31.12.08

A "contra-regulação" é o melhor que a ERC sabe fazer (defeito de nascença)

Rui Rangel (CM, 31.12): "Sinto muito, mas a entrevista dada ao ‘Expresso’ por Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, não pode deixar ninguém indiferente, muito menos os senhores jornalistas. Mas, mais uma vez, a única voz que se ouviu foi a do silêncio. Não sei se foi por terem medo deste ‘patrão’, se foi por subserviência ou falta de consciência profissional e social.

"A transparência e a qualidade da Democracia exigem mais destes actores que exercem uma profissão que, sendo nobre, não pode ficar condicionada na sua actividade nem ‘algemada’ no seu espírito crítico. O que se passou foi grave aos olhos do Estatuto dos Jornalista e das legis arte desta profissão, não tanto pela substância da entrevista, que não trouxe nada de novo, mas pela circunstância do entrevistado se ter dado ao luxo de vetar a presença de um jornalista do ‘Expresso’. O direito de informar e de ser informado, em suma a liberdade de expressão, mereciam mais respeito de Azeredo Lopes, quer enquanto cidadão, quer, sobretudo, enquanto presidente da Entidade que regula este sector."

José Pacheco Pereira, O CONTROLO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL PÚBLICA (Abrupto, 31/12): "Continua impante e impune como mostra, se outros exemplos não houvesse, o modo como o governo e o Primeiro-ministro são tratados nos noticiários da RTP. A ERC encarregou-se de encontar “metodologias” científicas que tornam invisível a manipulação, pelo que o benefício do infractor é total."

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30.12.08

Los cibercriminales están ganando la guerra

Muy, muy alarmante. En serio (JOHN MARKOFF - NYT - San Francisco - 20/12/2008/El Pais) Los 'cibercriminales' están ganando la guerra en Internet.

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13 titres de presse à la conquête de la pub TV

Les quotidiens à la conquête de la publicité télévisée (Figaro, 28/11/2008): "Treize titres de presse quotidienne nationale et leurs sites Web proposent une offre commerciale commune aux annonceurs"

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"Quando o antigo quarto poder..."

Manuel Maria Carrilho, O Biombo (DN, 20/12): "Michael Schudson, em Sociology of News, define o "parajornalismo" como um trabalho que mistura firmas de relações públicas, agências de comunicação, assessores políticos, serviços de imprensa, organizadores de eventos, etc., numa bizarra panóplia de motivações, de competências e de interesses que produz cada vez mais desinformação.

"Não tenho quaisquer dúvidas de que é neste ainda nebuloso enunciado, por trás deste biombo, que se encontra a chave que nos permitirá compreender e enfrentar os principais dilemas da democracia no começo do séc. XXI. E que será ela que dará a resposta à questão central, civilizacional, de saber que tipo de metamorfose está afinal em curso. Bem como à questão de saber em que é que se está a transformar o jornalismo e que formas tomará a democracia quando o antigo quarto poder (que se chegou a imaginar como contrapoder, é bom lembrá-lo!) assume cada vez mais junto da sociedade o papel funcional de um primeiríssimo poder, e até talvez o papel "ideológico" dos partidos tradicionais."

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O Telejornal mal, muito mal

O Telejornal de ontem voltou a estar ao habitual pior nível. A intervenção de 7 minutos do Presidente da República, em que o PR avança matéria crítica sobre a qualidade da democracia portuguesa, não mereceu por parte do Director de Informação e apresentador do Telejornal a mínima atenção no sentido do esclarecimento da opinião pública. Num Telejornal com uma hora de emissão, não houve tempo para ouvir ninguém, nenhum constitucionalista, nenhum politólogo, nenhum jurista, nenhuma personalidade independente, nenhum debate sobre o assunto. Foi ouvir e calar. Pelo meio, acidentes, catástrofes, futebolações. No final lá vieram os tradicionais representantes dos partidos cumprir quotas para a ERC...

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29.12.08

"A RTP é uma fonte de tortura mental"

Alberto Gonçalves, O ENGUIÇO PÚBLICO (DN, 28/12): "Porque é que os partidos e os cidadãos que se indignam com as garantias dadas pelo Estado à banca não protestam os 230 milhões que, em 2009, o Estado despejará na RTP, empresa cuja dívida ascende aos 950 milhões?

"Com certeza, porque presumem que, ao contrário dos banqueiros, os administradores da estação televisiva são pessoas. Talvez sejam. Por mim, após ter dedicado um dia inteiro a espreitar o canal principal e adjacências, estou seguro de que quero manter uma saudável distância face a elas, física, visual e, se não fosse pedir o impossível, fiscal.

"Sei que é de péssimo gosto invocar o "dinheiro dos contribuintes". Mas também não me parece requintado gastá-lo no financiamento de produtos como os noticiários devotados à bondade governamental, os sorrisos da Praça da Alegria e do Portugal no Coração, o sr. Malato dos concursos, a bola, os debates acerca da bola, as pretensões "culturais" do segundo canal, o arquivo (comprovadamente) morto da RTP Memória e uma excentricidade que me escuso de comentar chamada RTP África. Já não se trata de discutir se a RTP, canal "generalista" idêntico aos piores, presta o célebre "serviço público": trata-se de perceber em que medida prejudica a saúde pública.

"Há quem goste? Haja quem pague. Por mim, se não consigo impedir que uma parcela dos meus rendimentos se esfume em disparates, prefiro amparar banqueiros. No máximo, estes incorrem na ocasional trafulhice, que a Justiça de países menos exóticos aliás pune com cadeia. A RTP é uma fonte deliberada e contínua de tortura mental, ainda por cima cruelmente financiada por muitos dos que a sofrem. O facto de semelhante suplício se processar ao abrigo da lei não atenua, antes reforça a crueldade."

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27.12.08

O TELEJORNAL igual à DREN (act.)

No dia em que o Director de informação da RTP deu uma entrevista ao CM dizendo que a sua informação é "plural e democrática", este cidadão, cheio de boa vontade, senta-se em frente à caixa, para ver o que mudou. Nada. Falso alarme. O Telejornal, à semelhança da DREN (que considerou o caso uma simples "brincadeira"), passou hoje pelo caso da Escola do Cerco como cão por vinha vindimada. O que significa que não fez jornalismo. Fez política. Um caso de uma tal gravidade, mostrado em todos os meios e no You Tube, cuja "banalização" pelos media tem um efeito muito negativo sobre a escola, necessita de uma rigorosa explicação nos media por parte de especialistas. Essa é a missão do serviço público. Mas face à missão, já sabemos que em regra a resposta é a demissão.

O DN hoje 27/12, vai um pouco mais longe, embora sem grande enquadramento analítico: 50 agressões em escolas acabam no hospital. O JN aborda o lado menos importante da questão - Procurador vai esperar pelo inquérito feito pela escola, levando o caso para o discurso do direito. Trata-se de um tema disciplinar, comportamental, onde o mais importante é ouvir especialistas em educação, em adolescência, família, sociedade e media. E sobretudo ter muito cuidado nas mensagens que os media estão a passar, como as dos ditos pais representantes de ditas associações de pais, que vêm acusar dirigentes sindicais de autoria no lançamento dos vídeos na net...

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26.12.08

Sindicato dos Jornalistas desmascara ERC

SJ condena “veto” do presidente da ERC a jornalista (2008/DEZ/23): "O Sindicato dos Jornalistas (SJ) condenou a oposição do presidente do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (CR da ERC) à escolha de um jornalista para a realização de uma entrevista no semanário "Expresso". Em comunicado, a Direcção do SJ sublinha que a atitude do presidente do CR da ERC é inaceitável e que, além de uma discriminação ilícita, legitima comportamentos semelhantes de outras pessoas e entidades:

"Tendo tomado conhecimento de que o presidente do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (CR da ERC) vetou a participação de um jornalista numa entrevista ao semanário “Expresso” que o seu próprio assessor propusera, condicionando a realização da mesma à exclusão daquele jornalista, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera inaceitável tal atitude.

