penhorada

Se é ali que está a identidade cultural portuguesa...

Dá a gente uma licença de TV para isto...

Contra - TOTALMENTE CONTRA - a renovação automático-administrativa das licenças de TV

Licenças de TV no Tribunal Constitucional

Mais rigor e mais exigência na renovação das licenças de TV

Exigência ou demissão? (Licenças de TV em stress)

A questão da reavaliação das licenças de TV em 2007

Moralizar as TV's privadas... e o Estado

TVI considera a sua licença 'automaticamente renovada' por prescrição de prazos

A AACS insiste na sua tese do '11 de Novembro' e a SIC e a TVI insistem que os prazos estão prescritos: 'AACS diz que renovação de licenças de TV já começou a 11 de Novembro'.

9.12.05

União Europeia: novas razões para o eurocepticismo

TV Digital no Brasil

8.12.05

A caixa do diferendo

SIC exige licença de TV em tribunal

Provedores da RTP e RDP: consenso à vista

7.12.05

Como o CSA monitoriza a TV francesa

O CSA, o regulador do audiovisual francês, monitoriza anualmente 50.000 horas de programação televisiva das redes nacionais, regionais e locais, redes de cabo e satélite. Se em Portugal o novo regulador conseguir monitorizar, de forma adequada e metodologicamente correcta, 10% desse tempo, já seria excelente.

Le contrôle des programmes : une mission essentielle du CSA

Chaînes hertziennes nationales : une observation systématique

Pluralisme de l'information

La protection des mineurs

Les quotas d'œuvres audiovisuelles et cinématographiques à la télévision

Chaînes du câble et du satellite et chaînes locales : une observation par sondage

Publicité, parrainage et téléachat

6.12.05

TV e obesidade infantil: um alerta

Efeitos do visionamento excessivo de TV por parte das crianças

Excessive television viewing in childhood has been associated with adverse effects on health and behavior. A common concern is that watching too much television may also have a negative impact on education. Ver o estudo 'Association of Television Viewing During Childhood With Poor Educational Achievement', de Robert J. Hancox, Barry J. Milne e Richie Poulton.

Etiquetas:

RTP à procura da 'proximidade' da qualidade

RTP procura ser “televisão de proximidade”; Prioridade aos documentários na RTP1 . A RTP à procura da 'proximidade' da qualidade. Um desafio para 2006 que tem de ser ganho.

TVE, a infractora

Sonae lança 'triple play'

SmarTV, nome escolhido para a oferta de televisão digital sobre ADSL. O serviço 'triple play' da Sonaecom arrancou com um piloto comercial que junta televisão, Internet e voz fixa, mais vídeo. Porque será que a PT nunca o fez?

5.12.05

'Hacia una televisión más participativa'

Manifiesto por la Radiotelevisión Pública (RTVE)

'Brasil e Argentina fecham acordo para a TV digital'

4.12.05

SIC quer 'tornar mais ágil a ligação entre informação e entretenimento'...

A Televisão (os seus perigos) e a Criança

Na sequência do texto 'Perigos graves da 'baby-sitter' electrónica', damos agora destaque a um trabalho de grande importância publicado por Clara Viana, na Pública de 26.9.04, intitulado "O cérebro deles estará a mudar?". Optamos, com a devida vénia à autora, por colocar no Irreal TV algumas das passagens mais importantes do texto, que é, de certo modo, um alerta público, sobretudo quando se quer fazer passar a ideia de que a 'Baby TV' é um bem caído dos céus...

Para já, o 'lead': «Os problemas de atenção passaram a ser a nova marca das crianças e jovens. Um estudo recente, ignorado em Portugal, põe em causa a explicação genética. A exposição muito precoce aos écrãs, sobretudo à televisão, com as suas muitas imagens rápidas e variadas, poderá estar a condicionar o seu cérebro a só aceitar um alto nível de estimulação. “Formatados" pela velocidade e pela fragmentação, existirá já um fosso irremediável entre eles e uma escola que lhes exige o que já perderam. Neste cenário intervém a omnisciente Ritalin (Ritalina, na gíria portuguesa), a anfetamina que, por receita médica, milhões de crianças em todo o mundo estão a tomar por conta da desatenção.»

