21.12.04

televisão-drama ou o anestésico pós-laboral (I)

Sendo certo que o dispositivo da TV generalista, na sua lógica de interacção com as grandes audiências e a sua subserviência aos people-meters, não é compaginável nem com a Ciência nem com a virtude civil, importará pensar quais as modalidades e as acções que poderão contribuir para que a TV generalista seja mais um apelo à Vida e à experiência da Cidadania e menos uma concessão aos anestésicos pós-laborais.

E se aproxime mais da Ciência, da Cultura e do Conhecimento e menos dos desvarios do infotainment, da violência gratuita, do sensacionalismo e do fait-divers.

Naturalmente, em Portugal, desde meados dos anos 90, alguma coisa mudou em termos de Televisão, nomeadamente com a chegada do Cabo.


No contexto dos conteúdos televisivos, pode dizer-se que a recepção de canais como o Discovery, o Odisseia, o História e o Arte (agora infelizmente retirado do pacote básico da TV Cabo) introduziram uma mutação qualitativa muito significativa.

E pode dizer-se também que, em relação à RTP2, estão de algum modo criadas as condições para um reforço da programação científica e cultural, muito embora isso possa vir a acontecer - e nalguns casos está mesmo a acontecer - mais na área do documentário do que em matéria de ficção televisiva.

Mas voltando à televisão generalista e designadamente à questão específica da ficção e dos teledramáticos - também enquanto «janela singular sobre a Vida na Ciência» (a propósito do recente Festival Europeu de Teledrama Científico realizado no Auditório do Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva – no Parque das Nações em Lisboa), importa centrar a atenção sobre as práticas efectivas dos três canais de maior audiência – RTP1, SIC e TVI.

O primeiro, público. Os outros, privados. Um com obrigações de serviço público, os outros não.

(continua)
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