"Sendo dever da ERC garantir o direito de acesso à informação, o direito dos jornalistas a informar-se e à liberdade de criação e ainda a independência editorial dos órgãos de informação face a qualquer poder, não se pode aceitar que seja o seu próprio presidente a colocar em causa tais garantias. (...)

"Ao justificar o seu auto-proclamado direito de veto sobre a escolha de um entrevistador, o presidente da ERC está, não só a limitar a liberdade editorial do jornal, mas também a discriminar ilicitamente um jornalista e a legitimar que outras entidades assumam comportamentos semelhantes."

"É também muito questionável que o órgão de regulação dos media adopte estratégias de comunicação que não garantem o necessário resguardo e equidistância face aos regulados, pois uma coisa é aceitar conceder as entrevistas ou declarações solicitadas por órgãos de informação e outra é propô-las, pois a simples proposta já implica a escolha de um órgão específico. (...) "

Ainda sobre o tema:

Expresso não vai apresentar queixa contra presidente da ERC (Notícias Sapo/Lusa, 23/12): "O director do jornal Expresso, Henrique Monteiro, disse hoje à Lusa que não vai apresentar queixa na Entidade Reguladora dos media por o presidente do organismo ter recusado ser entrevistado por um dos jornalistas daquele semanário.

"Podíamos fazer a queixa, mas não o vamos fazer porque isso era achar que a ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] tinha independência e transparência suficientes para julgar o seu próprio presidente, o que não tem", explicou Henrique Monteiro.

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ERC deveria ser independente do Governo e dos Regulados

Em diversos documentos da Comissão Europeia (ver abaixo) é bem claro que os reguladores devem ser absolutamente independentes dos Governos e dos regulados. Nesta matéria reside desde logo o pecado original desta ERC, que pela sua própria constituição, não dá garantias nem de ser um regulador independente do Governo, nem de ser independente de um dos regulados (RTP) (ver "ERC: regulação, “contra-regulação” ou governamentalização?")

Pluralism in the broadcasting sector: dual landscape and independent Regulators (COMMISSION STAFF WORKING DOCUMENT - Media pluralism in the Member States of the European Union)

Both public service broadcasters and commercial broadcasters contribute to media pluralism and this dualism itself further strengthens pluralism. High quality information is an important remit of public service broadcasters and fulfilment of this remit makes an important contribution to media pluralism. A functioning dual system also means that it must be balanced.

Even if the broadcasting regulation is in place, the implementation of legislation while ensuring media pluralism is crucial. The regulatory authorities play a central role in this respect. In general, regulatory authorities have the power to grant broadcasting licences, enabling the free movement of media services. They must supervise audiovisual programmes compliance with European and national rules. Central to this is the protection of minors, human dignity, non-discrimination and the enforcement of advertising rules. Independent regulators also develop and establish the rules themselves (e.g. codes of practice in the field of advertising). National regulatory authorities exercising these powers impartially and transparently are crucial in order to ensure media pluralism.

The importance of the independent regulatory authorities has been underlined in the Council of Europe Recommendation No. R (2000) 23, on the independence and functions of regulatory authorities for the broadcasting sector. The proposal for a new Audiovisual Media Services Directive includes the obligation for Member State to guarantee the independence of national regulatory authorities. They should be independent from both, national governments and audiovisual media service providers.

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Mais subordinações perigosas da LUSA

Boa matéria para a ERC esclarecer os cidadãos - e esclarecer-se a si própria - se fosse capaz. Matéria de elevada gravidade não lhe falta: um PR que a agência do Estado parece querer subordinar ao primeiro-ministro (como no tempo do fascismo, quando o "Presidente do Conselho" é que tinha prioridade de agenda), um ministro que intervém directamente junto da administração da Lusa...

Segundo o SOL ("Cavaco queixou-se duas vezes da Lusa", 20/12), “Cavaco Silva queixou-se de forma dura ao director da Lusa sobre o tratamento, alegadamente insuficiente, que esta agência noticiosa tem feito da Presidência da República (PR) nos últimos dois anos e meio (sublinhado nosso). Esta queixa, soube o SOL, foi feita pelo Presidente antes da já conhecida queixa sobre o tratamento feito pela Lusa à entrevista que deu ao Público, em 12 de Setembro (em que o PR clarificava a sua posição sobre o estatuto dos Açores).

“O PR indica as trocas constantes dos jornalistas que acompanham Belém e a cobertura de viagens suas ao estrangeiro por jornalistas que não pertencem à secção de Política. Luís Miguel Viana, director da Lusa e destinatário da missiva, não deu dela conhecimento ao Conselho de Administração, nem à tutela. Foi numa reunião tensa com o ministro da tutela, Santos Silva, que o presidente do Conselho de Administração da Lusa, José Manuel Barroso, tomou conhecimento do incidente. Ao ministro, terá dito que também se sentia ultrapassado por Viana.

“Nessa carta, Cavaco lamentava que em dois anos a agência já tenha atribuído a quatro jornalistas diferentes a cobertura da Presidência — parecendo indiciar que Belém tem pouca importância. (…)”.

Ainda:

Parlamento: Deputados questionam Luís Miguel Viana - “Discurso agrava intranquilidade” (CM, 18/12)

Mais uma vez a Lusa: mais cheiro a mofo e a censura

"Escandaloso" (Manuel Falcão, A Esquina do Rio, 24/11: "O que se tem andado a passar na agência Lusa está a começar a ser um escândalo. Uma agência noticiosa é suposta ser uma difusora imparcial e equilibrada de notícias, é suposta ser uma referência de isenção, insensível a manobras e pressões. Isto não é uma utopia, e embora a perfeição não exista, em algumas agências noticiosas ela está próxima. Durante uns anos (e não foram poucos), em Portugal, isso também aconteceu, nas diversas encarnações que a Agência Noticiosa nacional teve. Eu orgulho-me de ter estado mais de seis anos na Notícias de Portugal e, depois, no início da Lusa, e sei como existia um corpo de profissionais que defendia o respeito pelo Livro de Estilo, trabalhado a partir dos melhores exemplos internacionais. O que hoje se lê sobre o que se passa na Agência Lusa relata um cenário de pressões e manipulações e é espelho de uma sociedade e de um Estado que perdeu a noção da decência e não olha a meios para atingir os seus fins. No cerne da questão, quem está? O Ministro Santos Silva, claro."

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Recordar Ramonet, nestes tempos de vulnerabilidade dos media

Ignacio Ramonet, a propósito da "Tirania da Comunicação": "(...) peu à peu, la communication est devenue une idéologie. Une idéologie qui nous oblige à communiquer. Qui nous contraint à nous équiper, à nous entourer de machines à communiquer chaque fois plus nombreuses et plus performantes : fax, magnétoscope, ordinateur, courrier électronique, chaînes numériques, téléphone portable, cédérom, jeux vidéo, DVD, Internet… Des machines auxquelles tout le monde aspire désormais parce qu'elles apparaissent comme les outils qui nous rendent libres, qui seraient indispensables à l'accomplissement existentiel, à la réalisation de soi, bref, au bonheur.

