5.1.09

RTP1 sobre a Escola do Cerco: mais do mesmo

A Escola do Cerco voltou à RTP - Jornal da Tarde (4 JAN) nos mesmíssimos moldes em que por lá já havia andado [ver O TELEJORNAL igual à DREN (act.)]. Voltaram a ser ouvidos alunos, pais e o representante dos pais veio mesmo em repetição... E voltou-se a não fazer jornalismo, mas antes grave mistificação.

Da mesma maneira que Daniel Sampaio se referiu ao tema na Pública de domingo passado - Escola: mais do mesmo, também em relação ao tratamento da RTP1 é isso - "mais do mesmo". O que é profundamente lamentável da parte de um serviço público de televisão. Daniel Sampaio seria justamente um dos especialistas que a RTP deveria ouvir com toda a atenção sobre este assunto, que deveria ter merecido um tratamento tecnicamente rigoroso por parte da RTP. Vejam-se então as palavras de Daniel Sampaio:

“Os acontecimentos de uma escola do Porto, em que um aluno apontou um revólver de plástico a uma professora, foram de imediato desvalorizados por dirigentes do ME e classificados de “brincadeira de mau gosto”. Parece que o facto de ser uma arma a brincar tranquilizou a tutela, na linha de outras declarações oficiais em que a indisciplina é sempre vista separada da violência e como tal considerada de menor importância. O risco é evidente: se não valorizarmos o pequeno incidente de indisciplina, se não respondermos de imediato com medidas correctivas de responsabilização, a desordem cresce dia após dia. Sabe-se hoje que a degradação do clima na escola progride por estádios, desde a recusa de regras na turma e pouco trabalho, até actos graves de delinquência (agressão a professores, destruição de material escolar), com etapas intermédias de pequenos delitos, comportamentos provocatórios e desafios à autoridade que denunciam uma violência latente. Ora a pistola de plástico insere-se num estádio intermédio de provocação que prenuncia momentos em que as regras podem passar a ser a dos grupos violentos e intimidatórios, em vez de serem construídas na sala de aula, a partir de um regulamento da escola organizado com a participação de todos.

“(…) Se o comportamento causador de perturbação for cedo diagnosticado, a medida correctora impõe-se com coerência e será apoiada pela maioria dos alunos e seus pais. (…) Se, pelo contrário, tudo for remetido para o burocrático e aborrecido “Estatuto do Aluno” ou para o Ministério Público (não se vislumbra, até agora, qualquer sucesso na prometida e muito propagandeada acção desta estrutura), nada poderá melhorar. (…) Em derradeira análise, o episódio da pistola de plástico é mais um exemplo de como este ME se concentrou no acessório: enquanto se discutem grelhas de avaliação tornadas cada vez menos exigentes pela pressão dos protestos, os professores são deixados sozinhos e sem meios perante a indisciplina crescente. Ficará para a história da educação em Portugal esta oportunidade desperdiçada e este arrastar da degradação até... às próximas eleições.”

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