Sistema científico deve investigar a 'TV incendiária'
No Público, Eduardo Cintra Torres, falava com toda a razão n’«O Share Incendiário», descrendo de qualquer iniciativa ética nos media: «O share voa mais alto que as labaredas».
Há dias, também no Público (17 de Agosto), o médico Fernando Gomes da Costa escrevia sobre «Os incendiários dos pirómanos» e dizia: «Face ao aparato mediático em tomo dos incêndios, sobretudo nas nossas televisões, cujo conteúdo informativo é em muito superado pelo espectáculo novelesco, hiperdramatizado e mesmo sádico como é tratado, não tenho, quanto mim, dúvidas de que o estímulo e a gratificação psicológica dos efectivos ou até potenciais pirómanos são altamente potenciados até em quem, de outra maneira, não se sentiria compelido a tal.».
Ninguém terá dúvidas sobre a necessidade de ser feito um amplo estudo de análise de conteúdo da informação televisiva sobre este ponto em particular. Mas a dificuldade do tema exige, em acréscimo, um estudo interdisciplinar, onde a semiótica, a psiquiatria, a comunicação, as ciências sociais e criminais, nomeadamente, consolidem algum saber que produza efeitos nas TV’s em 2006.
A FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, que suporta a investigação científica em Portugal, deveria desencadear, extra-concurso, os mecanismos para que essa(s) equipa(s) venham a ser constituídas e iniciem desde já a investigação prioritária nesta matéria.
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