21.7.06

'Apressar a derrota'

Fernanda Câncio, no DN (Para que serve um jornal): "A TV dá notícias pela rama, elegendo o sensacionalismo em detrimento da profundidade e da reflexão e apostando tudo na força das imagens? Eis os jornais a diminuir o tamanho dos textos, a segmentá-los em pedacinhos mais deglutíveis, a carregar-se de fotos e infografias como se esse mimetismo não fizesse mais que assumir e apressar a derrota. As pessoas estão cada vez mais ignorantes e lêem cada vez menos? Dêmos-lhes cada vez menos que pensar e menos que ler. Tratemos de liquefazer o produto, como naquelas garrafinhas que a publicidade garante conterem "a quantidade de legumes diária recomendada pelos médicos" e dar-lhe outros sabores, a morango e kiwi. Dulcifiquemos e minimizemos o jornalismo até servir o mundo assim, na dose diária recomendada, sem peles nem caroço, reduzido a slogans. Exactamente como ele não é. Exactamente o tipo de mundo no qual os jornais não fazem falta. Porque a função do jornalismo é ordenar a desordem do mundo para melhor a dar a ver."

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Fernanda Câncio diz também que Há, claro, vários tipos de jornalismo. É o jornalismo de jornal, cuja crise se decreta há décadas, que aqui importa. As pessoas, dizem os estudos de mercado - e as vendas -, cada vez compram menos jornais. É a TV, é a imprensa grátis, é a crise, é a internet, é a iliteracia, é a falta de tempo, é a falta de interesse por outros mundos que não o de cada um, a recusa da complexidade..
Parece-me estranho que, hoje em dia, se pense a internet numa amálgama de aspectos negativos que atiram os jornais para o fundo do poço. Se calhar nunca lhe ocorreu que caminhamos para uma era de multiple media, em que o melhor de todos os mundos converge.
Embora se possa perceber a tentativa acérrima de defender os jornais, é uma atitude demasiado fatalista que em nada abona a seu favor.

10:43 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

... fatalista e conservadora ... já saudosista antes da saudade ! Inevitavelmente a caminho do habitual "no meu tempo". Talvez acreditar que se "os bons" também se dedicarem a outros meios, nem tudo será mau.

1:27 da manhã  

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