«(...) nos EUA foi dada como testada uma relação entre a exposição precoce à televisão e os problemas de atenção que, nos últimos anos, parecem estar a tomar de assalto as crianças e jovens do mundo desenvolvido. "Não é possível saber se o crescimento da desordem por défice de atenção e hiperactividade é real, ou se é motivado pelo maior conhecimento da desordem. Mas existem razões para acreditar que, na primeira infância, os factores ambientais são importantes no desenvolvimento da desordem. Deste modo, a televisão pode muito bem ser um desses factores", comentou à Pública o pediatra norte-americano Dimitri Christakis. Foi ele que liderou o estudo do Child Health Institut, da Universidadede Washington, que veio dar uma primeira grande resposta afirmativa à questão, abanando assim a abordagem genética do chamado défice de atenção, ainda a preponderante nos EUA, em Portugal ou em mais meio mundo.»

Não era por acaso que Michel Foucault dizia que a loucura era um 'facto de civilização'... Muito há, pois, a pensar, para além das 'razões' genéticas.

«(...) Cristakis e a sua equipa pegaram numa amostra de mais de duas mil crianças com um e três anos de idade e seguiram-nas até por volta dos sete. O que foi feito do seguinte modo: quando os miúdos tinham um ano perguntaram aos seus pais quantas horas viam eles televisão; fizeram o mesmo quando chegaram aos três anos e depois, quando já tinham sete, as questões aos pais incidiram sobre a capacidade de atenção dos observados, sobre a capacidade para se concentrarem, sobre se eram impulsivos ou se se distraíam facilmente. Para além destes questionários foram levadas em linha de conta variáveis como a depressão materna, a estimulação cognitiva e o apoio emocional, entre outras.

«Principal conclusão do seu estudo, publicado na revista "Pediatrics": independentemente do que vê- os conteúdos não foram tidos em conta - uma criança antes dos três anos que veja duas horas de televisão por dia tem mais 20 por cento de probabilidades de desenvolver problemas de atenção do que outra que não tenha sido tão exposta à mesma televisão. Sendo que, como também revela a sua investigação, nos EUA uma criança de um ano vê, em média, 2,2 horas de televisão por dia e uma de três chega quase às quatro horas. EmPortugal, esta contagem só tem sido feita a partir dos 4 anos. No ano passado, os que tinham entre esta idade e os 14 anos, despendiam a ver televisão uma média de 179 minutos por dia - quase três horas.

«Christakis explica o que se poderá estar a passar: "Nos primeiros três anos de vida está em curso um desenvolvimento crucial do cérebro, especificamente as conexões entre neurónios. Aquilo a que chamamos sinapses do cérebro estão a formar-se. É uma espécie de montagem da mente que está a ocorrer naquele período. (...)

«Frente à televisão, geralmente a sós, as crianças estarão a ser sujeitas precisamente a uma sobre-estimulação visual, dada sobretudo a velocidade com que se sucedem as imagens e a sua diversidade, que é hoje a própria matéria dos media electrónicos. Esta exposição aos écrãs - que começa na televisão e se prolonga depois nos jogos de computador, "game boy", internet, etc. - poderá ter já "condicionado o cérebro a um alto nível de estimulação", como sublinha o pediatra norte-americano

«A psicóloga educacional Jane Healy, que há mais de 10anos tem vindo a alertar para os efeitos do uso excessivodos media electrónicosna mente das crianças, admite que este processo induziu já alteraçõesno funcionamento do cérebro:"Temos que aceitar e capitalizar o facto de as crianças de hoje serem portadoras de novas competências apropriadas a este novo século. A mudança que constatamos nas nossas crianças pode ser a parte visível de uma mudança na inteligência humana, traduzida numa progressão para formas de pensar mais imediatas, visuais e tridimensionais". A ser assim, e é esta uma porta também aberta pelo estudo liderado por Christakis, o estado de desatenção em que hoje vivem tantas crianças e jovens seria, não o sintoma de uma doença, mas sim uma marca geracional, ou até mesmo civilizacional. O que tornaria insuperável o fosso já existente entre eles e o sistema de ensino prevalecente nas nossas sociedades. As escolas mais não estariam hoje do que a exigir-lhes o que eles já perderam, ignorando o que entretanto ganharam.»


