9.3.07

"A arte de bem anunciar em política" (sem powerpoint)

Editorial do Público de 09.03.2007, de Paulo Ferreira: "Poucas coisas irritam tanto o núcleo duro do Governo como a referência ao facto de terem uma máquina de propaganda eficaz. A crítica será assim tão injusta? Antes disso: poderá isto ser visto como uma crítica? Se em vez de propaganda, e do seu peso negativo, falarmos antes numa estratégia de comunicação bem pensada, poucos discordarão que este Governo a tem e que a pratica com um profissionalismo e eficácia a que não estamos habituados.

"(...) Na quarta-feira, à falta de melhor, o primeiro-ministro chamou os jornalistas para anunciar ao país... que vai ser feita uma campanha publicitária às Novas Oportunidades. O 'anúncio do anúncio' foi um pretexto para falar de uns milhares de milhões de euros que vão ser investidos na formação e qualificação, em jeito de informação nova. O país que não se iluda, porque não ficou rico sem saber. Estes milhões são os mesmos que já foram anunciados dezenas de vezes de outras tantas formas e feitios, a propósito do Plano Tecnológico, da qualificação ou da educação. (...)

"Num livro sobre comunicação política e empresarial que escreveu há meia dúzia de anos e que tem o sugestivo nome de Schiu... está aqui um jornalista, Luís Paixão Martins, que fez a campanha eleitoral de Sócrates e sabe do que fala, reproduzia um pequeno 'Manual mediático de Tony Blair segundo o The Sunday Times'. Entre as oito regras, estavam estas: 'Perante uma dificuldade, anunciar medida de grande impacto'; 'Nunca anunciar uma medida que não possa ser anunciada mais duas ou três vezes'; 'Exagerar no anúncio das políticas para obter melhor cobertura mediática'; 'Abandonar uma política que seja mal recebida pela opinião pública'; ou 'Explicar os temas mais controversos nos jornais amigos'. Não é descabido pensar que estas regras fazem igualmente parte de um 'Manual mediático de José Sócrates'."

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