19.10.08

Afinal andamos todos enganados... ou de como Santos Silva faria bem em ler M. M. Carrilho

Santos Silva elogia papel da ERC - A regulação da Comunicação Social "não tem, hoje, inimigos" diz o ministro que tutela a pasta dos media (Expresso online 17/11)

O ministro acha que a ERC não tem inimigos, mas a ERC acha que o "Grupo de Balsemão tem liderado a contestação à ERC" (DN, 16/10)... E o resto não será propriamente paisagem... Se há alguma coisa que esta ERC está a deixar é saudades da AACS, que pelo menos nos seus últimos anos afirmou claramente alguma independência relativamente ao poder político e ao(s) governo(s). Não convém esquecer que o actual regulador nasceu no perverso alfobre das práticas políticas e governamentais de contra-regulação e de controlo dos media (sobretudo públicos).

Santos Silva faria bem em ler Manuel Maria Carrilho, seu colega de partido. Por exemplo, ler isto:

"Equívocos" (M. M. Carrilho, DN, 11/10/08): "(...) A Entidade Reguladora da Comunicação Social (vulgo ERC) apresenta um balanço dos seus primeiros anos de trabalho que é confrangedor: começou sem objectivos claros, depois enrolou-se em querelas sem critério e hoje vegeta sem autoridade. Não admira, pois, que tenha acabado de contratar uma agência de comunicação para lhe tratar da imagem!... Tudo isto só contribui, infelizmente, para o aumento da impunidade e da desregulação. E para que se multipliquem casos deploráveis, do cada vez mais evidente "agenciamento" de notícias nos media até aos mais descarados atentados à isenção e ao pluralismo da informação. Ou, ainda, para que se perpetuem situações aberrantes, como a de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP. Como já o disse quando a "missa" era noutro canal - e independentemente de haver ou não um Vitorino como compère -, ter-se como comentador residente em horário nobre um antigo líder partidário, reconhecido padrinho da mais deplorável intriga política nacional, sempre à espreita de uma oportunidade política, que ora aparece de cachecol partidário ora de toga independente conforme o jogo das suas ambições pessoais, tudo isto é (para lá de fazer de todos parvos) democraticamente intolerável, cheira à pior América Latina, é simplesmente impensável na Europa.

"O que é preciso compreender é que, em rigor, isto não é uma questão de pluralismo ou de falta dele, mas de verdadeira degradação da democracia, onde não pode haver, a pretexto de serviço público, lugares cativos como se de um qualquer "direito natural" se tratasse. É uma situação aviltante, sem qualquer paralelo no mundo democrático. E é o equívoco mais grotesco."

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