Ainda sobre o tema:

A televisão, a criança e a publicidade

Novo e importante alerta sobre os efeitos da TV nas crianças e na sua educação

A violência nos Media e a questão da auto-regulação

Perigos graves da 'baby sitter' electrónica

Nova tese sobre a TV e as crianças

TV, criança, défice de atenção e hiperactividade

'Alfabetização audiovisual'

Não se pode ligar a TV...

Morangos com Açúcar: uma série perigosa

Sinalética televisiva: auto-confusão em vez de auto-regulação

Pequeno show erótico para 8 anos...

Inocência a nossa

Colocar ou não a TV no quarto das crianças

Pornografiazinha

Violência e TV

Publicidade para crianças mais controlada em Espanha

Dúvidas inquietantes

Nunca é de mais falar sobre TV e Criança

Infancia, violencia y televisión: usos televisivos y percepción infantil de la violencia en la televisión

Crianças mais protegidas na TV espanhola

Abandonadas à TV

A protecção das crianças e a TV em Portugal

A protecção das crianças e a TV em Espanha

Esta sim é uma notícia de abertura de Telejornal (mas como não deita labaredas, o mais certo é nem ser editada)

Etiquetas:

A televisão, a criança e a publicidade

(do livro: Estratégias e Discursos da Publicidade, de Francisco Rui Cádima, Lisboa, Vega, 1997.

A criança e a televisão encerram na sua complexa interacção o segredo do paradigma mais generalizado da televisão clássica no que concerne ao modelo de criação do vínculo e do «consenso» social imposto como norma de conduta, como referente cultural, social e comportamental. É fundamentalmente essa a questão que se deve colocar na abordagem da problemática entre a publicidade e a criança. De facto, como dizia Michel Souchon, «À travers la publicité, les objets s'animent, les mots se chantent, les gens mêmes sont mis à la portée des enfants et cherchent à satisfaire leurs désirs sur un ton fantaisiste et gai qui les amuse et les entraîne dans un monde merveilleux. Comment n'en seraient-ils comblés? 1 ».

A questão é esta: da mesma maneira que uma criança está desprotegida face à mensagem televisiva - dir-se-ia por um analfabetismo audiovisual natural - também o chamado «grande público» da televisão sofre da mesma imunodeficiência, por assim dizer, face às televisões «tablóides» e a todo o tipo de sensacionalismo.

De facto, a televisão e o mundo da criança cruzam-se muitas das vezes de forma não tão equilibrada quanto seria desejável. A questão prende-se essencialmente com a criação pela TV de expectativas, de modelos comportamentais e normas de conduta absolutamente desapropriados em relação ao universo dos mais jovens. De facto, uma coisa é, por exemplo, a realidade 'publicitária' que a televisão dá a ver, e outra coisa bem diferente é a realidade do mundo que nos rodeia.

Há que reconhecer que as relações da televisão com os telespectadores mais pequenos inserem-se num problema mais vasto que remete, no fundo, para a programação em geral e para as pequenas e grandes guerras de audiências que dominam a paisagem televisiva. Em particular tornam-se preocupantes as formas de violência, belicismo e sexismo que essa mesma programação assume frequentes vezes, designadamente na publicidade, na ficção televisiva, incluindo as novelas, e na informação.

No caso da publicidade porque, no fundo, através dessa mitologia de sonhos e miragens, tudo se passa como se as imagens da publicidade construíssem o melhor dos mundos a desfrutar. É toda uma nova ordem simbólica que se cria - autêntico jogo à revelia do verdadeiro e do falso - em que a publicidade força a interacção da criança com o mundo do adulto, mostrando-lhe os modelos da sociedade da abundância através de uma lógica consumista que estrutura, de alguma forma, as expectativas das crianças desde o período pré-escolar até à fase em que a criança é mais receptiva à publicidade, aos seus códigos, e aos seus processos de sedução.

Outra questão de enorme relevância - e que teima em manter-se - é o facto de os anúncios dirigidos às crianças continuarem a ser marcadamente sexistas, isto é, a publicidade destinada às crianças continua a separar os seus papéis por sexos, o que acaba por reprimir a partilha das experiências e dos diferentes papéis sociais tanto no processo de desenvolvimento da criança como do jovem.

