21.7.06

'RTP cria regras para cobrir fogos'

'RTP cria regras para cobrir fogos' (JN). Se uma das razões é "eliminar uma das consequências editoriais perversas dos incêndios, relativa à monopolização do tempo dos noticiários", já é um passo importante. Mas, pelo menos considerando o texto do JN, nenhuma referência é feita, por exemplo, aos dados científicos comprovados dos efeitos psicológicos miméticos nos potenciais incendiários.

Daí que a reflexão a fazer, para além de introduzir como primeira questão

i) o evitar de qualquer prática de tipo sensacionalista, tablóide ou espectacular sobre um incêndio florestal;

deva ainda considerar, nomeadamente,

ii) colocar como princípios nesta matéria extremamente delicada o da contenção e do rigor absolutos;

iii) princípios que só podem ser garantidos através de uma formação técnico-científica de jornalistas, editores e directores de informação que deveriam aprofundar a matéria, apoiados numa formação específica promovida pelos operadores de TV, que envolva nomeadamente professores especializados em Teoria da Notícia, Sociologia da Televisão, psicólogos e psicanalistas com estudos desenvolvidos nesta área particular, investigadores criminais, etc. (será que a RTP, Serviço Público de Televisão, fez, como lhe compete, esse trabalho?)

iv) antes desse trabalho estar feito e de conduzir então a um conjunto de de 'boas práticas', os directores de informação deveriam abster-se de dizer barbaridades, como vem a acontecer desde há anos.

Ver também O fogo é a linguagem.

Recorde-se um assertivo Pedro d'Anunciação sobre o tema: "...no dia em que os telediários portugueses tiverem a duração normal de meia hora, também os nossos editores de televisão passarão a imbuir-se de critérios jornalísticos para a selecção de notícias".
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