ERC impõe 'censura' (act.), ou que outras surpresas nos esconderá a ERC?
Noticia o Expresso (de 15/11), na peça "Regulador dos «media» impõe censura interna": "A Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) aprovou um regimento no qual se determina a omissão das declarações de votos dos seus membros na publicitação das deliberações. Esta norma pode estar ferida de ilegalidade e até ser inconstitucional. Em causa está a possibilidade de atentado contra a regra geral de transparência da Administração e os princípios constitucionais do Estado de Direito e da democracia.
«As dúvidas surgiram entre os próprios conselheiros que tomaram a decisão. E para tentar pôr água na fervura, o caso foi entregue a um especialista para elaboração de um parecer. Até lá, porém, a “censura” das declarações de voto passa à prática. “Se se concluir que existe alguma ilegalidade, ela será corrigida”, diz Elísio Oliveira, vice-presidente da ERC. Mas, só mais tarde.
«As divergências no interior da ERC são conhecidas e tornaram-se evidentes, entre outros, no chamado ‘processo Sócrates’ quando os membros do regulador se travaram de razões e mostraram total discordância em sucessivas declarações de votos. Elísio Oliveira nega, porém, que a nova norma vise calar as divergências internas. “Era necessário um regulamento, que não tínhamos. Tal como era necessário agilizar o fluxo interno de informação. Por vezes, perdia-se muito tempo à espera das declarações de voto”.
«Garantindo que a nova regra “foi plasmada do código do procedimento administrativo” e por isso livre de mácula jurídica, assume que “embora não seja publicitada, qualquer declaração de voto pode ser consultada por quem a pedir”. Assim, estaria garantida a divulgação dos actos administrativos - e a transparência - mas travava-se o acesso directo e universal.
«Marcelo Rebelo de Sousa defende que as deliberações públicas - como as da ERC - têm de incluir as declarações de voto. “Não pode ser impedido o acesso, sob pena de se cometer uma ilegalidade”, diz, acrescentando que é “grave que isto se possa passar com o regulador da transparência da Comunicação Social”.
«Idêntica posição têm os dois conselheiros que votaram vencidos. Gonçalves da Silva e Assis Ferreira consideram tratar-se de uma “tentativa de silenciamento de opinião” agravada pelo facto de ser feita por uma entidade cujo objectivo é “assegurar a liberdade de expressão e de confronto das diversas correntes de opinião”.»
Para quem ainda não sabia, passa a saber: É para isto que serve a ERC.
Etiquetas: Censura, Controlo dos Media, ERC, Regulação
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