Soares volta a atacar TV's
Pela segunda vez (ontem em Setúbal), vi imagens na SIC Notícias e da RTP1 que mostravam um Mário Soares fora de si, muito agressivo para com os media, dizendo agora falar em defesa de todos os candidatos de esquerda. Tenho para mim, sobre quase trinta anos de observação e investigação sobre a TV, que os telejornais não são hoje muito diferentes do que foram no passado, mesmo dum passado em que Soares (ele próprio o reconheceu) os instrumentalizou. A actual agressividade de Soares para com os telejornais, em particular, até se compreende, embora por razões que não exactamente as suas. Soares afirmou, quase colérico, que "de uma maneira geral (os media) não têm sido imparciais - não estou a queixar-me por mim, mas por todos os candidatos de esquerda que têm sido prejudicados".
O facto é que o regime, os líderes políticos e os governantes do pós-25 de Abril não se podem eximir, por um lado, da instrumentalização regular dos media feita ao longo das últimas décadas, e, por outro lado, da falta de monitorização técnico-científica sobretudo dos conteúdos das TV's face à Lei e às atribuições e competèncias em particular do serviço público. A verdade é que a actual campanha que temos nas TV's, a discriminação anti-democrática subscrita por candidatos e operadores, o tom de 'reality-tv' de muitas das peças editadas, o fait-divers, o infotainment predominante e a discriminação negativa do acontecimento, mergulham as suas raízes precisamente nas prácticas políticas do passado e na ineficácia dos reguladores sectoriais que fomos tendo. Soares, nesta matéria, tem certamente responsabilidades que agora, porventura, se voltam contra ele próprio.
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