7.3.07

"Os 50 anos da RTP e os nossos 224 milhões de euros"

"Os 50 anos da RTP e os nossos 224 milhões de euros" (Editorial de José Manuel Fernandes, Público, 7.3.07, online só para assinantes): "No cinquentenário da RTP, é necessário voltar a uma questão que a gestão mais rigorosa dos últimos anos não fez desaparecer: o "serviço público" vale o que pagamos por ele?"

"É certo que a RTP de 2007 não é a de 1973 e das Conversas em Família, nem a de 1975 e do major Duran Clemente, nem a de 1980 aquando dos funerais de Sá Carneiro, nem, nem, nem... Mas é a RTP, aquele órgão de informação que, como a mulher de César, mais do que actuar com seriedade, tem de parecer que actua com seriedade. O que é normal e decorre de um dever de cidadania: afinal, a manutenção da RTP (e da RDP) custou aos portugueses, no ano passado, mais de 224 milhões de euros entre taxas e transferências do Orçamento do Estado. O que é muito, mas mesmo muito dinheiro.

"(...) a verdade é que, mesmo elogiando a gestão de Almerindo Marques, a questão permanece: o que é que a RTP oferece a mais como "serviço público" que justifique o dinheiro que sai do bolso dos portugueses para a sustentar - dinheiro que, para mais, lhe permite concorrer em condições de grande privilégio com as televisões privadas e todos os demais órgãos de informação fora da tutela do Estado, pois rouba-lhes uma grossa fatia do bolo publicitário (48 milhões de euros em 2006).

"Por isso, hoje, mais do que nunca, cabe perguntar se faz sentido continuar a investir o que se investe numa empresa que concorre em condições de vantagem desleal no mercado e que pouco valor lhe acrescenta. Pelos telejornais? Pelo prof. Marcelo? Pelo dr. Vitorino? Pelo inenarrável O Preço Certo? Pela incompreensível RTPN, cuja existência no cabo só existirá para fazer sombra à anterior, e mais dinâmica, SIC-Notícias? Para um segundo canal que era para ser da "sociedade civil" e agora já não é nem deixa de ser? Ou, como insistem os seus teimosos detractores, como Pacheco Pereira, porque nenhum Governo até hoje quis dispensar o tal aparelho ideológico do Estado?São questões antigas que o tempo só tornará ainda mais prementes, pois, tal como sucede com os jornais, também as televisões generalistas estão a perder audiências, a perder influência e, também por isso, a RTP até pode tornar-se inútil para a tal missão com que nasceu há 50 anos...

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