"Pourtant, alors que triomphent, apparemment, la démocratie et la liberté dans une planète largement débarrassée des régimes autoritaires, les censures et les manipulations, sous des aspects divers, font un paradoxal retour en force. De nouveaux et séduisants « opiums des masses » proposent une sorte de « meilleur des mondes », distraient les citoyens et les détournent de l'action civique. Dans ce nouvel âge de l'aliénation, à l'heure de la « world culture», de la «culture globale », et des messages planétaires, les technologies de la communication jouent, plus que jamais, un rôle idéologique central. Information, communication publicitaire et culture de masse se confondent, emploient la même rhétorique, s'expriment en privilégiant la simplicité, la rapidité et la drôlerie. Trois caractéristiques qui infantilisent, le plus souvent, les citoyens.

"Les médias estiment qu'informer consiste maintenant à simplement nous faire assister à l'événement. Qu'il suffit d'y être pour savoir. Qu'il suffit de voir pour comprendre. Qu'il suffit de répéter pour démontrer. Qu'il suffit d'émouvoir pour convaincre. Or de telles pratiques conduisent souvent à la désinformation. C'est pourquoi le nombre de mensonges (de Timisoara à la guerre du Golfe, de la Bosnie au Rwanda) s'est tellement accru, et les « bidonnages » multipliés. Le système médiatique considère que plus il se branche, plus il se connecte, plus il exhibe les nouvelles technologies ultramodernes et leurs prouesses, plus il sera crédible. C'est une erreur.

"La promesse du bonheur, à l'échelon de la famille, de l'école, de l'entreprise ou de l'Etat, c'est effectivement la communication qui la formule désormais. Plus on communique, nous dit-on, plus notre société sera harmonieuse, et plus on sera heureux. D'où cette prolifération sans bornes des instruments de communication, dont Internet est l'aboutissement total, global et triomphal.

"On peut même se demander si la communication ne vient pas de dépasser son état optimum, son point zénith, pour entrer dans une phase où toutes ses qualités se transforment en défauts, toutes ses vertus en vices. Car la nouvelle idéologie du tout-communication, cet impérialisme communicationnel, exerce depuis quelque temps sur les citoyens une authentique oppression.

"Pendant longtemps la communication a libéré, parce qu'elle signifiait (depuis l'invention de l'écriture et celle de l'imprimerie) diffusion du savoir, de la connaissance, des lois et des lumières de la raison contre les superstitions et les obscurantismes de toutes sortes. Désormais, elle est probablement devenue la grande superstition de notre temps. En s'imposant comme obligation absolue, en inondant tous les aspects de la vie sociale, politique, économique et culturelle, n'exerce-elle pas une véritable tyrannie?"

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23.12.08

Um Feliz Natal


















Masaccio - Santana, Nossa Senhora e o Menino, 1424

Digital TV, Confusion Is in the Air

In Move to Digital TV, Confusion Is in the Air (NYTimes, 21/12)

Gary Chapman: Picture it - the future is digital (24/1)

"Alors que la TNT gratuite est un succès incontestable deux ans après son lancement, la TNT payante fait trop peu de recettes et recrute trop peu d'abonnés pour que le marché ne s'interroge pas sur son avenir" (La TNT payante montrée du doigt, Figaro, 22/11)

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20.12.08

"Quero ser uma televisão"

Quero ser uma televisão (Edwaldo Antonio Milanesi, Jornal de Itupeva, 20/12): "Na sala de aula, a professora pediu aos seus alunos que fizessem uma redação e que na mesma expressassem o que gostariam que Deus fizesse por eles. Já em casa e quando corrigia as redações dos seus alunos, deparou-se com uma que a deixou muito emocionada (...)."

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16.12.08

O preço certo da "montra": 300 Milhões de Euros

Conselho de opinião da RTP quer redução de custos para evitar aumento do endividamento ou despedimentos (Jornal de negócios, 16/12); 2009: Contribuição para o audiovisual nas contas da EDP - Portugueses pagam 85 milhões à RTP (CM, 16/12). RTP custará 230 milhões aos portugueses em 2009 (DN, 17/2).

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A Net em 2020

Telemóveis vão ser o principal meio de acesso à Internet em 2020 (Público online, 16.12.2008): "Esqueçam os “enormes” computadores pessoais em casa, esqueçam mesmo os mais leves portáteis. Daqui a 12 anos, será pelo telemóvel que faremos a maior parte dos nossos acessos à Internet. Pelo menos é essa uma das conclusões do estudo “The Future of the Internet III” da Pew Internet & American Life Project."

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15.12.08

O Telejornal não esteve lá

Encarregados de Educação querem obras urgentes - Escola Básica 2,3 Gonçalves Crespo da Pontinha reabre após protesto de pais (15.12.2008 - 10h37 Público/Lusa): "(...) o presidente da Associação de Pais, Paulo Mota, disse que a escola apresenta um "mau estado de conservação" e que estava previsto o início das obras para este ano (...). Fonte do Ministério da Educação disse à Lusa que as obras vão começar em 2009 (...) Tiago Duarte, aluno do 7.º ano, adiantou ainda à Lusa que chove e se sente frio nas salas de aulas. Outra aluna, Mafalda Santos, queixou-se da existência de "baratas, lagartixas e ratos" no refeitório...

Baratas, lagartixas e ratos no refeitório. Não seria o suficiente para ter a presença e a solidariedade de um membro do Governo? Assim já lá teria estado o Telejornal da RTP1. Mas não esteve. Esteve, por exemplo, a SIC Notícias, que logo de manhã tratou o tema.

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Umas quantas maldições sobre a coitada da TDT

Desde que começou a ser anunciada, nos finais dos anos 90, a TDT parece amaldiçoada.

Há, no fundo, duas ou três “maldições” que lhe caíram em cima. A primeira é a própria evolução tecnológica que nos últimos anos veio tornar mais claro que múltiplas redes digitais estão aí, mesmo em casa dos portugueses, fazendo jus a Bill Gates e à sua intervenção junto da FCC no sentido de abandonar a digital terrestre e apostar tudo na IPTV.

Uma segunda “maldição" coincidiu com o lançamento dos primeiros projectos europeus de DVB-T, que acabariam praticamente todos por falir. Foi designadamente o caso inglês e o caso espanhol que não conseguiram integrar os primeiros projectos privados de TDT, curiosamente em dois dos principais mercados de media europeus.

Uma terceira, é já específica do pequeno (ridículo?) caso português, e pode dividir-se em três partes: tem a ver, por um lado, com as nossas próprias insuficiências, que criam desta nossa experiência mediática um caso de potencial falência do sistema, o que originou a primeira cassação da licença em 2003 . Por outro lado, tem ainda a ver com idiossincrasias muito nossas, isto é, com a convicção inicial – agora menos evidente –, de que a TDT vinha suprir um défice da Sociedade de Informação em Portugal. Por último, tem a ver com o lançamento do actual concurso, que não só tem um regulamento caricato, como parece estar sob o espectro de novo adiamento (o que, curiosamente, ou não, parece trazer só vantagens).

De facto, o projecto começou por ser utilizado para ajudar a lançar grandes anúncios políticos (governamentais) associados aos alegados mais elevados benefícios da Sociedade da Informação em Portugal. Corria o ano 2001 e Ferro Rodrigues, então Ministro do Equipamento Social, antecipava o lançamento do concurso da TDT, afirmando, nomeadamente que “a TDT, a implementar através da adopção da norma tecnológica pan-europeia DVB-T (Digital Video Broadcasting Television), irá substituir a actual rede analógica por uma sofisticada rede digital, que permitirá a recepção de novos serviços no televisor (acesso à Internet, correio electrónico, videoconferência, vídeo a pedido, entre outros).” Dizia-se então que a plataforma a licenciar permitia a multiplicação de ofertas interactivas, tanto de serviços de televisão, como de telecomunicações ou da sociedade de informação, estimulando a produção de conteúdos, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade de informação e do conhecimento, tornando mais próximo o mundo digital.

