Bocage, a RTP e a questão do 'Serviço Público'
Comparando com as audiências das séries da TVI, este parece um valor menor. Mas se compararmos com as melhores 'audiências' de sempre do cinema português, em sala, 440 mil telespectadores é quase o dobro dos mais altos valores de sempre...
De facto, há uma certa 'paranóia' quando se fala neste país de audiências e de serviço público de televisão. Em vez de se exigir qualidade e rigor à RTP pede-se, de certa maneira, o seu contrário: mais e mais público. Se há uma margem nessa relação que é possível conquistar, a verdade é que o serviço público existe acima disso, para ser uma referência para a Cidadania. E quanto mais se afirmar consistentemente e coerentemente nessa matéria, mais e mais público ganhará. O problema é que a RTP tem 50 anos de história de inconsistência e de incoerências graves em matéria de serviço público de televisão, e não pode querer que o Milhão de telespectadores que tem com O Preço Certo em Euros (um programa que não tem nada de 'Serviço Público', bem pelo contrário) passe depois para a série histórica da noite, ainda por cima com Bocage a começar às 22h59! (horário anunciado pela RTP: 22h15, já de si muito tardio).
Trocando por miúdos: ou a RTP começa dedicada e humildemente a formar Cidadãos neste país, com um Serviço Público de qualidade, reconhecido por um Regulador forte e exigente e por uma opinião pública competente nesta matéria - e identificar-se-á com o que todos ambicionamos para o futuro deste país -, ou prefere manter, diariamente, num slot fundamental para a afirmação da estratégia de qualidade e de diversidade da programação (a que, aliás, o Contrato de Concessão obriga), uma grelha 'comercial' que começa no Preço Certo em Euros, prossegue com um Telejornal-'mealheiro' de 1 hora de duração e continua com um suporífero 'Cofre', todas elas razões que 'tilintam', mas que não cumprem a lei e a concessão de serviço público de televisão.
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