28.3.09

Campanha rosa-negra (act.)

José António Lima, Dito e feito (Sol, 28/3): «Quem vive no pequeno mundo da comunicação social portuguesa pode dizer que não houve, ao longo dos últimos 30 anos de vida democrática, Governo como este de José Sócrates que dispensasse tantas energias a tentar condicionar jornalistas, directores e patrões dos media, que demonstrasse tão grande intolerância e irritação face a notícias incómodas e opiniões críticas. E que fizesse tudo isso de forma tão desabrida. Quer em público, pela voz dos principais responsáveis do Governo e do PS, falando de «campanhas negras» a propósito de investigações jornalísticas e judiciais ou apontando a dedo órgãos de comunicação não alinhados com o poder socialista, como a TVI ou o Público. Quer em privado, através de pressões intimidatórias e do condicionamento de empresas e instituições.

«Um verdadeiro case study. Que não tem paralelo nem com os governos de maioria absoluta de Cavaco Silva, onde algumas tentações maioritárias de controlo de informação não passavam de ensaios de aprendizes quando comparadas com a actual central de controleiros residente em S. Bento. Só o impagável Executivo de Santana Lopes, com os seus Ruis Gomes da Silva e outras excentricidades, se aproximou do furor controleiro deste Governo.»

Pacheco Pereira, Um ambiente pouco sadio para a liberdade (Público, 21/3): «É espantoso que a ERC se preocupe com a TVI e não com a governamentalização da informação "pública". (...) Numa polémica que tive com o presidente da ERC, há uns meses atrás, este explicitamente negou que a entidade que dirigia pudesse actuar de forma 'imediatista', a pedido de qualquer cidadão, e pontualmente, contra a RTP. Pelos vistos, isso não se aplica à TVI.

(...)espero que a ERC não seja o instrumento que dê ao Governo o pretexto legal para atacar a TVI. O anterior Governo, muito mais atabalhoado neste tipo de operações, conseguiu tirar Marcelo, um seu crítico, de um espaço que lhe dava "espaço" e confiná-lo num canto da televisão pública, uma ecologia sempre difícil para um comentário crítico à governação. O actual Governo pretende seguir-lhe os passos e as pressões contra tudo o que é a já frágil linha de independência nos jornais, rádios e televisões, acentuam-se cada vez mais. A crise ajuda, com o Governo a comandar cada vez mais a economia dos grupos de comunicação pelas decisões que toma. E, com este Governo, e com o tandem Sócrates-Santos Silva, o que não vai a bem, vai a mal. E já se percebeu que, pelo menos com a TVI, não vai a bem.»

Manuela Moura Guedes: "Gostava de saber quantas queixas já houve relativas ao Telejornal da RTP, por exemplo..." (Público, 21/3).

José Eduardo Moniz, “Há quem tenha medo de investigar. Nós não!” (CM online, 20/3): «Recuso-me a acreditar que, independentemente do pecado político original que está na origem da formação da Entidade Reguladora, os seus membros alguma vez aceitassem ser cúmplices do amordaçamento da Comunicação Social ou servos do Poder. Se assim fosse a situação não seria grave: seria gravíssima! E reclamaria um combate tremendo sem quartel.»

Santos Silva desafiado a desmentir "factos" (DN, 16/3): «O ministro acusou a TVI e o 'Público' de conduzir a "campanha negra" contra o primeiro-ministro. Manuela Moura Guedes e José Manuel Fernandes lembram que nenhuma notícia sobre José Sócrates foi desmentida pelo Governo».

Arons de Carvalho: A comunicação social e o caso Freeport (Expresso, 14/3, via CJ)«A comunicação social não inventou o caso Freeport, como argumentou Fernando Madrinha na última edição deste jornal, mas deveria assumir as suas (pesadas) responsabilidades pelos graves atropelos às regras legais e deontológicas que generalizadamente cometeu. Em primeiro lugar, com a violação do segredo de justiça. Em segundo lugar, com a grosseira manipulação da informação em torno do caso, que a TVI praticou perante o silêncio (quase) geral.»

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