Dados mais preocupantes referem inclusive que as crianças que vêem uma média de três horas e meia de televisão por dia, chegam a ver uma média de 100 spots publicitários por dia. Importa, portanto, dar mais atenção aos efeitos da televisão nas crianças e nos jovens. Sobretudo numa altura em que os estudos apontam, mesmo no caso português, para o facto de as crianças passarem mais tempo perante a televisão do que a falar com os pais ou nos bancos da escola.

Outra é a questão da violência real do meio, aquela que advém do próprio dispositivo televisivo. Por exemplo, dificilmente se poderá encontrar maior violência na programação televisiva do que na habituação a modelos narrativos não contraditórios, circulares e fechados. Trata-se aí da redução da experiência e do saber aos arquétipos das imagens protocolares, da serialidade, da modelização, por exemplo, da televisão generalista clássica a padrões e programas estereotipados, e da aculturação das audiências a mecanismos contratuais. Por isso mesmo, a violência televisiva que mais nos deve preocupar é a violência subliminar que apazigua de modo indolente o corpo social 2 .

Importa pois não iludir o problema essencial: a principal violência que a televisão cria está no próprio consumo televisivo, é o hábito e a fidelização, nomeadamente em relação ao stripping (fidelização horizontal - no nosso caso com as telenovelas a marcarem ao longo da semana o espaço nobre da programação, «ensanduichando» a informação e fidelizando horizontal e verticalmente a audiência, reduzindo a um género televisivo menor - ou mesmo ao menor dos géneros televisivos - a qualidade, a diversidade e o entretenimento televisivo. Ora, a publicidade está no cerne exactamente desse dispositivo - é, por assim dizer, o seu elemento charneira.

Complexa é também a violência explícita, embora não seja esse o tema que agora aqui nos traz. Vejamos então a questão da publicidade. Existe, por assim dizer, um pequeno mundo simbólico, constantemente recorrente na publicidade televisiva dirigida à criança. É nesse apertado círculo mitológico, mas também mágico e encantatório - alimentar, lúdico, familiar, securitário -, que, no fundo, se configura e se cristaliza um imaginário não referencial com o real.

De facto, «a publicidade é o reflexo da felicidade tal como a sociedade de consumo a propõe: se o forno está sujo, ou o fato de trabalho imundo, um produto miraculoso voltará a pôr rapidamente tudo na ordem e limpo» 3 .

No fundo tudo se passa como se a publicidade construísse o melhor dos mundos, no qual os bebés seriam sempre desejados, lourinhos e de olho azul, tivessem todos os brinquedos do mundo à sua disposição - incluindo os bélicos - e crescessem à custa do fast-food ou dos achocolatados, não faltando sequer um computador lá em casa para as brincadeiras pré-alfabéticas. Nesta exploração do vínculo entre a criança e o mundo, a publicidade elabora fundamentalmente o seu performativo - a sua função essencial -, isto é, nomeia para fazer existir.

Aqui emerge desde logo uma lógica consumista que modela de alguma forma as expectativas das crianças desde a sua idade de identificação – dois/três anos - até cerca dos oito anos, em que a criança é extremamente receptiva à publicidade - e não só aquela que lhe diz directamente respeito. A partir daí vai-se então desenvolvendo um sentido de questionamento e de observação sobre as qualidades formais da publicidade em si e eventualmente dos seus argumentos mais directamente perceptíveis pela criança.

A criança é assim orientada no sentido de explorar os verdadeiros «acontecimentos» consumistas que lhe são dirigidos através de uma retórica clássica - «descobre», «experimenta», «não percas», «telefona já» - associada às figuras do «novo» e do «necessário».

Em termos da linguagem publicitária, tudo parte do seu carácter esquemático e circular e da sua grande capacidade de sedução, o que nos conduz também à questão da própria forma - mais do que do conteúdo - da publicidade televisiva. É aí que está o primeiro nível icónico de captação da atenção da criança, no fascínio da forma.

Outra é a questão das mitologias televisivas do crescimento, para citar Jean-Paul Gourévitch 4 . Aqui desenvolve-se sobretudo um discurso de protecção do desenvolvimento e do crescimento da criança, enquadrado por uma pleiade de produtos já banalizados, o que permite justificar de algum modo a própria publicidade como uma espécie de conselheira em saúde - é o dentífrico anti-cárie, as vitaminas, os nutrientes, os sapatos não deformativos, o papel higiénico macio - etc., etc., mas que muitas das vezes desliza para o campo da gulodice e de outras excrescências, por vezes de forma mesmo exagerada, como é o caso quando as virtualidades do produto são representadas pelos excessos, pelos abusos, com a própria cumplicidade e/ou participação do adulto.

