6.6.09

O Portugal obsceno

Portugal em risco de se tornar "revista cor-de-rosa gigantesca", alerta realizador Pedro Costa (Público online 4/6): «O realizador Pedro Costa considera que Portugal está em risco de se tornar uma "revista cor-de-rosa gigantesca", deparando-se com problemas sociais graves, falta de mobilização cívica e com uma classe "burguesa" que é "obscena na sua ostentação".

«O cineasta lamenta a situação actual do país, considerando que a sociedade, e ao contrário do que acontece noutra capitais europeias, mobiliza-se pouco, sendo pouco interveniente e activa. "Há um problema social qualquer e em qualquer capital europeia mobilizam-se centenas de milhares de pessoas e temos uma reacção cívica. Em Portugal aconteceu o 25 de Abril e nem se sabe bem como", disse.»

Etiquetas: ,

3.6.09

Democracia de "audiência"

"Vivemos uma democracia de audiência", diz Conceição Pequito (Público, 1/6): «"Vivemos uma democracia de audiência, feita de comunicação social, sondagens e líderes, em que há uma espécie de sondocracia, de videocracia e de lidercracia", resume Conceição Pequito, explicando as novas condições em que é exercida a política: "As sondagens funcionam como um escrutínio permanente ao eleitorado e é desse escrutínio que saem as ofertas políticas que os partidos direccionam, como produtos no mercado, para rentabilizar votos. Depois há a questão da videocracia, com o peso da comunicação social, que personaliza, por sua vez, os líderes. Tudo isto se vai afunilando, até que torna a sociedade civil claustrofóbica". (...) "Quando o que interessa é o líder e os dirigentes de topo e o palco é a TV, os partidos servem para quê?"»

Maria da Conceição Pequito, autora da tese de doutoramento "O Povo Semi-Soberano. Partidos Políticos e Recrutamento Parlamentar em Portugal" (2008), publicada pelas Edições Almedina.

Etiquetas: ,

29.5.09

Thoughts from Robert W. McChesney

My Media Studies - Thoughts from Robert W. McChesney, Television & New Media, Volume 10, Number 1, January 2009, Sage Publications:

«In my new book Communication Revolution (New Press, 2007), I argue that our media and communication systems are in a critical juncture, that the policy decisions and institutional structure put in place in the next few years will likely establish a system that will last for decades, if not generations. I base this argument on an assessment of the history of media, technology, and media policy making, especially in the United States but applicable with conditions elsewhere. Historic moments like these are rare, maybe happening two or three times per century, if that.

«Critical junctures occur when at least two of three developments occur: (a) a revolutionary communication technology that upends the existing media regime; (b) a crisis in legitimacy for media content, especially journalism; and (c) an overall crisis in legitimacy for the social order in which all dominant institutions are subject to heightened criticism and subject to unusually strong and sweeping reform efforts. We certainly have the first two with the digital revolution and the disintegration of journalism. Whether we have a broad period of social upheaval is unclear, but in view of the dramatic increase in social inequality, such a period leading to significant social change is long overdue.

(...)

«We need to genuinely understand media markets — not the irrelevant Milton Friedman nonsense about heroic entrepreneurs in competitive markets with perfect information but the real world of corporations, advertising, government subsidies, corruption, financial speculation, and oligopoly. We need to understand the real world of a political system with woeful public participation and an economy that sucks on the teat of militarism and empire while generating a massive increase in inequality over the past three decades as the infrastructure crumbles. We have to have the courage to go where the truth lies even if it antagonizes powerful people and institutions.

«And most important, we have to think boldly and proactively about what a sane, humane, and democratic media system would look like. We have to come up with proposals, debate them, give and take criticism. We need to study and research alternative models. We need to work across national lines and regard this as a global problem. If we do not take up this challenge, new systems will be built without our input, and probably without much informed public input either. It will be a lost opportunity for our field and for our nation. Not a prospect any of us should wish to consider.»

Etiquetas: ,

4.5.09

Pub e Media no centro do furacão

Agências de publicidade apanham com a culpa da crise (DN, 4/5): «Dois terços dos norte-americanos atribuem às agências de publicidade a responsabilidade na crise global, pois incentivam ao consumo de produtos que a maioria não pode comprar. Nos media, especificamente os jornais e revistas.

«66% dos norte-americanos acreditam que as agências de publicidade têm uma quota de responsabilidade na actual crise porque - defendem estes dois terços de inquiridos num estudo recente da auditora Harris Interactive - levam as pessoas a comprar produtos para os quais não têm dinheiro.

«Os media, concretamente os jornais e as revistas, vêm logo a seguir. Perto de três em cinco americanos (59%) dizem que estes meios têm esta responsabilidade, enquanto 59% aponta as culpas aos sites de informação.»

Etiquetas: ,

3.4.09

Institucionalização da corrupção (act.)

