30.4.05

Nome: GLOBO; Idade: 40

Valério Cruz Brittos: «Globo 40, comemoração e frustração»: «Os 40 anos da Globo ficaram muito aquém daquilo que a principal rede de televisão do país poderia ter legado aos seus milhões de telespectadores. De um lado, foi só auto-louvação, sem nenhum espaço para debate, reflexão e crítica sobre o papel deste grupo de comunicação na vida dos brasileiros. Nem uma matéria no Jornal da Globo propondo um mínimo de questionamento ou controvérsia, muito menos um Globo Repórter para discutir a sua influência política, econômica e social. De outro lado, a festa das quatro décadas da Globo foi frustrante: embora tivesse conhecimento acumulado e elenco milionário para produzir um show televisivo sem precedentes, legou um conjunto de momentos mal colados, protagonizados por apresentadores pouco à vontade com o ao vivo (onde o papel principal ficou com o teleprompter) e coadjuvados por uma platéia fria e constrangida».

(…)

«Hoje os problemas enfrentados pela Globo são muitos, ligados a elementos que podem ser resumidos no esgotamento de seu padrão de qualidade, principalmente porque seu diferencial (recursos humanos, tecnologia e capital) tem sido em parte assimilado pelas demais redes, ao mesmo tempo em que o telespectador da televisão aberta demonstra interesses por outros padrões de fazer audiovisual (crescendo a preferência pelos produtos popularizados, já que tendencialmente os segmentos sócio-econômicos mais altos da população vão migrando para a TV por assinatura). Na transformação do mercado televisivo no Brasil, aparecem novos atores e fortalecem-se outros, permitindo o crescimento das demais redes já existentes e desafiando-se a líder, a Globo, que hoje mantém a primeira colocação na área de TV aberta enfrentando muita contestação dos opositores, em vários horários.»

Entretanto, na passagem do 40º aniversário da Globo, Valério Cruz Brittos e César Bolaño editaram o livro
“Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia” (editora Paulus): «O livro que reúne 17 artigos de pesquisadores de televisão é dividido em três partes: Plano Geral, Audiovisual e Outros Mercados. Na primeira parte, a obra faz uma panorâmica nas estruturas econômicas, políticas e regulatórias do sistema brasileiro de televisão, numa perspectiva histórica, chegando até a expansão internacional da emissora. Em Audiovisual, os artigos analisam a atuação da Globo na América Latina e em Portugal. Entram nessa perspectiva de análise os produtos mais bem sucedidos da emissora como as telenovelas e o telejornalismo, um modelo bem acabado do Padrão Globo de Qualidade. Na última parte do livro, os artigos abordam os outros “produtos” que compõem as Organizações como a atuação e investimentos na mídia impressa, o sistema Globo de Rádio, a indústria fonográfica, a TV paga e o cinema.
Site Meter