Do pântano mediático
Ler João Lopes O pântano jornalístico, no DN e Mário Mesquita (A Cereja da Paridade), no Público. Ambos apontam para questões em boa parte produzidas no sistema mediático centrado na televisão. Se o primeiro alude à "retórica televisiva que reduz o mundo inteiro a uma interminável telenovela", o segundo escreve que "de forma cómica ou soturna, os registos da vida pública e do espectáculo teatral e televisivo entrelaçam-se e confundem-se" e levanta a questão de saber "se a política como substância se dissolve, por completo, na política como encenação"...A televisão, como máquina estratégica desta dissolução, ocupa o âmago do pântano. Como retirar, por exemplo, ao Serviço Público o lodo da concursivite e ocupar o espaço privilegiado (19h-20h, 20h-21h e 21h-22h) com desassombramentos televisivos que convoquem os cidadãos para 'secar' o pântano e não para se afundarem nele?
1 Comments:
Se pensarmos bem na questão que Mário Mesquita coloca sobre "se a política como substância se dissolve, por completo, na política como encenação"...podemos dizer que, de facto, há uma ascendência de factores extra-politicos no processo de comunicação dos media que parecem evidenciar uma rendição da politica, e mesmo do jornalismo politico, às lógicas da sociedade de espectáculo. Há mesmo uma transmutação da linguagem politica: simplificação da linguagem, condensação, personalização, descontextualização, visualidade e esterotipização. Ou seja, os media parecem condicionar a constituição dos discursos e a produção de sentido.
Uma das questões que se coloca pertinente é: se queremos mudar a comunicação politica dos media, talvez tenhamos de mudar a estrutura onde ela é produzida - os próprios media.
Enviar um comentário
<< Home