Decorridos cerca de dez anos sobre essa primeira miragem, noticia o Semanário Económico (13/12/08) que o concurso de Televisão Digital Terrestre (TDT) para o projecto de televisão paga “pode voltar ao ponto de partida”: “Ao que o Semanário Económico apurou junto de fontes próximas do processo os argumentos do Tribunal Administrativo de Lisboa para recusar a invocação de interesse público por parte da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) abre a porta a uma decisão favorável à queixa da Airplus.

Segundo os juristas contactados pelo Semanário Económico “se a juíza responsável pelo processo der razão aos suecos e considerar que há aspectos ilegais, o regulador não terá outra hipótese se não voltar à estaca zero no processo da TDT paga. Também aqui existem várias hipóteses, nomeadamente a constituição de um novo júri para avaliação das mesmas propostas - PT e Airplus - e até uma mais rebuscada de um novo concurso. Todas elas são morosas e passíveis de recurso para tribunal tanto por parte das empresas como dos reguladores.”

“A PT já ganhou o concurso da licença gratuita a transmissão da RTP1, RTP2, SIC e TVI mais um quinto canal a criar — e tem que assegurar a transmissão dos mesmos por via digital a partir de 31 de Agosto de 2009. Mas o projecto para a televisão paga - com um pacote de 47 a 50 canais -, que iria concorrer com as ofertas que existem hoje no mercado, volta a estar parado.”

Entretanto, Pedro Morais Leitão, Presidente da Confederação Portuguesa de Meios de Comunicação Social, escrevia no mesmo SE, do passado 13 de DEZ, um interessante texto, intitulado “Um parto de nove anos”:

“Faz este mês nove anos que analisei pela primeira vez o tema da Televisão Digital Terrestre. Desde então, discuti como enquadrá-lo com quatro administrações da ANACOM e participei na preparação de duas candidaturas - em 2001 e em 2008. Estes antecedentes permitem-me reagir sem grande aflição ao anúncio de mais um atraso para a TDT em Portugal, desta vez causado pelo Tribunal Administrativo de Lisboa, ao recusar a invocação de interesse público pela ANACOM para atribuir a licença de TDT paga à Portugal Telecom, em detrimento da concorrente sueca AirPlus. Ao longo deste duro “trabalho de parto”, aprendi que nenhuma empresa portuguesa sai prejudicada pelos atrasos na TDT. Para a RTP, SIC e TVI, a TDT duplica os custos no “simulcasting” e abre mais espaço para a concorrência. A PT, ZON e Cabovisão, a TDT traz um potencial concorrente, que a prazo poderá minar os preços da televisão paga.
Também tenho dúvidas se os portugueses perderão por o arranque da TDT se atrasar. O caso da Freeview no Reino Unido prova que o alargamento da oferta de canais gratuitos é o maior benefício que os telespectadores podem tirar da TDT e em Portugal a nova plataforma só nos virá trazer, para já, um novo canal gratuito.
O único genuíno prejudicado por a TDT se atrasar poderia ter sido a empresa que viu nela uma oportunidade de entrar no sector com um novo modelo de negócio - a AirPlus. Mas esta perdeu a licença para a PT e, neste momento, é ela própria a responsável por mais um atraso."

Duas semanas antes, Nuno Artur Silva, escrevia no mesmo semanário um outro artigo sobre o tema, não menos interessante: “O Quinto Canal”, (SE/Outlook, 29/11/08):

“Muito se tem falado e muito se vai continuar a falar do quinto canal, dividindo os argumentos entre os que são a favor e os que são contra. Mas o que me ocorre antes de mais pensar a propósito de mais um canal é a questão: o que é hoje um canal de televisão? E, sobretudo, o que vai ser em 2010 um canal de televisão.
Podemos, em relação ao futuro canal, pensar a sua definição em função do seu posicionamento face aos que já existem.
Partindo do princípio que o que faz sentido é o quinto canal ter uma programação diferenciada dos generalistas já existentes (SIC, TVI e RTP1), essa diferenciação deve ser pensada, desde logo, em função de uma audiência potencial que não se está a rever nesses canais.
Genericamente estamos a falar de uma audiência de jovens e jovens adultos A’s e B’s, e C’s aspirantes a B’s, ou seja, desde logo um universo de cerca de um milhão de pessoas, alvos de um universo vasto de anunciantes, que também não está a encontrar espaço nos canais existentes.
O problema é que esse é o público mais infiel que existe e que, cada vez mais, não se prende à programação sequencial de um canal de televisão, ou seja, não está sentado à espera que chegue a hora de determinado programa. E um público que vê “televisão” quando quer e à hora que quer, não só no próprio televisor, mas no ecrã do computador, do telemóvel ou de outros presentes e futuros gadgets. Por causa disto, será um erro pensar num quinto canal unicamente em função de uma grelha de emissão. Hoje um canal de televisão tem de ser pensado como uma plataforma múltipla de conteúdos, com estratégias cruzadas de produção e emissão, bem como de promoção e activação de eventos. Reduzir isso a grelhas é pensar no que foi a televisão e não no que vai ser.
Mas o pior de tudo ainda vai ser ver um quinto canal igual aos outros três: um canal de futebol, novelas e concursos, unicamente preocupado com o share do dia e a luta, a qualquer preço, pelas cada vez mais escassas audiências. Ou seja, mais uma oportunidade perdida para a renovação do paupérrimo panorama audiovisual português.”

O contencioso levantado pela Airplus TV face à decisão do júri nomeado pela Anacom, no âmbito do concurso público para atribuição de direitos de utilização de frequências e licenciamento de operador de distribuição para o serviço de Televisão Digital Terrestre por subscrição (multiplexers B a F), que atribuiu a licença à PT em Julho de 2008, não veio, inicialmente, interferir no decorrer do concurso para o 5º canal, a transmitir em aberto.

Quase simultaneamente com esse incidente de suspeição, baseado na ligação do presidente do júri de avaliação, Prof. Carlos Salema, ao Instituto de Telecomunicações, com o qual a própria PT tem parcerias, surgia o Despacho n.º 19184-A/2008, assinado pelo Ministro dos Assuntos Parlamentares, despacho que integra o “Projecto de regulamento do concurso público para o licenciamento de um serviço de programas televisivo de acesso não condicionado livre”, então colocado em consulta pública por 30 dias.

Tratava-se então de suscitar apreciação pública dos elementos constantes no referido projecto de regulamento. Importa então determo-nos um pouco sobre o enunciado desse projecto, no sentido de melhor compreendermos o que os poderes públicos pretendem do futuro terceiro canal privado entre os generalistas.

Mas, antes disso, talvez se imponha recuar uns anos na história, justamente à época da abertura da televisão à iniciativa privada, aquando do lançamento dos dois canais privados portugueses – SIC e TVI. Refiro-me à Resolução do Conselho de Ministros nº 49/90, assinada pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, que integrava em Anexo o “Regulamento do concurso público para o licenciamento dos 3º e 4º canais de televisão”. O espírito era então seleccionar “as duas candidaturas que apresentem as propostas mais vantajosas para o interesse público”, algo que seria vertido num clausulado qualitativamente envergonhado e ingénuo, que não ia muito mais além de algumas exigências de circunstância aos potenciais concorrentes aos novos canais - artº 5.1 – g). Pedia-se então uma “Proposta detalhada da actividade de televisão (…), com especial referência o número de horas de emissão semanal, discriminando os tempos de emissão (…), de ficção e informativos, a grelha de programação, os tempos de emissão destinados à produção própria, à nacional e à europeia, bem como a programas de língua portuguesa (…)”. E, no artº 11.2 d), a “capacidade do candidato para satisfazer a diversidade de interesses do público”. E pouco mais.

