2.6.09

Minar a independência dos media

Manuela Moura Guedes e o Poder (Camilo Lourenço, Jornal de Negócios online, 1/6) : «(...) Numa das suas últimas entrevistas, Manuela deixou no ar uma pergunta: "Se a informação em Portugal não fosse tão subserviente, o primeiro-ministro podia fazer aquele número inacreditável, dirigindo-se ao país para criticar um jornal da forma como fez"?

«Vale a pena pensar na pergunta. Porque são raros os casos em que um chefe de Governo se assanha desta maneira com a Imprensa (há excepções: Berlusconi, que só os italianos levam a sério, Nixon, que acabou às mãos da própria Imprensa). E porque a pergunta faz mesmo sentido. É duvidoso que Sócrates tratasse assim a Imprensa se ela não estivesse tão vulnerável (política e economicamente). No fundo, o que Manuela está a dizer é que devido a essa fragilidade, os jornalistas põem-se a jeito... e o Poder aproveita.

«É inquietante. Porque embora haja casos de resistência a este estado de coisas, a pressão nunca foi tão forte. E é por isso que os ataques a Moura Guedes nos devem preocupar.

«Podemos não gostar do que ela faz (ou de tudo o que faz), mas ela fá-lo por convicção e independência. E o julgamento do seu trabalho deve caber ao público e aos tribunais. Nunca ao Poder. Sob pena de por essa forma se estar a minar a independência dos media.»

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