Neste jogo em que a publicidade provoca a interacção da criança com a mãe ou o pai, é toda uma nova ordem simbólica que se cria, assente sobretudo no modelo do lar feliz, e consumista, e através das figuras da posse, do afecto, etc.

No fundo, toda esta mitologização parte do pressuposto de base - a publicidade cria as suas figuras de facto a partir dos desejos latentes, e transfere os falsos desequilíbrios do real publicitário para a satisfação da aquisição do próprio produto - daí que a imagem publicitária crie um verdadeiro écran transparente entre o mundo que é figurado por ela e o universo quotidiano dos seu público-alvo. Essa é a sua maior perversão.

As mitologias «culturais» da pub, provenientes da intersecção com a canção infantil, com as narrativas em forma de conto, com a banda desenhada, etc., relevam de formas discursiva já de si um tanto assépticas. Mas no fundo também por aí se reconduz a publicidade para a figura do estereótipo, reforçando na mesma as correntes dominantes, e permitindo também - outra das suas consequências negativas -, uma fácil projecção e identificação nos «heróis» das narrativas publicitárias.

Daí que seja fundamental dar mais atenção aos efeitos da publicidade nas crianças. Tanto nas redes públicas como nas privadas, já que estas se assumem como redes com publicidade ao contrário do que sucede por exemplo na BBC, que neste caso devia ser uma referência para o serviço público de televisão na Europa. Nesta exigência é óbvio que a sociedade civil tem um papel crucial.

Não queremos dizer com isso que se proíba a publicidade para crianças. Há outras maneiras de resolver esta questão, designadamente em relação às imagens e mensagens eventualmente mais nocivas. Recordo por exemplo que na Holanda, nos anos 70 era obrigatório figurar uma escova de dentes em toda a publicidade aos açucarados. E nos Estados Unidos, uma associação criada por Peggy Charren, confrontada com o excesso de cáries dentárias provocadas pelo excesso de consumo de açúcar entre as crianças americanas obteve a redução da publicidade nos espaços de programas específicos para crianças.

A questão é exactamente essa, como dizia Michel Souchon 5 se se interdita aos pais as cirroses no fígado (pub ao álcool) e os cancros no pulmão porque e que se deixa às crianças terem cáries dentárias e problemas de estômago?

São múltiplos os estudos, já desde os anos 70, que mostram preocupação pelo facto de as crianças passarem mais tempo perante a televisão do que em casa ou na escola 6 . E já nessa altura também do que se tratava era de identificar situações relativamente perversas, que tinham a haver com o facto de as crianças verem mais programas de adultos do que emissões infantis 7 .

Esse é um dos tópicos pouco referidos, mas que é preocupante. Desse modo tende a desaparecer a fronteira entre o mundo cultural da criança e o do adulto, e isto precisamente numa altura em que a criança é mais vulnerável. Se nessa relação unívoca com a televisão a criança não tiver o acompanhamento dos pais as implicações são ainda mais graves na medida em que, por assim dizer, o real responde, mas a televisão não.

E de facto, a passividade do jovem telespectador torna-se mais evidente nos países onde a produção televisiva é financiada no todo ou em parte pelas receitas da publicidade. A questão da publicidade televisiva é também elucidativa - na relação com a criança, o problema essencial é a sedução que a publicidade exerce sobre os mais pequenos. As mensagens publicitárias são de um modo geral repetitivas, insistentes, e anunciam sempre «boas novas». Fala do méritos dos produtos e nunca das suas fraquezas - há como que excitar o desejo da criança por produtos provavelmente inúteis, dos doces às guloseimas.

Ainda a questão do sexismo na publicidade infantil. Um estudo realizado em Espanha pela Asociación de Usuarios de la Comunicación (realizado para a União Europeia sobre a aplicação da Directiva Televisão Sem Fronteiras) 8 refere que «os anúncios dirigidos às crianças espanholas continuam a ser marcadamente sexistas. A publicidade utiliza ideias de poder, força, acção e vitória. Pelo contrário, os anúncios destinados às meninas baseiam-se em conceitos como maternidade, beleza, e sonhos.»

