19.5.08

Yo no creo en fantasmas, pero que los hay, los hay

"Grandes planos na Grande Entrevista", Eduardo Cintra Torres (Público, 17/5): «Revi a entrevista de Ferreira Leite para anotar o tipo de planos em que aparecia a candidata e, para comparar, escolhi as duas entrevistas imediatamente anteriores do mesmo programa, a Rui Rio e a Santana Lopes (...) Os resultados são surpreendentes (…). As entrevistas a Lopes e Rio assemelharam-se. A de Lopes não incluiu nenhum primeiro plano nem nenhum grande plano. A realização optou por usar planos médios, largos ou curtos. Rio só surgiu em dois primeiros planos. Na entrevista a Ferreira Leite não houve planos médios largos. Em vez deles, a realização optou por primeiros planos e grandes planos. Tive dificuldade em distinguir entre os planos só com a cabeça e os planos só com o rosto, dado que eram bastante semelhantes, mas julgo que, mesmo com imprecisões na contagem, fica patente a insistência da realização em mostrar muito e de muito perto a cara da candidata social-democrata. Os primeiros planos e grandes planos de Ferreira Leite somaram quase metade (45%) dos planos em que ela apareceu, um valor brutal, não só quando comparado com a sua inexistência nas outras duas entrevistas, mas também com todos os outros programas de entrevistas nos outros canais.

(...)

«A presença esmagadora dos grandes planos de Ferreira Leite é por isso altamente invulgar numa entrevista a um dirigente político. Trata-se aqui de uma originalidade da RTP1. De facto, o realizador quebrou um contrato social, difuso mas vigente, entre a audiência, o mundo político e a televisão: o contrato que rege a distância entre as pessoas. Ferreira Leite é uma política, não é uma personagem ficcional. Também não é actriz ou performer da sociedade do espectáculo. Em geral, a realização respeita a distância que ocorre no mundo real e reprodu-la no mundo televisivo. (...) Judite Sousa disse ao DN (11.05) que Pacheco Pereira "vê fantasmas onde eles não existem", mas o meu levantamento prova que os "fantasmas" existem. Além disso, prova ser falso o que disse a entrevistadora sobre "não haver diferença alguma entre a realização desta entrevista e outras".»

Sobre o tema veja-se o texto, no Público de 10/5, de José Pacheco Pereira: "A Face"

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