Renúncia de Domingos Névoa é «vitória» contra a corrupção (Sol online, 3/4): "O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, disse hoje que a renúncia de Domingos Névoa à presidência da Braval «é uma vitória para quem quer combater a corrupção»

"«É uma vitoria para os que, como o BE, João Cravinho, Manuel Alegre e tantas pessoas de opiniões diferentes, consideraram a nomeação um insulto à democracia e aos portugueses», afirmou, em declarações aos jornalistas, no centro da cidade de Braga."

...

«Provocação e incentivo à corrupção» (TVI24, 2/4): "Manuel Alegre está indignado com a nomeação de Domingos Névoa, condenado por corrupção, para presidente de uma empresa intermunicipal.

"A nomeação de Domingos Névoa é uma «falta de respeito pelos valores do PS», afirmou esta quarta-feira à «TVI» Manuel Alegre, acrescentando ainda em seguida que «é uma provocação e incentivo à corrupção».

"O deputado socialista explicou à «TVI» sentir-se indignado com a atitude dos autarcas - do PS, PSD e CDS-PP - que elegeram Domingos Névoa, já condenado em tribunal por corrupção, como administrador da empresa intermunicipal Braval, de tratamento de resíduos sólidos."

Sá Fernandes escreve a Sócrates, Ferreira Leite e Portas (TVI24, 2/4): «Vereador lisboeta exige repúdio à nomeação de Domingos Névoa para empresa intermunicipal. O vereador da Câmara de Lisboa José Sá Fernandes enviou uma carta aberta aos líderes do PS, PSD e CDS-PP a apelar que repudiem a nomeação de Domingos Névoa para uma empresa intermunicipal de tratamento de resíduos sólidos, refere a Lusa.»

PCP: nomeação de Domingos Névoa é «inaceitável» (TVI24, 2/4): «Jerónimo de Sousa não quer condenado por corrupção à frente de empresa intermunicipal».

Ferreira Leite repudia nomeação de Domingos Névoa (Sol online, 2/4): "A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, criticou hoje o presidente da Câmara Municipal de Braga, o socialista Mesquita Machado, pela eleição de Domingos Névoa para a presidência da empresa intermunicipal Braval.

"No final de uma visita a um centro comunitário na freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra, Manuela Ferreira Leite foi questionada pela comunicação social sobre a eleição do empresário da Bragaparques Domingos Névoa, que em Fevereiro foi condenado por corrupção, para presidente da administração da Braval.

"«Reajo criticando veementemente o presidente da Câmara Municipal de Braga, que é o accionista maioritário da empresa e em relação ao qual os nossos vereadores na câmara já reagiram», declarou a presidente do PSD."

PS critica nomeação de Domingos Névoa (DN online, 4/2): «A direcção nacional do Partido Socialista considera "profundamente criticável" que Domingos Névoa, condenado por corrupção no caso Bragaparques, assuma agora a direcção da Braval, declarou à Lusa o dirigente Augusto Santos Silva.»

Etiquetas: , ,

16.2.09

Os media não falam do que está a acontecer

Uma questão interessante que os jornalistas se deveriam colocar é por exemplo esta: porque é que um telejornal abre preferencialmente com um "bom" acidente de auto-estrada (salvo seja), com mortos e feridos, e não, por exemplo, com uma peça do género "Ártico desaparece dentro de duas décadas". A resposta a esta questão explicará, em parte, a miséria do jornalismo.

Etiquetas: , ,

Corrupção e Ética em Democracia: O Caso de Portugal

Corrupção e Ética em Democracia: O Caso de Portugal [Luís de Sousa e João Triães, (POCI/CPO/60031/2004]. (...) Notas Finais: «Tal como pudemos constatar, os portugueses apoiam-se fortemente nos media para a construção dos seus julgamentos sobre o fenómeno da corrupção. A morosidade e dificuldade da justiça em mostrar resultados e a opacidade dos próprios actos corruptos, acabam por conferir uma importância acrescida ao papel dos media nesta matéria, não só pelos escândalos que pontualmente revelam, mas também pela manutenção do tema na agenda pública. A condenação social abstracta da corrupção, expressa em inquéritos nacionais e internacionais, é também ela em parte consequência da tematização da corrupção na agenda pública e, posteriormente, na agenda política. Todavia, não devemos pensar que os media produzem uma homogeneização total dos julgamentos, dado que a instrução, a idade, a classe social e o próprio contexto profissional influenciam a descodificação dos seus conteúdos e, como tal, podem alargar ou restringir o que os indivíduos entendem por corrupção. O que é certo é que a centralidade conferida aos media deveria ser acompanhada por um aumento na qualidade do seu trabalho nesta matéria, nomeadamente através da aposta de um jornalismo de investigação em detrimento do recurso continuado a cabeçalhos sensacionalistas.»

Etiquetas: ,

Site Meter