Aqui começa o jornalismo (act.), ou os silêncios da RTP1
Sobre o tema central do presente/futuro deste país – a Escola – chegou-se de facto ao ponto, verdadeiramente paradoxal, de verificar que são os líderes políticos portugueses que se antecipam aos próprios media para constatar aquilo que é altamente perturbador – a degradação da escola pública, por exemplo, na capital do país. Veja-se o discurso dos responsáveis da CML em 2008:
Manuel Salgado, arquitecto e vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa: “Lisboa é a cidade mais bonita do Mundo, mas tem o pior parque escolar do país” (declarações de Manuel Salgado ao semanário Sol, consultado online em 19 de Julho de 2008: “A recuperação do parque escolar é uma das obras prioritárias para (…) a Câmara de Lisboa e está integrada no grupo de intervenções para as quais a autarquia preparou um pedido de empréstimo do Banco Europeu de Investimento.”
António Costa, Presidente da CML: “Lisboa tem hoje o parque educativo mais degradado do país e é quase ‘criminoso’ que as gestões de direita da CML tenham deixado chegar as coisas a este ponto” (António Costa, Presidente da CML, ao “Unir Lisboa”, jornal do Partido Socialista, de 1 de Agosto de 2008). E ainda: “O estado do parque escolar é catastrófico”. (Citado na peça “Sócrates visita escolas em obras e fica com sensação de que chegou ‘tarde’”, Público, 3 de Setembro de 2008.)
José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal: “Queremos construir escolas do nosso tempo (…) a sensação que temos é que já vamos tarde”. (José Sócrates, citado pelo jornal Público, “Sócrates visita escolas em obras e fica com sensação de que chegou ‘tarde’”, 3 de Setembro de 2008.)
Os media, sobre o tema, “não estavam lá”, nunca estiveram verdadeiramente lá e muito têm a fazer para virem a “estar lá”. A Educação e a Escola são “editorias” de certo modo “estranhas” aos media. Veja-se que este é o tema em regra menos “agendado” pelos media e aquele que menos tempo merece dos alinhamentos dos telejornais, em particular no Serviço Público de Televisão.
Ná...
O Jornal da Tarde da RTP1, hoje, ao longo dos seus 75 minutos de duração, passou imperialmente ao lado deste escândalo de delapidação do erário público, tal como viria a suceder, à noite, com o Telejornal. É nestas alturas que se percebe com mais clarividência porque é que o sistema de governo quer um Serviço Público de Televisão e porque é que o alimenta às centenas de milhões de contos/ano...
Entretanto, ao "esquecimento" deste escândalo, junta-se outro "esquecimento" cirúrgico da informação da TV pública: a segunda grande manifestação dos professores, agendada para sábado, 8 de Novembro em Lisboa, onde se espera de novo cerca de 100 mil professores, cerca de 2/3 da classe, está a ser silenciada nos "jornais de actualidades" na RTP1.
Etiquetas: Censura, Controlo dos Media, Serviço Público
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