Agora a coisa é diferente. Olhando para o projecto de regulamento assinado por Augusto Santos Silva, bastante mais exigente do mesmo ponto de vista qualitativo e de conteúdos (procurando talvez a redenção da instituição Estado face à desregulação e arbítrio dos primeiros 15 anos de concorrência televisiva em Portugal), verifica-se, sobretudo nos artigos 13 (“Apreciação das candidaturas”) e Anexo 1 – “Critérios de avaliação”, que se está a ser, portuguesmente, mais papista que o Papa.

Apenas como exemplo, citem-se, do Anexo 1, as principais categorias dos critérios de avaliação: a) Contributo para a qualificação da oferta televisiva, com valoração de 50%; b) Contributo para a diversificação da oferta televisiva – valoração de 30%; e ainda os critérios c), d) e e) (valorações de 10, 5 e 5%, respectivamente) referentes à difusão de obras criativas europeias e em língua portuguesa, cumprimento anterior de normas legais e planos de formação e qualificação.

Uma leitura mais fina deste despacho, designadamente dos critérios de avaliação das candidaturas ao futuro 5º canal, permitiria concluir o seguinte: de tanto se querer mostrar “serviço” (que a prática reconverte em inconsequências), acabou-se por fazer “transbordar” critérios para níveis que mais parecem de contrato de concessão de canais de serviço público. E de tal maneira o fazem, que todas as dúvidas nos assaltam quando se verifica com toda a evidência que a própria programação actual da RTP1 só com um forte excesso de bondade, acompanhada do vigente autoconvencimento político, passaria nestes critérios.

Entretanto saíu mais um estudo do Obercom (Maioria quer ser esclarecida sobre a TDT, DN, 14/12), que concluiu que "os portugueses ainda não têm uma opinião formada em relação à televisão digital. Quando questionados se o novo sistema, que terá de estar operacional em 2012, é melhor que o analógico, 52,8% dizem que não sabem ou não respondem. 64,5% gostavam que lhes explicassem o que é a televisão digital". E assim ficamos todos mais esclarecidos...

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13.12.08

Portugal: uma experiência democrática em crise

A satisfação dos cidadãos com as respectivas democracias na União Europeia (EU15), regista, desde 1973, uma evolução globalmente positiva. De valores compreendidos entre os 50% e os 60%, que se verificam praticamente desde o início da realização do Eurobarómetro, passamos a valores sistematicamente superiores a 60%, desde 1999.

Os três países com características mais particulares são a Dinamarca, a Itália e Portugal. A Dinamarca regista, desde o princípio da década de 1990 e de forma quase sistemática, os valores mais elevados de satisfação com a democracia na União Europeia.

A Itália, por seu lado, regista, na maior parte dos estudos, o valor de satisfação mais baixo, de entre todos os países, muito embora desde 2004 tenha ultrapassado o sentimento negativo existente em Portugal.

Portugal destaca-se precisamente por ser o único caso em que esta tendência é claramente contrariada: de valores próximos dos 70%, em meados da década de 1980 e início da década de 1990, os valores de satisfação com a democracia em Portugal descem 20%, em cerca de 10 anos, continuando a registar valores baixos. (in E-Democracia - Desenvolvimento da Democracia Electrónica em Portugal, Filipe Montargil, Coord., APDSI, 2008)

Ver também:

Débil democracia, medo, media: hard times


Portugal: democracia em baixa

Democracia, media, cidadania, em Portugal

Liberdade de expressão cai em Portugal

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Um "Intercidades" para a Educação

Sócrates anunciou hoje qualquer coisa um pouco mais interessante: uma espécie de "Intercidades" para a Educação. Melhor fora um Alfa Pendular, já que o TGV é mesmo só para fazer ú ú.

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Humor, política e democracia

Em Portugal, o Tal Canal, nos anos 80, foi sobretudo uma forte "charge" à TV da época, assim como a "novela" Moita Carrasco (Nicolau Breyner), que arrasava o pior da novela brasileira. Foram dois momentos ímpares na televisão portuguesa, não só porque foram uma pedrada no charco, mas também porque dissecavam mediocridades instaladas.

O contexto e o modo como surgiram criaram imediatas orfandades. Doravante nada podia ser como dantes. No Tal Canal, um intransponível painel de "bonecos" (Tony Silva, Carlos Filinto Botelho, Filipa Vacondeus, Nelito, Estebes) marcava para sempre a audiência. Depois deles o génio de Herman dispersou-se nos programas seguintes: Serafim Saudade (Hermanias), Maximiana (Humor de Perdição) Diácono Remédios (Herman Enciclopédia)…

Herman, como humorista, sempre atingiu o seu melhor com as suas múltiplas caricaturas, que através de um humor fino e ácido, eram (são) uma espécie de "jograis" deste feudalismo moderno em que fazemos por sobreviver. A verdade é que se o HermanSIC ainda trouxe essa marca, por exemplo com o "Canal Regional do Enterior Desquecido e Ostracizado", ou com o Nelo e a Idália, já o Hora H, na tentativa de inovar, acabou por não "implantar" nenhuma das suas figuras.

Digamos que o "segredo" do melhor Herman é uma combinatória "popular" entre a crítica social e de costumes e um nonsense e uma mordacidade próprias multi-influenciadas. Este Herman faz, naturalmente, muita falta na televisão portuguesa. É na sua ausência ou por entre algumas das suas presenças que emergem os seus "herdeiros", com uma capacidade de emancipação rápida (Gato Fedorento) e com uma clara vantagem da "charge" política, que nos fazem pensar também nos textos do Contra Informação, agora “desviado” pela RTP para um horário inaceitável (o fim das manhãs dos sábados), quando antes passava, com toda a justeza, em prime time.

Noutros casos, aparecem projectos mais conceptuais e portanto mais autonomizados (Contemporâneos). Ainda noutros casos (Jel/Vai Tudo Abaixo e Prego Ridículo/Pionés), temos incursões de perfil distinto, não filiados, de um humor anárquico e intervencionista, ou mesmo no plano do absurdo e do humor negro.

Penso que a "geração Herman" naquilo que tem de mais específico, bem como a sua descendência mais directa (veja-se o actual Vip Manicure, de Denise e Maria Delfina) vão beber uma boa parte da sua criação ao velho humor radiofónico e revisteiro de tradição portuguesa. Uma outra parte virá de toda uma cultura televisiva, onde a citação mais frequente é Benny Hill e a comédia britânica. Mas não podemos esquecer a influência do humor televisivo brasileiro (nomeadamente Jô Soares, Agildo Ribeiro ou Chico Anysio) ou todo um "melting pot" cinematográfico, de Chaplin e Keaton a Louis de Funès e aos Monty Python. Temos hoje múltiplas respostas, do mais popular ao mais conceptual e julgo que este "alfobre" tem hoje boas "auto-suficiências" capazes de fazer escola e evoluir em cima do caminho já desbravado.

