24.2.07

Jornalismo televisivo? A que horas passa?

Se virem bem, os telejornais - a começar pelo da RTP1 - não dizem nada de novo a quem já leu os jornais do dia e já ouviu as notícias da Rádio. É quase tudo 'picanço' - e do pior. Pura burocracia, corta e cola, e puro protocolo que nos vendem como jornalismo. Esse é de facto o retrato triste da informação televisiva.

Hoje, no DN, João Miguel Tavares pega o tema de caras e titula este regabofe apropriadamente com "os parasitas dos jornais":

"Em Portugal, nada faz tão mal à imprensa quanto a televisão. Não se trata de desviar a esmagadora maioria do investimento publicitário ou de afastar a atenção dos leitores do papel. Trata-se de parasitismo, tout court. As televisões vampirizam os jornais, com a sua própria complacência. Vivem do sangue noticioso que corre em veias alheias. Fascinados pelo poder das imagens, os jornalistas deixam-se hipnotizar pela serpente que os estrangula: gostam que as suas notícias cheguem ao pequeno ecrã, vibram quando o título que escreveram na véspera é incluído no alinhamento da SIC Notícias, sentem que essa é uma forma de reconhecimento e valorização do seu trabalho. Nada de mais errado. Com telejornais de mais de uma hora e dois canais por cabo de noticiários ininterruptos (e redacções com meios muito limitados à sua disposição), as televisões vegetam em torno do papel impresso. Setenta e cinco por cento dos telejornais (não estou a exagerar) são cópias das notícias da imprensa escrita da manhã, na maior parte das vezes sem citação da fonte, numa pilhagem inadmissível de propriedade alheia. Cada vez mais, ser jornalista de televisão consiste em ilustrar com imagens as notícias dos outros. Para além de eticamente duvidosa, esta atitude é dramática para os jornais, que vêem muitas das suas melhores histórias serem queimadas pela televisão logo pela manhã. Não há nada de bom nisso. É apenas mais uma punhalada profunda numa imprensa já de si exangue."

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