12.8.05

O jornal televisivo, o editor, o incendiário e o psiquiatra deles

Sobre os ‘fogos televisivos’, a TSF foi um pouco mais longe no noticiário das 8h e passou palavras sábias do psiquiatra Manuel Guerreiro sobre o efeito das imagens de fogos devastadores em potenciais incendiários. A conclusão só podia ser uma: a grande violência dessas imagens, a constante repetição com que passam, o ‘espectáculo’ que os telejornais encenam à sua volta, produz efeitos miméticos em indivíduos perturbados, desestruturados, dir-se-ia mesmo até em simples desempregados. Tal como, por exemplo, a violência dos filmes e das notícias produzem efeitos nocivos e miméticos em crianças de famílias críticas e em jovens com problemas de inserção social, com propensão para o pequeno delito.
Na mesma reportagem, Louçã recordava a idosa na zona da Serra da Estrela que deitou fogo à floresta para o ‘circo’ da TV ir à sua aldeia e para que esta viesse depois no Telejornal...
De uma maneira geral, as imagens violentas devem ser alvo de tratamento editorial sensível, e em geral devem ser retiradas do pequeno écran – seja o assassínio de um homem, seja o assassínio de uma floresta.
Em Portugal, grande parte do mal está feito. O que as televisões fabricaram nos últimos anos nesta matéria, é absolutamente lamentável.
Tudo o que se possa fazer para travar os ‘fogos televisivos’ ajuda a travar a demência. E a primeira medida, antes de qualquer auto-regulação, é certamente um curso de formação, na área psiquiátrica, justamente, para directores e editores de informação televisiva começarem a perceber a dimensão e os potenciais impactos daquilo que todos os dias estão a meter no ar, julgando estar a prestar o melhor serviço ao país.
Site Meter