O Vai Tudo Abaixo tem (tinha) o seu espaço próprio e é pena que não trabalhe no âmbito da TV generalista. Diria mesmo que devia ser presença habitual nos telejornais portugueses… Aquela entrada de megafone no estúdio do Jornal da 9 do Mário Crespo, tem quase todos os dias cabimento na nossa burocratizada informação televisiva. Trata-se de uma mescla que associa humor desbragado e algum "activismo" no espaço público – e disso, o cinzentismo desta sociedade portuguesa precisa como de pão para a boca. O Liga dos Últimos (como o Telerural) é um caso demencial – e se está no serviço público de televisão é porque em Portugal a indignação face ao obsceno e ao boçal é coisa rara, ainda os costumes demasiado brandos…

Os Gato Fedorento são sobretudo são fortes na sátira e na crítica política. Matéria não falta para isso, e eles têm, de uma maneira geral, pegado bem no tema – de Valentim Loureiro a Santana Lopes, de Marcelo a Sócrates… O "Diz que é uma espécie de magazine" acabou por encontrar aí um dos seus mais fortes filões e daí, em boa parte, o sucesso desta série. Agora, com o Zé Carlos, há que continuar a morder aí. Como disse, a televisão portuguesa precisa de vozes desassombradas e frontais e às vezes parece que só ao humor está concedida a prerrogativa. Que seja. Quando não se pode rir a sério ao menos que se possa rir a brincar…

Do que não há dúvida é de que hoje, este ciclo de humor, não surge por acaso. Tal como a revista à portuguesa surgiu num contexto de repressão política, dizendo e escrevendo nas entrelinhas, hoje, num clima de um evidente desconforto democrático, com a nossa débil experiência democrática e a praticamente inexistente cultura participativa dos cidadãos, com uma agenda mediática na maior parte dos casos refém das pequenas e grandes centrais de propaganda que o sistema instalou e com múltiplas situações de repressão da liberdade de exercício do direito cidadania e de opinião (num Opinião Pública da SIC Notícias uma professora que se está a reformar falava há dias em “bufos” e em “pides” nas escolas), o humor e o humor ácido tem terreno fértil para crescer.

De resto, não há dúvida de que as Produções Fictícias são uma autêntica universidade do humor em Portugal. Não podem é cair numa espécie de entidade reguladora do riso, com uma gestão politicamente correcta da "bloco-centralização" da nação. Deles, todos esperamos que continuem a desfazer este novelo que ameaça a própria experiência democrática.

Infelizmente, há que ter consciência de que, muitas das vezes, a "oposição política" em Portugal passa mais num sketch humorístico dos Gato Fedorento ou por uma charge do Contra Informação (não foi por acaso que tiraram o programa do prime time da RTP1) do que por uma prelecção político-televisiva do líder A, B ou C. Assim vai a política à portuguesa...

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Mais Net, menos TV

Los españoles ya pasan más tiempo en Internet que viendo la televisión (El Pais 13/11): "Los internautas se conectan 12,1 horas semanales frente a las 11,7 horas que dedican los telespectadores frente a un televisior, según la EIAA"

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12.12.08

O "combinado", velho género "jornalístico"

PSD exige esclarecimentos da ministra da Saúde sobre alegada repreensão a jornalista da RTP (Sol online, 12/11): "O PSD exigiu hoje esclarecimentos da ministra da Saúde e admitiu chamá-la ao Parlamento por causa de uma alegada repreensão de Ana Jorge a um jornalista da RTP que tentou questionar a sua colega da Educação.

"Ou a senhora ministra dá uma explicação cabal sobre esta matéria ou o PSD vai chamá-la à 12ª Comissão para saber que tipo de combinações a senhora ministra costuma ter com jornalistas ou teve neste caso», anunciou o deputado social-democrata Luís Campos Ferreira, no Parlamento.

"O Correio da Manhã de hoje noticia que, durante a apresentação do plano de combate à SIDA nas escolas, no Centro Nacional de Cultura, em que estavam presentes as duas ministras, um jornalista da RTP tentou questionar a ministra da Educação sobre os protestos dos professores.

"Segundo o Correio da Manhã, Ana Jorge reagiu à pergunta, dirigindo-se ao jornalista e dizendo-lhe: «O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à SIDA nas escolas? Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem».

"Para o deputado do PSD Luís Campos Ferreira, «das duas, uma: ou isto é uma inabilidade da senhora ministra ou faz parte de uma escola do Governo e do senhor primeiro-ministro, Governo este que quer construir uma boa imagem à custa do direito à informação, da limitação da liberdade de imprensa»."

OS POLÍTICOS E OS MICROFONES (Mário B. Resendes, DN, 20/12): "Inaceitáveis são as palavras atribuídas à ministra da Saúde, não só por revelarem manifesta incompreensão daquele que é o dever de um jornalista, mas também pela implícita "funcionalização" de um profissional da RTP: aparentemente, para Ana Jorge, a estação pública deveria estar ao serviço do poder político. Lamentavelmente, este episódio quase não teve repercussão pública, com a honrosa excepção de um deputado do PSD, Luís Campos Ferreira, que abordou o caso no Parlamento. Da parte do Sindicato dos Jornalistas, que se desse por isso, nem uma palavra de protesto..."

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The mass media and terrorism

David L. Altheide (Arizona State University), "The mass media and terrorism", Discourse & Communication, Vol. 1, No. 3, 287-308 (2007): «The mass media promotes terrorism by stressing fear and an uncertain future. Major changes in US foreign and domestic policy essentially went unreported and unchallenged by the dominant news organizations. Notwithstanding the long relationship in the United States between fear and crime, the role of the mass media in promoting fear has become more pronounced since the United States `discovered' international terrorism on 11 September 2001. Extensive qualitative media analysis shows that political decision-makers quickly adjusted propaganda passages, prepared as part of the Project for the New American Century (PNAC), to emphasize domestic support for the new US role in leading the world. These messages were folded into the previous crime-related discourse of fear, which may be defined as the pervasive communication, symbolic awareness, and expectation that danger and risk are a central feature of everyday life. Politicians marshaled critical symbols and icons joining terrorism with Iraq, the Muslim faith, and a vast number of non-western nations to strategically promote fear and use of audience beliefs and assumptions about danger, risk and fear in order to achieve certain goals, including expanding domestic social control.»

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11.12.08

Saramago (pasme-se) na RTP1!

Dez anos depois do Nobel, a RTP1 trouxe Saramago ao prime time. Quarta, 10 de DEZ, 21h00, o documentário sobre José Saramago, Levantado do Chão, teve 8,9% de audiência média, mais do que o concurso do Malato havia tido dois dias antes (8,8%). Mais uma pequena lição para os programadores do serviço público que têm dificuldades congénitas em aproximar a TV pública da cultura portuguesa.

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"Se for assim, a sociedade não precisa de TV pública"

COMUNICAÇÃO PÚBLICA E CULTURA DEMOCRÁTICA - As emissoras públicas e o entretenimento (Eugênio Bucci, 9/12/2008, Observatório da Imprensa): "(...)Exercendo funções complementares – não opostas –, as emissoras públicas e as emissoras comerciais, cada uma em seu campo, fortalecem a saúde da democracia. Quando elas se igualam, porém, se perseguem as mesmas funções e oferecem conteúdos análogos, ora, se for assim, a sociedade não precisa de TV pública."

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Media Lens

«Media Lens is a response based on our conviction that mainstream newspapers and broadcasters provide a profoundly distorted picture of our world. We are convinced that the increasingly centralised, corporate nature of the media means that it acts as a de facto propaganda system for corporate and other establishment interests. The costs incurred as a result of this propaganda, in terms of human suffering and environmental degradation, are incalculable.

«In seeking to understand the basis and operation of this systematic distortion, we flatly reject all conspiracy theories and point instead to the inevitably corrupting effects of free market forces operating on and through media corporations seeking profit in a society dominated by corporate power. We reject the idea that journalists are generally guilty of self-censorship and conscious lying; we believe that the all-too-human tendency to self-deception accounts for their conviction that they are honest purveyors of uncompromised truth.»