O que quer dizer que, sobretudo na época das festas e dias festivos da família, a publicidade destinada às crianças continua a separar os seus papéis por sexos. As meninas continuam a brincar com as bonecas, a fazer o comer e a tratar da casa, enquanto os meninos brincam com kits, videojogos, puzzles, brinquedos bélicos, etc. Outro aspecto, no caso espanhol, prendia-se com a utilização de apresentadores de espaços infantis, para promover directamente produtos e dissimular publicidade sob forma de concurso, o que não é permitido na Directiva comunitária.

Quer, portanto, através do imaginário consumista que a publicidade cria, quer através dos modelos tradicionais atribuídos aos diferentes sexos, a publicidade continua a extremamente antiquada e retrógrada. A alternativa passa, também aqui, provavelmente, pela aplicação de um programa do género - «todos diferentes, todos iguais». Neste aspecto, a publicidade poderia assim contribuir fortemente para uma evolução clara no plano das normas de conduta e dos papéis sociais entre homens e mulheres.

Curiosamente, um outro estudo feito em Espanha no decorrer do mês de Dezembro de 1992, antes do período do Natal 9 , estudo da responsabilidade da revista de informação ao consumidor Ciudadano (número de Janeiro de 1993) assegurava que nesse mês de Dezembro, as crianças haviam visto uma média de três horas e meia de televisão por dia, tendo visto mais de 3000 spots de brinquedos, o que significa uma média de 100 spots por dia, e por criança. O relatório referia que em alguns canais se emitiu até 50 % de publicidade sobre a duração total do programa. Algumas dessas TV's - Tele 5 e Antena 3 TV - as redes privadas espanholas, para iludir a legislação sobre percentagens de emissão de anúncios, lançaram programas que converteram o plateau televisivo num suporte publicitário permanente, com produtos das firmas patrocinadoras presentes no décor, ou através de concursos em que as crianças tinham que imitar um anúncio de uma referida marca.

Em Portugal, de facto, não temos tido grande preocupação por este fenómeno, pela influência negativa da publicidade no comportamento da criança e no social de um modo geral.

É sobretudo importante que um organismo oficial, um Observatório do Audiovisual, ou um Instituto do Consumidor, ou inclusive uma Comissão na área da Saúde, como a que promoveu este encontro, prepare relatórios regulares sobre a publicidade televisiva e as crianças, nomeadamente em relação à publicidade enganosa, às informações traficadas, aos produtos nocivos, aos discursos miríficos.

É importante também introduzir ao nível do ensino secundário o estudo da linguagem televisiva e do sistema mediático, onde a questão da publicidade deve ter uma importância crescente.

Nesta vertente do problema é sem dúvida importante incentivar o trabalho do educador, dos pais, apoiar a formação, etc., no sentido de preparar criticamente os mais novos para descodificarem a mensagem da pub e resistirem mais facilmente aos seus processos de sedução e persuasão. Uma visão comparada da realidade 'publicitária' e da realidade do mundo pode ser inclusivamente um jogo entre pais e filhos que rapidamente os porá de sobreaviso em relação aos universos miríficos da publicidade - a condição da mulher, a representação das relações no interior da família, os excessos simbólicos das marcas e produtos, os sonhos e as ilusões, por sistema...

Notas

1 L'Enfant devant la Télévision, Michel Souchon et altri, Casterman, Paris, 1979
2 O Fenómeno Televisivo, Francisco Rui Cádima, Círculo de Leitores, Lisboa, 1996.
3 Michel Souchon et altri, op. cit., p. 147.
4 Jean- Paul Gourévitch, «L'Enfant et la Publicité», Des Images pour les Enfants, dir. Bernard Planque, Casterman, Paris, 1977, pp. 128-131.
5 Souchon, op. cit., p. 150.
6 Ver, por exemplo, James Halloran, «L' homme fait la télévision à son image», Correio da Unesco, Março de 1979.
7 Ver designadamente Kazuhiko Goto, «A droga electrónica», Correio da Unesco, Março de 1979. prof. da Universidade de Tóquio, na sua análise sobre uma das televisões mais violentas para as crianças - a televisão japonesa.
8 El Pais de 16 de Fevereiro de 1996.
9 El País, de 28 de Dezembro de 1991.

Etiquetas: ,

Site Meter