3.1.09

O Telejornal e o Presidente

José Pacheco Pereira referia-se ontem, no Abrupto, ao tratamento da RTP1 ao discurso de Ano Novo do PR: "Como se torna uma mensagem dura para o Governo numa inócua afirmação de pacificação nacional? Através da magia do sítio habitual: noticiário das 13 horas da RTP".

Não vi o das 13h, mas o Telejornal das 20h trouxe, uma vez mais, o omnipresente ministro da tutela da comunicação social a comentar o que não necessitava de comentário, mais os representantes dos partidos e ainda o dirigente da CAP, apanhando a boleia de Cavaco e criticando o ministro da agricultura. E ponto final. Fica-se com a sensação de que o discurso de Cavaco tem para a RTP1 uma importância não muito diferente de uma conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira, acompanhada do regresso dos seus pupilos ao trabalho, com a diferença da primeira poder ser mesmo muito incómoda para Sua Exª o Governo da Nação. O melhor então será... somar e seguir, a notícia seguinte, p.f...

A questão é que o essencial do discurso do Presidente da República (aliás, tal como já havia acontecido com o anterior, sobre o Estatuto dos Açores) acabou, como habitualmente, por não ter um tratamento minimamente aceitável por parte do principal canal do serviço público - a RTP1, dado que foi censurada a análise por parte de especialistas independentes sobre os temas centrais do discurso, nomeadamente - a questão política da "verdade", a exclusão social, o "crescimento explosivo" da gigantesca dívida de Portugal e a consequente hipoteca do futuro do país e das novas gerações com os megainvestimentos anunciados mas não justificados por uma análise custo/benefício.

Naturalmente, de um ponto de vista jornalístico, é isso que importa tratar de forma exaustiva e continuada, para que os portugueses tenham absoluta e total informação sobre essa dolorosa e muito crítica realidade do país, facto que está a ser continuamente censurado nos telejornais da televisão do Estado, inclusive quando é o PR a levantar o problema...

"Falar verdade" na política, mas fundamentalmente nos media, é hoje, para o futuro deste país, absolutamente vital, se nos quisermos livrar, enquanto é tempo, do "cadaveroso" reino que António Sérgio bem identificou.

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