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Manipulação dos Media para a Guerra do Iraque

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O mundo à medida dos Media

Aurora Labio Bernal (Universidad de Sevilla): Poder y Manipulación Informativa. Una aproximación desde el pensamiento crítico: «Un año después de la invasión a Irak, el ejecutivo estadounidense reconoció que no había encontrado armas de destrucción masiva en Irak y que era también improbable encontrar nexos de unión entre Al Quaeda y el régimen de Sadam Hussein. Poco importaba. Los estadounidenses habían asumido el mensaje manipulado: la Guerra de Irak formaba parte ya de la política internacional de su país.»

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Welcome to Media Lab Europe...

Welcome to Media Lab Europe. Media Lab Europe was the European partner of the MIT Media Lab. It was based in Dublin, Ireland and operated from July 2000 to January 2005.

On 14 January 2005, the Board of Directors of Media Lab Europe announced that the company would go into voluntary solvent liquidation. The decision was taken because its principal stakeholders, the Irish Government and the Massachusetts Institute of Technology (MIT), had not reached agreement on a new funding model for the organization. (Full press release)

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O ppt de Medina Carreira

O powerpoint de Medina Carreira, no Negócios da Semana de José Gomes Ferreira (SIC Notícias): o juro da dívida do Estado Português "voa" à velocidade de 2 M Euros/hora... O juro da dívida!...

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Novela em perda

"No voy a permitir que Telefónica vuelva a ser un monopolio"

Kroes: "No voy a permitir que Telefónica vuelva a ser un monopolio" (El Pais, 9/12): «La comisaria de Competencia señala que la operadora deberá abrir su nueva red de Internet a sus rivales. Llegó, amenazó y se marchó. La comisaria europea de Competencia, Neelie Kroes, ha dejado claro este martes en Barcelona que no tolerará que Telefónica vuelva a imponer su dominio en el acceso a Internet gracias a la nueva red de fibra óptica que permitirá velocidades superiores a 30 Mbps (megabit por segundo) y nuevos servicios como las televisión de alta definición o las descargas masivas.

«La nuevas redes, tanto de fijo como de móvil, deberán estar siempre abiertas a todos los competidores. No permitiremos que a costa de las nuevas redes de fibra se vuelva al monopolio de Telefónica en España", señaló Kroes en la apertura de las jornadas del décimo aniversario de la liberalización de las telecomunicaciones que se celebran hoy y mañana en la Ciudad Condal.»

Redes de Nova Geração - Sócrates chamou PT, Zon, Vodafone e Optimus (DE, 2008-12-10): «(...)"Uma reflexão conjunta”, segundo fonte próxima do processo, que não terá produzido efeitos imediatos mas que aguça o apetite sobre a forma como o Governo irá resolver o tema que coloca em lados opostos a PT (da qual o Estado é accionista) e os restantes operadores. A PT quer, e diz que tem capacidade para, fazer a rede sozinha, assim lhe dêem condições regulatórias e legislativas favoráveis. Os restantes operadores recusam a ideia de várias redes, em prol de uma rede única partilhada por todos e sobre a qual todos colocarão serviços se assim o entenderem. Uma forma de rentabilizar o investimento que, de acordo com cálculos apresentados pela Vodafone, ronda os 2,5 mil milhões de euros para chegar a 3,6 milhões de lares.»

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Má imagem do jornalismo (2)

José Pacheco Pereira, O que nunca chega aos jornais (Público, 6/12): «No início desta semana João César das Neves publicou no Diário de Notícias um artigo muito crítico do jornalismo português. Contrariamente à habitual reacção corporativa, o artigo foi abafado num grande silêncio, como se as suas palavras queimassem de mais para serem sequer lembradas. (…)

«Não há semana que não forneça novos exemplos a esta degradação e muito do que acontece nem sequer é conhecido do público, ou porque não interessa aos jornalistas, ou porque eles não estão lá. Esta semana tive ocasião de assistir em directo e, de algum modo, participar num evento que ilustra de forma exemplar como se faz informação em Portugal. Convidado a participar no 2.º Encontro Nacional de Centros Novas Oportunidade, pude assistir ao modo como as coisas funcionam e como chegam (ou não chegam) ao conhecimento público.

«Eu conhecia o programa oficial do encontro, onde participava num dos debates, só que, na verdade, o que aconteceu foi mais uma sessão preparada para que o primeiro-ministro tivesse a sua dose diária de televisão, num evento "positivo", com a vantagem de poder fazer um comício para 1500 pessoas, professores na sua esmagadora maioria, que tinham que lá estar por obrigação profissional. No programa oficial não há qualquer menção à presença do primeiro-ministro, devendo o encontro ser aberto pela ministra da Educação e pelo ministro do Trabalho. Só que se percebia de imediato, pelo aparato na rua, que ia haver um participante não anunciado, José Sócrates. Aliás, a comunicação social também fora prevenida, porque estava lá um batalhão de jornalistas, câmaras, carros de reportagem, etc. Este chegou com quase uma hora de atraso, sem qualquer pedido de desculpas, e tudo esperou por ele.

«Eu, que não gosto de ser "levado", ainda hesitei se continuaria ou não na sala, mas decidi continuar, caminhando para a última fila. As intervenções dos ministros da Educação e do Trabalho foram sóbrias e correspondentes ao espírito de um encontro de trabalho, como era suposto este ser. Só que depois veio o primeiro-ministro e, no meio da agitação dos jornalistas, fez o seu comício diário para a televisão, cheio de "paixões" e "desejos" e "intenções" e sentimentos vários a que, obviamente, só o seu Governo respondeu na história da nação. As Novas Oportunidades somaram-se a muitas outras "mais importantes" iniciativas do Governo. Em cada uma ele diz que é "a mais importante", mas ninguém dá pelo contra-senso.

«Nunca como ali me pareceu mais certeira a classificação que dei de "momentos Chávez" a essas intervenções. Chávez tem um espaço diário oficial na televisão e rádio, numa comunicação social governamental e típica dos generais Tapioca que pululam na América Latina. José Sócrates tem o mesmo, só que feito doutra maneira. Na agenda do seu dia há sempre um pequeno comício que as televisões, a começar pela RTP, cobrem obedientemente e ele, todos os dias, como Chávez, aparece na televisão.

«O caso é único na Europa, onde não se imagina uma prelecção diária de propaganda de Zapatero, Sarkozy, Merkel ou Gordon Brown. Estes aparecem no exercício das suas funções, mas de modo muito diferente de Sócrates. Os nossos jornalistas não se apercebem, ou apercebem-se bem de mais, do seu papel de instrumentos de propaganda, sem qualquer conteúdo informativo, e acham natural o que se passa.»

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5.12.08

Má imagem do jornalismo

"A imagem mediática dos media", João César das Neves (DN, 1/12): «Existe muita gente honesta e bem-intencionada no jornalismo. Mas é evidente (e paradoxal) que a imprensa tem hoje uma má imagem. Também é verdade que existe uma falta de imprensa verdadeira, objectiva, respeitada, idónea. Muitos dos que relatam o jogo participam nas equipas. Quando o jogo se suja, avolumam-se as suspeitas. Isto ainda não afecta o poder da imprensa, mas já degrada a classe.»

Vigília de apoio à jornalista Maria João Barros (RTP)

SJ convoca vigília de apoio à jornalista Maria João Barros (2008/DEZ/05): «O Sindicato dos Jornalistas (SJ) convocou para 10 de Dezembro - data em que se assinala o 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem - uma vigília de apoio à jornalista Maria João Barros, trabalhadora da RTP na delegação de Viseu, a quem desde finais de Agosto não são atribuidas quaisquer tarefas profissionais.

«Segundo o comunicado do SJ divulgado hoje, 5 de Dezembro, a situação que se vive na delegação de Viseu da RTP indicia a tentativa de levar a jornalista a "romper a sua relação de trabalho" com a empresa, e alimenta legítimas suspeitas de que "a jornalista Maria João Barros está a ser alvo de retaliação por parte da empresa pelo facto de ser dirigente sindical".

