Pornografiazinha
Sobre o novo ‘ciclo’ de exploração da lógica do audímetro e simultaneamente de trabalho infantil - Zero em Comportamento e Mini Malucos do Riso (SIC) e Batanetes e Batanitos (TVI), alguns depoimentos recolhidos da peça:
Cristina Ponte considera-os "conteúdos discutíveis" e critica a apresentação de comportamentos desadequados a "um espaço com regras, como deve ser a sala de aula" e manifesta-se a favor de uma legislação laboral que integre a nova realidade das crianças.
Para a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos, estes programas apresentam um "tipo de diálogo fácil, que não ajuda, nem explica". O chamado pensamento virtual, "onde não se dá um processo de contextualização", é um dos efeitos registados nas crianças espectadores. A especialista relaciona este efeito com o insucesso escolar.
Numa altura "em que conversamos cada vez menos uns com os outros", estes programas também mostram às crianças "um nível muito grosseiro de comunicar". "Por vezes até com um componente mais pornográfico", completa.
A pedopsiquiatra mostra-se também crítica ao efeito mimético que as imagens suscitam nas crianças "Como vêem que os adultos acham piada, copiam esses comportamentos". As consequências são várias, "as crianças não pensam, são quase papagaiozinhos" e assumem "posições socialmente desajustadas".
Para o sociólogo Elísio Estanque há que compreender o possível "mimetismo" das crianças. O docente universitário realça que "o poder da televisão é esmagador" e em famílias onde progressivamente os pais têm menos tempo para estar com os filhos, o poder da caixa mágica pode até ser "agravado". A "culpabilização" dos pais, devido à escassa disponibilidade para os filhos, pode levar à criação de situações onde estes ficam livres junto à televisão, sem discernir os comportamentos considerados errados.
Sobre o mesmo tema ver também a revista do CM de hoje.
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