30.6.06

O Parlamento estará satisfeito com esta RTP1?

Diário Digital/Lusa: "Director RTP: Vigilância da ERC junto dos privados é benéfica". Pelo relato da Lusa, Nuno Santos transbordou 'serviço público' na Assembleia da República. E deve ter sido tão exuberante que parece não terem havido questões difícieis sobre a RTP1... e as perguntas inflectiram para a dita (impropriamente, embora internamente praticada) 'concorrência', SIC e TVI...

Se a audição tivesse sido no Tribunal de Contas, outro galo, porventura, cantaria... Ver, por exemplo:

TC 'regula' a RTP...

TC: 'Continuam a existir falhas em matéria de fiscalização do Serviço Público de Televisão

(nesta matéria, aguarda-se a resposta da RTP à solicitação do TC)

A seu tempo virão os relatórios aprofundados da ERC sobre o desempenho do serviço público de televisão em Portugal, que, esses sim, obrigar-se-ão à máxima extensão, objectividade e transparência.

Os maus exemplos da actual grelha de programas, que apresenta regularmente vários tipos de problemas, não permitem classificar a RTP1 como 'serviço público', nem aceitar que o canal diga que está a cumprir o Contrato de Concessão com o Estado, a saber, nomeadamente:

- a obsessão audimétrica/comercial da RTP1;

- a não subordinação das grelhas a estudos qualitativos estruturados em função da missão e das atribuições e competências enunciadas no Contrato de Concessão;

- a duração dos TJ's e sua utilização em práticas de contraprogramação (Luis Marinho esteve também na AR mas as questões da chicana política substituiram-se às questões pertinentes);

- as práticas miméticas e burocráticas na informação, jornalismo 'sentado', subserviente, etc;

- a falta de aprofundamento sobre as realidades críticas do país, nomeadamente na área da educação, onde não parece haver sequer um editor especializado no TJ, ao contrário do futebol onde parece haver uma equipa completa;

- a submissão editorial à agenda política e protocolar, à agenda do futebol, à actualidade trágica e à catástrofe e a tudo o mais que 'vende';

- o défice de debate democrático no comentário político;

- a fidelização horizontal e vertical do prime time;

- a consequente 'monocultura' assente em concursos;

- o défice de diversidade e de pluralidade de géneros televisivos;

- a inexistência de magazines sobre as artes, o património, a língua e a cultura portuguesa;

- a inexistência regular de programas de divulgação e de formação para a cidadania;

- a inexistência regular de documentários;

- a inexistência de cinema e teatro português;

- a inexistência das outras artes do palco portuguesas, de programas eruditos, etc,

- e os programas infantis e juvenis à semana, cadê eles?

etc, etc, etc...

Revisão da matéria dada: O Serviço Público de Televisão Não Pode Esperar

E ainda: Descubra as diferenças entre o Contrato de Concessão da RTP e a Programação da RTP1

Futuramente: será aceitável e legítimo que um ministro, ou o Parlamento, decidam sobre modelos de programação e grelhas de programas dos canais do serviço público de televisão, institucionalizando o álibi que deu origem às piores práticas da RTP1 durante as últimas décadas? Ver: Santos Silva como Moniz, ou os 'ghettos' da RTP

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