Segundo o SJ, «(...) a Direcção de Informação da RTP tem destacado sistematicamente equipas da delegação de Coimbra, mantendo a jornalista desocupada, o que representa uma humilhação inaceitável e uma afronta ao seu profissionalismo.

«A incompreensível decisão de manter a jornalista desocupada ganhou contornos mais graves agora, que a RTP passou a destacar para os serviços apenas o repórter de imagem estagiário colocado na mesma delegação. (...)

«A forma como a DI e o próprio Conselho de Administração da Empresa têm tratado este assunto indicia uma intenção de beneficiar o infractor e de afectar a dignidade da jornalista e de lhe criar um ambiente humilhante e desestabilizador que a levem a romper a sua relação de trabalho com a RTP.

«A manter-se a situação descrita, tornam-se também legítimas as suspeitas de que a jornalista Maria João Barros está a ser alvo de retaliação por parte da empresa pelo facto de ser dirigente sindical e nessa condição intervir com persistência e denodo em defesa dos legítimos interesses dos jornalistas da RTP.

«O SJ apela à solidariedade de todos os jornalistas, em particular os seus camaradas ao serviço na RTP e na região de Viseu, para que transmitam o seu apoio à jornalista Maria João Barros e expressem o mais vivo repúdio pela situação inaceitável em que foi colocada e para que se juntem à vigília que a Direcção do SJ promove junto da delegação de Viseu da RTP no próximo dia 10 de Dezembro, a partir das 18 horas. (...)».

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"TV Lula"

Para que serve essa TV? (estadao.com.br, 3/12): «Depois de um ano de funcionamento e ao volumoso custo inicial de R$ 350 milhões - arcado inteiramente com dinheiro do contribuinte -, a TV Brasil atinge menos de 1% da audiência do País e apenas 52 dos 5.564 municípios brasileiros. (...) A razão alegada para que se criasse a logo batizada "TV Lula" seria, justamente, a necessidade de oferecer à população de todo o território nacional programações não atreladas a interesses comerciais de patrocinadores, nisso servindo à sociedade com maior independência e melhor nível do que as outras emissoras de televisão. Desde que foi criada, porém, não se percebeu no que foi levado ao ar pela emissora estatal federal de televisão nada que mostrasse qualidade melhor ou mesmo equivalente aos programas de melhor nível das outras emissoras, de canal aberto ou por assinatura. O que houve, nesse período, foram divergências internas relacionadas ao viés do oficialismo da comunicação - que, segundo a experiência histórica, não costuma dar certo.»

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"Televisão brasileira é reflexo da sociedade"

Televisão brasileira é reflexo da sociedade, diz diretor da Globo (Correio, 5/12): «Segundo o diretor da Rede Globo, o grande desafio para se levar boa cultura aos brasileiros é através da educação. Assim, a televisão pública e privada são ferramentas essenciais dessa mudança.

«Já ex-ministro Reis Velloso, organizador do fórum, disse que o desenvolvimento não pode deixar de contemplar a dimensão cultural em todo seu processo. Segundo Velloso, o desenvolvimento “ou tem as várias dimensões econômica, social, política e cultural, ou não é desenvolvimento”. E a conseqüência disso é que “cultura é desenvolvimento, tanto quanto o crescimento econômico”.»

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4.12.08

Como fazer chegar uma greve nacional de prof's ao Telejornal da RTP1 (act.)

O minuto 44 do Telejornal da RTP1 deu alguns segundos à anunciada greve dos professores para amanhã, dia 3... Diz-se que Mário Nogueira conseguiu chegar aos média apanhando a boleia das visitas dos senhores ministros acompanhados das câmaras das televisões, com natural destaque para as da RTP1, naturalmente. Pois parece chegada de novo a altura de Mário Nogueira voltar a apanhar a mesma boleia, se é que se quer fazer ouvir de novo...

Dia 3 à noite a RTPN, via João Adelino Faria (quem haveria de ser) emendava a mão e levava Ana Benavente ao estúdio. Sim senhor. É para isto que serve o serviço público de televisão. Para o debate frontal de ideias e não para a governamentalização da informação.

E para ajudar a entender que um sistema de avaliação de professores não se faz por decreto. Antes por consenso, devidamente testado através de sistemas de auto-avaliação, em primeiro lugar e, depois, com a implementação de um sistema de avaliação-piloto, findo o que se deverá passar então para o quadro legislativo. Mas a lei agora é outra... Daí que uma personalidade como Ana Benavente tenha dito a João Adelino Faria, em directo, patra todos ouvirmos bem, que neste PS nem se revê, nem votará...

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2.12.08

News as Entertainment

Thussu, Daya Kishan, News as Entertainment: The Rise of Global Infotainment, Sage, 2007: "(...) As television news has been commercialized, the need to make it entertaining has become a crucial priority for broadcasters, as they are forced to borrow and adapt characteristics from entertainment genres and modes of conversation that privilege an informal communicative style, with its emphasis on personalities, style, storytelling skills and spectacles. Its tendency to follow a tabloid approach, its capacity to circulate trivia, blend fact with fiction and even distort the truth istroubling’ (p. 3). The author argues that there is a need to go beyond the debate about ‘dumbing down’, the so called infotainment, because it works as ‘a powerful discourse of diversion, in both senses, taking the attention away from, and displacing from the airwaves, such grim realities of neo-liberal imperialism as witnessed in the US invasion and occupation of Iraq; the intellectual and cultural subjugation by the tyranny of technology; of free-market capitalism and globalization of a profligate and unsustainable consumerist lifestyle"

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A independência do serviço público

La nomination du PDG par le pouvoir menace-t-elle l'indépendance du service public ? (Le Monde, 1/12): «(...) Il (le PR) a décidé que le PDG serait nommé en conseil des ministres après avis du CSA et sous réserve qu'une majorité qualifiée de parlementaires n'y fasse pas obstacle. "Il faut mettre fin à une hypocrisie. Je ne vois pas pourquoi l'actionnaire principal de France Télévisions, en l'occurrence l'Etat, ne nommerait pas son président", a-t-il dit, en faisant référence aux entreprises publiques comme EDF, la SNCF ou la RATP. "Voilà un système démocratique où on comprend qui fait quoi et comment", a précisé M. Sarkozy.

«Cette décision a déclenché une levée de boucliers à gauche, mais aussi dans les rangs de la droite. Jack Ralite, sénateur communiste et membre démissionnaire de la commission Copé, a parlé de "démocrature". Didier Mathus, député (PS) de la Haute-Saône, a dénoncé la "berlusconisation" de la télévision, et Noël Mamère s'est insurgé contre cette "régression démocratique" et "le fait du prince".

«Mêmes reproches chez François Bayrou, président du MoDem, qui souligne que "la télévision publique n'appartient pas à l'Etat, encore moins au pouvoir".

Albanel ne veut pas de télé-réalité sur le service public (Le Monde 30/11): «Dans un entretien au Journal du Dimanche, la ministre de la culture, Christine Albanel, a évoqué plusieurs facettes de la réforme de l'audiovisuel public, estimant par exemple que le modèle britannique de la BBC n'est pas celui qu'elle entend mettre en place. Pour justifier cette vision, Mme Albanel a notamment expliqué que la télé-réalité, très présente sur les chaînes publiques britanniques, sera "interdite dans le nouveau cahier des charges de France-télévisions".»

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Positivo e negativo

No título diz-se que 80% dos pais acreditam que a TV tem efeitos positivos (DN, 1/12), mas também se diz no texto que... "67% dos pais acreditam que a televisão pode ter efeitos negativos"...

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