A muito triste e dolorosa realidade televisiva portuguesa
Manuel Pinto alerta hoje, 19 de Janeiro, no webjornal.blogspot.com, para a newsletter da Marktest e em particular para a notícia « Ficção e informação lideram».
O que o mensageiro traz é aquilo que todos esperavam…, mas que não estão (não estamos), de facto, preparados para ouvir (e ver).
É, no fundo, a muito triste e dolorosa realidade televisiva, que nos diz que «se comparada a "oferta" (minutos emitidos) e a "procura" (minutos visionados), vemos que os programas de desporto obtiveram a melhor relação, estando a sua "procura" 54% acima da "oferta". Numa relação positiva (acima de 100), posicionaram-se também os programas de informação, ficção e divertimento.»
E, por conseguinte, os programas de Arte, Cultura, Conhecimento e Juventude têm a pior relação entre horas emitidas e horas visionadas.
Apesar de todos sabermos que as televisões são avessas, em regra, à Arte, Cultura, Conhecimento e Juventude (et pour cause…), a verdade é que, mesmo assim, esta é uma notícia que fere e faz sangrar. É sem dúvida uma das piores notícias que se pode dar a um país que fez uma ‘revolução dos cravos’, mas que agora se vê encravado por todos os lados e ainda por mais um - o do «Conhecimento» através da Televisão.
Fica a pergunta que, com certeza, todos saberão responder: o que será afinal que a televisão portuguesa está mesmo a ensinar aos portugueses?
...............................
[reproduzem-se de seguida as tabelas da MediaMonitor, sobre a Estrutura da Programação e Audiência; e o cruzamento entre recepção e emissão, com o respectivo texto de análise da Marktest]
Ficção e informação lideram
Marktest.com - 18 Janeiro 2005
Em 2004, a maioria dos programas emitidos nos quatro canais nacionais de televisão foram de ficção e informação, de acordo com os dados da MediaMonitor. Ficção e informação ocuparam a maior parte das grelhas da RTP1, 2:, SIC e TVI durante o ano de 2004. Estes quatro canais emitiram em média mais de nove horas e meia diárias de programas de ficção e informação, num total superior a 14 mil horas. Este número corresponde a 39.9% do total de programas emitidos.
Analisada a audiência obtida, vemos como estes dois tipos de programas registam uma relação muito favorável. De facto, do total da programação vista em 2004, 61.1% foi relativa a ficção e informação.
Tal como se expressa no gráfico seguinte, os programas de ficção ocuparam a maior fatia na emissão destes quatro canais, representando 23.8% da emissão total. A publicidade ocupou 19.1% da grelha destes canais e a informação foi o segundo tipo de programa mais oferecido, com 16.2% da emissão total.
Em termos de "procura" (minutos recepcionados), os números favorecem a ficção, que foi o tipo de programa mais visto em 2004, constituindo 30.8% do total. A informação constituiu o segundo tipo mais visto, representando 23.1% e o divertimento foi o terceiro, com 18.5% do total.
Se comparada a "oferta" (minutos emitidos) e a "procura" (minutos visionados), vemos que os programas de desporto obtiveram a melhor relação, estando a sua "procura" 54% acima da "oferta". Numa relação positiva (acima de 100), posicionaram-se também os programas de informação, ficção e divertimento.
Comparativamente a 2003, os programas de arte e cultura e de informação registaram os maiores decréscimos na oferta destes canais, que lhes dedicaram menos 28.8% e menos 11.8% das suas grelhas, respectivamente. Pelo contrário, os programas de desporto e de divertimento foram os que mais cresceram face ao ano anterior, aumentando 34.7% e 21.1%, respectivamente.
No que diz respeito à audiência por tipo de programas, as maiores variações positivas foram registadas nos programas de desporto e de juventude, cujas audiências aumentaram 48.0% e 15.7%, respectivamente. Os maiores decréscimos em termos de audiência relacionaram-se com os programas de cultura geral/conhecimento e de arte e cultura, cujas audiências baixaram 32.7% e 10.1%, respectivamente.
Esta análise foi realizada com base em dados da MediaMonitor, através do seu software Telereport. Para mais informações sobre este assunto: contacto@marktest.com
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home